Transporte de pré-moldados de concreto exige logística complexa
É importante sempre observar as normas técnicas ou legislações vigentes nessa área
Quando se fala em realizar uma obra, muitos fatores devem ser analisados, e uma das preocupações deve ser com o transporte de grandes elementos e peças estruturais, como o pré-moldado de concreto. Comumente utilizados em obras de grande porte como estratégia para adicionar racionalidade, industrializar o processo construtivo e abreviar o tempo de execução das obras (por causa da dimensão das suas peças) a logística por trás dessa solução construtiva é complexa, tanto no trajeto entre a fábrica e o local da obra, quanto dentro do canteiro.
O problema torna-se ainda mais crítico em grandes centros urbanos, principalmente em obras realizadas em terrenos pequenos e em ruas muito movimentadas, ou perto de fios de alta tensão. “Uma etapa fundamental quando se trata da aplicação do pré-fabricado de concreto em uma obra é o planejamento de montagem, que visa atender diversos requisitos como a segurança, cronograma, custos e integridade da estrutura. O transporte dos elementos é realizado de forma a cumprir todos os parâmetros determinados no planejamento de montagem, a fim de que as estruturas sejam transportadas conforme serão montadas no canteiro”, explica Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic).
Segundo ela, o primeiro passo é fazer uma visita técnica para, no caso do transporte, verificar eventuais zonas de restrição ao trânsito de veículos pesados, legislações existentes, como horários de silêncio, limitações naturais ou instalações fixas, condições de acesso e possíveis caminhos da fábrica até o canteiro.
Na fábrica, as peças pré-fabricadas são agrupadas de maneira a otimizar o carregamento com melhor ocupação das carretas, observando a segurança do condutor e da carga. Esse agrupamento leva em conta questões de estabilidade da carga, correta amarração e fixação do carregamento, a fim de evitar movimentação da carga no deslocamento. “É importante sempre observar as normas técnicas ou legislações vigentes nessa área. As cargas máximas por eixo obedecem a lei da balança do CONTRAN, variando conforme o tipo de veículo, quantidade e distância entre os eixos e quantidade, além dos tipos de pneus por eixos. No caso de a carga ser amarrada com cintas, há a norma ABNT NBR 15883-1:2015”, afirma Íria.
As peças pré-fabricadas de concreto são transportadas por carreta comum, extensiva ou especial, de acordo com as características dos elementos que foram produzidos. “É importante identificar as peças que irão compor cada carga, com nome, tipologia, dimensões e peso. Deve-se sempre verificar o posicionamento e a fixação da carga para prevenir acidentes durante o transporte”, conta Íria.
No Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto da Abcic há algumas recomendações tanto para o responsável pelo carregamento como para os motoristas, incluindo a verificação de cabos de aço, correntes ou cintas, se são suficientes, estejam em boas condições e que as resistências deles sejam conhecidas; a verificação de que a quantidade de amarras e fixações é suficiente; a verificação da carga sempre que houver uma manobra ou freada bruscas; o conhecimento de que a carga pode se deslocar durante a viagem e as amarras podem ficar bambas e necessitarem de reaperto, sendo que o reaperto é obrigatório a cada 50 quilômetros ou a cada hora de viagem, entre outros.
“Para diminuir a possibilidade de deslocamento da carga é muito importante contar com o efeito favorável do atrito nos pontos de apoio. Desta maneira os apoios devem ser escolhidos de modo a proteger as peças e melhorar o atrito de contato, bem como não podem gerar manchas nas peças. Em casos de painéis mais altos e que excedam o gabarito vertical permitido para passagem sob pontes, passarelas e viadutos podem ser utilizadas carretas especiais rebaixadas, além de suportes especialmente projetados para garantia de estabilidade e segurança da carga”, finaliza a presidente da Abcic.
A escolha do sistema de transporte das peças pré-fabricadas deve tomar como base as quantidades transportadas e as características dos equipamentos disponíveis quanto à capacidade, velocidade, confiabilidade e custo. Cumprir todas as regras de segurança, observar as normas técnicas e legislações vigentes nessa área garante não apenas economia, mas também eficiência, qualidade e melhores resultados no projeto final.
Entrevistada
Íria Doniak é executiva com formação em engenharia civil, com sólida experiência em qualidade, sistemas de gestão integrada e relações institucionais no âmbito nacional e internacional. Dedicada ao desenvolvimento da industrialização da construção civil. Atualmente exerce o cargo de presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic).
Contato:
https://abcic.org.br
Jornalista responsável:
Fabiane Prohmann – DRT 3591/PR
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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