Transposição em SP supera a do São Francisco em tecnologia
Sistema Jaguari-Atibainha beneficia população de 20 milhões e deve ser concluído em 2020. Túnel linear de 6,4 quilômetros dá celeridade à obra
Sistema Jaguari-Atibainha beneficia população de 20 milhões e deve ser concluído em 2020. Túnel linear de 6,4 quilômetros dá celeridade à obra
A crise hídrica que afetou o estado de São Paulo entre 2014 e 2016 desencadeou a maior obra de transposição de bacias hidrográficas do Brasil, superando em tecnologia e em população atendida a do rio São Francisco. A megaconstrução vai permitir que a água da represa do Jaguari, que faz a captação do rio Paraíba do Sul, seja lançada para a represa Atibainha, que integra o sistema Cantareira e abastece boa parte da cidade de São Paulo-SP e de sua região metropolitana.
O desafio à engenharia foi construir um percurso praticamente em linha reta, usando 6,4 quilômetros de túneis a 50 metros de profundidade, e mais 13,2 quilômetros em adutora. O projeto vai atingir 90% da execução em 2018 e a previsão é de que entre em operação em 2020. Mais de 20 milhões de pessoas serão beneficiadas. A obra é contratada da Sabesp (companhia de saneamento básico do estado de São Paulo) e o canteiro de obras conta atualmente com 300 trabalhadores atuando em três turnos – boa parte na escavação do túnel.
Diferentemente da tecnologia empregada em obras de metrô, onde é usado o shield, conhecido como “tatuzão”, as escavações na transposição Jaguari-Atibainha utilizam o método austríaco de tunelamento (NATM, na sigla em inglês), que emprega sistemas de suporte com concreto projetado. Com a tecnologia, o volume de solo escavado é somente o necessário para aplicação do revestimento.
Seu complemento se dá através de tirantes e cambotas. Além disso, o maciço que circunda o túnel, que inicialmente atua como elemento de carga, passa a se constituir em elemento de escoramento. Esse processo de escavação do túnel conta com mais de 160 profissionais, entre engenheiros civis, geólogos, encarregados de frentes de trabalho, motoristas, eletricistas, técnicos de meio ambiente, de qualidade e de segurança.
Além dos túneis, há ainda o assentamento de 13,2 quilômetros de adutoras, a construção de uma estação elevatória de água bruta (responsável por captar a água na represa e bombeá-la em direção ao tratamento) e uma subestação de energia elétrica. “Este é mais um grande exemplo da excelência da Sabesp naquilo que faz, vencendo obstáculos aparentemente intransponíveis com muita tecnologia e inovação”, ressalta o presidente da companhia, Jerson Kelman.
RJ e MG beneficiados
Quando estiver concluída, a interligação permitirá a transferência de água a uma vazão máxima de 8.500 litros por segundo da represa Jaguari para a Atibainha, e de 12.200 litros por segundo no sentido contrário. Na prática, significa que fenômenos como escassez ou excesso de água serão administrados com mais precisão e antecedência, garantindo assim o abastecimento de toda a população atendida pelos dois sistemas.
O empreendimento beneficiará também o Rio de Janeiro e Minas Gerais, já que os estados vizinhos a São Paulo também se utilizam das águas do rio Paraíba do Sul para se abastecer. A princípio, houve relutância de fluminenses e mineiros, mas um acordo selado no Supremo Tribunal Federal autorizou a transposição.
Trata-se da primeira obra de saneamento no Brasil sob o Regime Diferenciado de Contratação (RDC). O investimento de R$ 555 milhões é financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). As obras são executadas pelo consórcio BPC, constituído pelas empresas Serveng/Civilsan, Engeform e PB Construções. O volume de concreto empregado está estimado em 35 mil m3.
Veja vídeo sobre a transposição Jaguari-Atibainha
Entrevistado
Sabesp (via assessoria de imprensa)
Contato: comunicacao_sabesp@sabesp.com.br
Crédito Foto: Youtube/Sabesp
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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