Túnel de vento agrega segurança e inovação às obras
Brasil tem três equipamentos. O da UFRGS é o que mais atende a construção civil e já ajudou a viabilizar mais de 300 projetos.
Brasil tem três equipamentos. O da UFRGS é o que mais atende a construção civil e já ajudou a viabilizar mais de 300 projetos
Por: Altair Santos
Desde a NBR 6123:1988 – Forças devidas ao vento em edificações -, os túneis de vento passaram a ser equipamentos imprescindíveis à construção civil. É através deles que se agregam segurança e inovação às obras. No Brasil, a utilização desta tecnologia é recente. Até porque, há poucos túneis no país. São três, mas o mais requisitado para testes em projetos arquitetônicos é o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os que existem no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) priorizam as indústrias de aviação e automobilística.
Na UFRGS, o túnel de vento foi construído pela iniciativa do engenheiro civil Joaquim Blessmann, em 1972. Localizado dentro do Laboratório de Aerodinâmica das Construções (LAC) o equipamento é hoje o mais completo da América Latina. Seu uso tornou-se intenso a partir de 1996, quando o Brasil passou a otimizar as construções e torná-las mais seguras e resistentes à pressão dos ventos. ” O túnel de vento é a ferramenta mais eficaz para detectar e controlar o efeito de fenômenos aerodinâmicos em obras civis”, explica o professor da UFRGS, Acir Mércio Loredo-Souza, que dirige o LAC.
A ferramenta da UFRGS já atendeu mais de 300 projetos da construção civil. O procedimento começa com o envio das plantas em Autocad ao laboratório. A partir daí, os engenheiros do LAC projetam uma maquete para submetê-la ao ensaio. “Além da edificação, reproduzimos todo o contexto no qual ela será inserida, como as construções do entorno e tudo o que possa interferir na pressão do vento”, explica Acir. Segundo ele, os testes em túneis de vento representam 1% do valor da obra. “É um investimento, pois o estudo mostra o desempenho da edificação”, completa.
Ao atingir um edifício, o vento imprime dois tipos de esforços: a pressão frontal (barlavento) e a sucção (sotavento). Por isso, quando há um teste em túnel de vento, leva-se em consideração o local que a edificação será construída (situação geográfica), o tipo do terreno e a presença de obstáculos no entorno, além de geometria e altura da edificação. “No caso de obras civis, são realizadas todas as medições de pressões, forças, deslocamentos e acelerações causadas pelo vento”, conta o diretor do Laboratório de Aerodinâmica das Construções da UFRGS.
Atualmente, é exigido que prédios superaltos tenham seus projetos submetidos a túneis de vento. Uma das primeiras aplicações do equipamento em edificações se deu quando foram construídas as torres gêmeas do World Trade Center, construídas em 1973 e destruídas por um atentado em 2001. O estudo realizado no WTC balizou todas as outras análises feitas em túneis de vento para a construção civil. Isso envolve não apenas arranha-céus, mas pontes e viadutos. No Brasil, além de obedecer a NBR 6123:1988, as edificações precisam se submeter a requisitos da Associação Brasileira de Engenharia do Vento e da Associação Internacional de Engenharia do Vento.
Veja efeito do vento de acordo com a altura dos edifícios:
Entrevistado
Professor Acir Mércio Loredo-Souza, diretor do Laboratório de Aerodinâmica das Construções da UFRGS
Currículo
– Graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 1988
– Tem mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992) e doutorado em engineering science
– Ph.D. pela University of Western Ontario, do Canadá (1996)
– Atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em engenharia do vento, atuando principalmente nos estudos relativos à ação e efeitos do vento sobre edificações, pessoas e o meio ambiente
– É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – Nível 1D
Contato: 00009661@ufrgs.br / http://www.ufrgs.br/lac/
Créditos foto: Divulgação / UFRGS
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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