Transformando cana de açúcar em concreto

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de São Carlos estuda a substituição da areia na produção de concreto e argamassa por cinzas de cana de açúcar.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos estudam a substituição da areia pelas cinzas de cana de açúcar na produção de concreto

Por: Lilian Júlio
Almir Sales

Há mais de dez anos pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) buscam soluções para substituir matérias como areia e brita na construção civil. Uma das pesquisas desenvolvidas pela instituição descobriu que é possível substituir parte da areia utilizada na produção de concreto e argamassa por cinzas de cana de açúcar. A pesquisa, chefiada pelo professor e engenheiro civil, Almir Sales, será finalizada em março de 2011, mas os resultados até agora indicam que esta pode ser uma boa alternativa na construção civil.

É o fator ambiental a causa de maior preocupação dos pesquisadores. A extração dos agregados naturais, como brita e areia, causa danos irreparáveis ao meio ambiente, e o bagaço da cana de açúcar é um resíduo sem utilidade, que acabava sendo queimado e suas cinzas depositadas em aterros sanitários (anualmente são produzidas cerca de 3,8 milhões de toneladas de cinzas de cana de açúcar pela indústria sucroalcooleira nacional). “Os agregados naturais estão se tornando mais caros, já que a forma de extração desses produtos degrada o meio ambiente”, explica Sales.

Com o setor da construção civil aquecido, a procura por matéria prima também irá aumentar nos próximos anos. A previsão do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) é que os empregos na construção cresçam 8,8% este ano. Esse crescimento preocupa alguns pesquisadores, que temem o alto custo do concreto, que é a principal matéria prima da construção civil. É a lei da oferta e procura, pois quando a demanda por um produto é maior do que a sua disponibilidade o seu preço tende a aumentar. 

A partir dessas constatações o professor Sales começou a pesquisar alternativas para amenizar o problema. “Com a substituição por cinzas de cana de açúcar haverá menor impacto na necessidade de extração de areia natural e, simultaneamente, a diminuição da formação de novos aterros sanitários para depositar esses resíduos no ambiente”, explica o pesquisador.

Pesquisa em andamento

Por ainda não estar finalizada a pesquisa gera algumas dúvidas, como a resistência e durabilidade do concreto com cinzas de cana de açúcar em sua composição. “As vantagens e desvantagens só poderão ser apresentadas ao final dos estudos, com a análise comparativa desse concreto com o convencional”, afirma o professor Sales. Mas os resultados preliminares são animadores na questão da resistência do material. “Para um teor de substituição de 30% a 50% houve um incremento de até 15% na resistência à compressão, mostrando que o concreto com cinzas de cana de açúcar é mais resistente do que o com areia”, revela o engenheiro.

Apesar das boas constatações iniciais, o estudo ainda está sendo feito em escala laboratorial e é preciso aguardar o resultado final para verificar se o produto é ideal para o mercado – o que só acontecerá no próximo ano. “O custo final, por exemplo, só poderá ser aferido ao final da pesquisa”, analisa Sales. Se os resultados confirmarem que a substituição é viável os pesquisadores entrarão em outra fase para levar o produto adiante. “Aí precisaremos de investimentos de empresas ou instituições públicas para passar para uma escala de produção”, afirma Sales.

Entrevistado:

Almir Sales
– Docente e orientador no Curso de Pós-Graduação em Engenharia Urbana e no Curso de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos.
– Líder do grupo de pesquisa intitulado Grupo de Estudos em Sustentabilidade e Ecoeficiência em Construção Civil e Urbana.
Email: almir@ufscar.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content


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Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.

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Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.

Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40

Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.

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O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.

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Por: Lilian Júlio
Almir Sales

Há mais de dez anos pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) buscam soluções para substituir matérias como areia e brita na construção civil. Uma das pesquisas desenvolvidas pela instituição descobriu que é possível substituir parte da areia utilizada na produção de concreto e argamassa por cinzas de cana de açúcar. A pesquisa, chefiada pelo professor e engenheiro civil, Almir Sales, será finalizada em março de 2011, mas os resultados até agora indicam que esta pode ser uma boa alternativa na construção civil.

É o fator ambiental a causa de maior preocupação dos pesquisadores. A extração dos agregados naturais, como brita e areia, causa danos irreparáveis ao meio ambiente, e o bagaço da cana de açúcar é um resíduo sem utilidade, que acabava sendo queimado e suas cinzas depositadas em aterros sanitários (anualmente são produzidas cerca de 3,8 milhões de toneladas de cinzas de cana de açúcar pela indústria sucroalcooleira nacional). “Os agregados naturais estão se tornando mais caros, já que a forma de extração desses produtos degrada o meio ambiente”, explica Sales.

Com o setor da construção civil aquecido, a procura por matéria prima também irá aumentar nos próximos anos. A previsão do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) é que os empregos na construção cresçam 8,8% este ano. Esse crescimento preocupa alguns pesquisadores, que temem o alto custo do concreto, que é a principal matéria prima da construção civil. É a lei da oferta e procura, pois quando a demanda por um produto é maior do que a sua disponibilidade o seu preço tende a aumentar. 

A partir dessas constatações o professor Sales começou a pesquisar alternativas para amenizar o problema. “Com a substituição por cinzas de cana de açúcar haverá menor impacto na necessidade de extração de areia natural e, simultaneamente, a diminuição da formação de novos aterros sanitários para depositar esses resíduos no ambiente”, explica o pesquisador.

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Apesar das boas constatações iniciais, o estudo ainda está sendo feito em escala laboratorial e é preciso aguardar o resultado final para verificar se o produto é ideal para o mercado – o que só acontecerá no próximo ano. “O custo final, por exemplo, só poderá ser aferido ao final da pesquisa”, analisa Sales. Se os resultados confirmarem que a substituição é viável os pesquisadores entrarão em outra fase para levar o produto adiante. “Aí precisaremos de investimentos de empresas ou instituições públicas para passar para uma escala de produção”, afirma Sales.

Entrevistado:

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