Tecnologia não vai substituir as pessoas na obra, diz estrategista
No entanto, será cada vez mais importante para as empresas manterem bons profissionais em posições estratégicas
Estrategista em inovações para a construção, o norte-americano Jeff Sample tem uma visão diferente sobre a influência da tecnologia na construção civil. Para ele, robótica e Inteligência Artificial não conseguirão substituir as pessoas e nem os processos de execução nos canteiros de obras. “São pessoas, processos e depois tecnologia. É nessa ordem”, defende, admitindo, porém, que será cada vez mais importante para as empresas do setor manter as pessoas certas em posições estratégicas. “Posso treinar por realidade virtual, mas dentro do canteiro de obras preciso de seniores em construir. Não para assentar tijolos, mas para coordenar e supervisionar os mais novos e a própria tecnologia agregada à construção”, diz.
Sample palestrou recentemente no seminário “Construction Technology – Through the Looking Glass” (Tecnologia da Construção através do espelho), que aconteceu em Nashville, no Tennessee-EUA. O estrategista lembrou que a construção civil ainda retém suas informações em papel e precisa aprender a digitalizar esses dados se quiser ingressar no universo da Indústria 4.0 e da Inteligência Artificial. “Para conseguir essa migração de fase, a construção vai precisar de lideranças experientes, que saibam coletar e interpretar essas informações que vêm de anos de conhecimento acumulado”, afirma. “Os seniores vão passar seus conhecimentos para que os jovens possam aplicá-los através da tecnologia”, completa.
Para o especialista, a construção civil do futuro vai se beneficiar mais da Inteligência Artificial do que da robótica. “Os robôs humanóides podem auxiliar em uma ou outra tarefa no processo de construir, mas não substituirão o homem em trabalhos mais intrínsecos. Por outro lado, vejo a Inteligência Artificial mais presente. Ela deve trazer uma nova geração de ferramentas BIM e vai influenciar não apenas os projetos como os ambientes construídos, como já vemos com os scanners a laser, que conseguem gerar uma representação tridimensional perfeita do espaço construído”, analisa.
Viabilizar obras vai ficar cada vez mais barato e mais rápido, prevê especialista
O processo de escaneamento em obras se assemelha ao da tomografia do corpo humano. O retrato tridimensional capta variações de temperatura, pontos de umidade e graus de rugosidade de lajes e pilares dos prédios, gerando tons de cores para cada caso. No Brasil, a tecnologia foi empregada pela primeira vez em 2016, no restauro arquitetônico da Casa de Vidro, construída nos anos 1950 e projetada pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi. A mesma tecnologia deverá ser empregada na restauração do MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), também na cidade de São Paulo-SP.
Com todos os recursos tecnológicos que já começam a ficar disponíveis para a construção civil, Jeff Sample acredita que viabilizar obras vai ficar cada vez mais barato, conforme os novos processos construtivos forem disseminados. “A tecnologia vai baratear custos. Por duas razões: haverá mais opções de materiais para construir e a mão de obra melhor qualificada terá mais produtividade e consumirá menor tempo na obra”, conclui.
Entrevistado
Estrategista em inovações para a construção, Jeff Sample, diretor de estratégias da eSUB Construction Software
Contato: contact@esub.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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