Universidades corporativas priorizam engenheiros
Grandes Companhias nacionais, como Embraer, Petrobras e Vale, investem em formação complementar para acelerar processos produtivos.
Grandes Companhias nacionais, como Embraer, Petrobras e Vale, investem em formação complementar para acelerar processos produtivos
Por: Altair Santos
Embraer, Petrobras e Vale são algumas das grandes Companhias nacionais que decidiram resolver o problema da formação inconsistente de engenheiros, investindo em universidades corporativas. O objetivo é fazer com que os profissionais contratados, e que vêm de formações heterogêneas, entendam o espírito da engenharia que é praticada nas empresas. Segundo o headhunter Leandro Muniz, da consultoria Michael Page, o que as corporações têm feito é salutar tanto para elas quanto para os profissionais. “Com as universidades corporativas, elas conseguem uma formação bastante específica no seu nicho de mercado, sanando suas necessidades específicas. Trata-se de um modelo interessante, pois os profissionais ficam prontos mais rapidamente”, avalia.
Ainda segundo o especialista, o ideal no Brasil é que fosse perseguido um sistema similar ao que se pratica no Canadá. “Lá os cursos de engenheira, independentemente da especialização, são divididos em trimestres. A partir do quarto trimestre, o aluno, obrigatoriamente, passa a intercalar um período de estágio e um período de disciplinas na universidade. A própria universidade mantém convênios com grandes empresas e oferece as vagas de estágio. São todas remuneradas, justamente para que os alunos (mesmo aqueles que possuem renda baixa) tenham a possibilidade de cumprir os estágios. Com isso, o aluno sai da faculdade com uma visão ampla do mercado e um bom direcionamento do que quer fazer no futuro”, explica.
Por enquanto, no Brasil, o exemplo melhor acabado deste tipo de parceria universidade-empresa é o que existe entre ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e Embraer, onde a universidade forma engenheiros para a empresa. Na USP (Universidade de São Paulo) recentemente passou-se também a valorizar este modelo. “Temos feito muito investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) inovação e empreendedorismo, justamente para atender a demanda das empresas que nos procuram”, diz José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Escola Politécnica da USP.
Especificamente sobre a engenharia civil, tem-se investido na formação humanista dos profissionais. “O relacionamento com vários stakeholders está ficando cada vez mais complexo na construção civil. Então, o engenheiro precisa interpretar demandas que vão desde os sentimentos dos clientes até questões de sustentabilidade ambiental”, completa Leandro Muniz.
Piqueira lembra, no entanto, que as escolas de engenharia não podem também perder o foco, que são as ciências exatas, somente em função das novas demandas do mercado. “A base do direito é a linguagem; da medicina, a biologia, e da engenharia, é a matemática. Ninguém concebe um advogado que se expressa mal no idioma pátrio e isso equivale ao engenheiro que não sabe matemática e física. Então, as universidades corporativas são importantes para isso. São elas que vão fazer a abordagem transdisciplinar, complementando a formação do engenheiro“, afirma. “É importante saber que não é a universidade corporativa que vai formar o engenheiro. Essa realização ele vai obter na universidade. A universidade corporativa apenas irá lapidá-lo para as necessidades da empresa”, complementa o headhunter Leandro Muniz.
Entre as universidades corporativas do país, a da Embraer já formou 1.200 engenheiros de 2001 até 2012. O curso conta hoje com uma demanda de 50 candidatos por vaga e é feito em parceria com o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). São três fases: 1) Fundamental, de cinco meses; 2) Especialização, de quatro meses, e 3) Projeto. A mesma metodologia é aplicada na Universidade Petrobras. Na estatal de petróleo há cursos com duração de 3 a 13 meses e, além das engenharias, engloba outras 16 profissões de nível superior. Em qualquer uma das empresas, a universidade corporativa é acessível apenas para os funcionários.
Outros modelos
Além das universidades corporativas, outros modelos de relação empresas-escola prevalecem no país. Um deles é o convênio, do qual a Cia. de Cimento Itambé é adepta. Por meio de acordos com universidades, a empresa participa ativamente do aprimoramento da construção civil. A meta é apoiar a formação de novos engenheiros. Desde 2007, a Companhia possui um convênio com o Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR). São realizadas palestras, aulas de laboratório, visitas à fábrica, à mineração e às centrais de concreto. Em 2010, a Itambé fechou um convênio nos mesmos moldes com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em 2012, as atividades promovidas pela parceria beneficiaram 198 alunos das duas instituições. A empresa também apoia programas de Mestrado e Iniciação Científica.
Entrevistados
Leandro Muniz, headhunter e integrante da equipe de consultoria da Michael Page
José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Escola Politécnica da USP
Currículos
– Leandro Muniz é graduado em engenharia civil, com MBA em finanças pela Ibmec Business School
– Trabalhou como consultor financeiro e coordenador de projetos na Votorantim Industrial e Votorantim Cimentos por quase 10 anos
– Atua na Michael Page, como headhunter, desde 2010
– José Roberto Castilho Piqueira é graduado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP) em 1974
– Obteve os títulos de mestre em engenharia elétrica também pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP) em 1983. Em 1987, obteve o título de Doutor em Engenharia Elétrica pela Poli e, em 1995, o de livre docente em controle e automação, também pela Poli
– No setor industrial, trabalhou em vários projetos ligados à comunicação de
dados para várias empresas e órgãos governamentais, assessorando também
entidades de fomento à pesquisa. No âmbito da USP, Piqueira participa da
Comissão Permanente de Avaliação e já foi membro do Conselho Universitário
e da Comissão Especial de Regimes de Trabalho
– É presidente da Sociedade Brasileira de Automática e, atualmente, concilia as atividades da vice-diretoria da Poli USP com as de professor titular e coordenador do Laboratório de Sincronismo, iniciado por ele em 2002
– Participa ainda do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Complexos (CNPq)
Contatos: www.michaelpage.com.br / engineering@michaelpage.com.br
jose.piqueira@poli.usp.br / diretoria@poli.usp.br
jlvi_leandromuniz@yahoo.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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