Sustentabilidade é prorrogar vida útil de obras
Procedimentos eficazes de manutenção de pontes e viadutos evitam danos ao meio ambiente e gastos elevados no tratamento de manifestações patológicas
Procedimentos eficazes de manutenção de pontes e viadutos evitam danos ao meio ambiente e gastos elevados no tratamento de manifestações patológicas
Por: Altair Santos
No Brasil, o ciclo do processo construtivo nem sempre se completa. Ele é formado por cinco etapas: planejamento, projeto, produção de materiais, construção e uso e manutenção. É nesta última fase que, normalmente, ocorrem falhas, aponta o engenheiro civil, e especialista em manifestações patológicas, Ênio Pazini Figueiredo. Professor-doutor da Universidade Federal de Goiás, ele avalia que o país perde muito em recursos ao não proceder, de forma sistemática e metodológica, a avaliação de suas obras de arte estruturais. “É mais sustentável conseguir prolongar a vida útil de uma ponte ou de um viaduto do que adotar práticas sustentáveis no canteiro de obras”, alertou, durante conferência no 11º Congresso Internacional sobre Patologias e Recuperação de estruturas (Cinpar), ocorrida de 10 a 12 de junho nas instalações da Unisinos, na cidade de São Leopoldo-RS.
Segundo Pazini, a engenharia brasileira deveria promover uma “mea culpa” por não ter conseguido fazer a sociedade brasileira entender a importância das análises preventivas de estruturas. “Estamos falando de prevenir acidentes, evitar grandes transtornos e impedir gastos elevados. No entanto, se hoje um representante do poder público falar que vai destinar tantos milhões para a avaliação do estado de conservação de pontes e obras de artes estruturais, não faltará quem diga que, neste ato, possa haver alguma irregularidade. Não nos preocupamos em educar a sociedade para entender a engenharia preventiva”, disse. O professor-doutor mostrou pesquisa recente, a qual revela que 40% das 180 mil obras de arte existentes nas rodovias brasileiras apresentam manifestações patológicas. As mais comuns são: corrosões de armaduras, fissuras, reações álcalis-agregados, rompimento dos aparelhos de apoio e deterioração das juntas de dilatação.
Não é por falta de normalização que isso ocorre, destaca Ênio Pazini Figueiredo. Um dos problemas, segundo o especialista, é que no Brasil algumas das tecnologias de construção de pontes e viadutos ainda estão vinculadas a procedimentos usados na década de 1940. Sem contar que boa parte das obras de arte estruturais em funcionamento no país foi empreendida na primeira metade do século passado. “Daí, começamos a entender o porquê de tantas manifestações patológicas aparecerem em nossas obras”, afirmou. Outro problema no país é que essas estruturas são submetidas sistematicamente à passagem de carga acima do que elas podem suportar e sofrem constantemente com choques de veículos e embarcações em seus tabuleiros. Sem contar o descaso com a manutenção.
Tecnologias a favor da manutenção
Recomendações da FIB (do francês, fédération internationale du béton [Federação Internacional do Concreto]) sugerem que os períodos de manutenção em empreendimentos construídos com concreto armado sigam a seguinte tabela: casas e escritórios, 10 anos; edifícios industriais, 5 a 10 anos; pontes de autoestradas, 4 anos; pontes de ferrovias, 2 anos, e pontes de rodovias, 6 anos. “No que se refere a pontes, vale verificar os requisitos de desempenho, como qualidade funcional, segurança estrutural e durabilidade. Além disso, na hora de diagnosticar uma manifestação patológica é preciso lançar mão de todos os meios possíveis para se chegar ao ponto causador do problema. Muitas vezes são feitos reparos sem essa preocupação e, tempos depois, o dano volta ainda mais forte”, destacou Pazini. “Em certos casos, o estágio da manifestação é tão avançado que o recomendável é demolir a obra e construir uma nova”, completou.
Em sua palestra, Ênio Pazini Figueiredo elencou as metodologias que hoje estão disponíveis para uma correta avaliação de manifestações patológicas em estruturas de concreto. Entre elas, ensaios de esclerometria, o uso de aparelhos de ultrassom e o monitoramento através de sensores. “Na Noruega existem pontes, cujas estruturas são protegidas catodicamente. Os sensores estão conectados a um computador instalado na obra, e que fica mandando informações constantemente para o laboratório de análise”, relatou o professor, citando que há vários tipos de sensores. Entre eles, os capazes de medir umidade, temperatura, potencial de corrosão e deformações. No Brasil, essa tecnologia ainda não é empregada em grandes obras.
Entrevistado
Engenheiro civil Ênio José Pazini Figueiredo, especializado em Patologia das Construções pelo Instituto Eduardo Torroja, da Espanha, e professor titular da Universidade Federal de Goiás (UFG)
Contato: epazini@eec.ufg
Crédito Foto: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Cadastre-se no Massa Cinzenta e fique por dentro do mundo da construção civil.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Massa Cinzenta
Cooperação na forma de informação. Toda semana conteúdos novos para você ficar por dentro do mundo da construção civil.
15/05/2024
MASP realiza o maior projeto de restauro desde a sua inauguração
MASP passa por obras de restauro em suas estruturas. Crédito: Assessoria de Imprensa / MASP Quem passa pela Avenida Paulista vem notando uma diferença significativa na…
19/11/2024
Restauração da SC-305 começa a receber whitetopping ainda este ano e deve impulsionar indústrias, agricultura e pecuária
Rodovia terá sub-base de macadame e base de Concreto Compactado com Rolo (CCR). Crédito: Divulgação/SIE Uma importante transformação está em andamento na rodovia SC-305, que…
19/11/2024
Como usar a engenharia para contenção de tsunamis e erosão costeira?
No caso do muro de contenções, planejamento precisa considerar cenários extremos para garantir sua eficácia. Crédito: Envato A engenharia pode desempenhar um papel essencial…
19/11/2024
Tendência em alta: avanço de IA, IoT e robótica na construção permite crescimento das cidades inteligentes
O conceito de cidades inteligentes, com foco em conectividade e sustentabilidade, está ganhando destaque mundialmente. Segundo pesquisa realizada pela Mordor Intelligence, o…
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.
Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
Cimento Certo
Conheça os 4 tipos de cimento Itambé e a melhor indicação de uso para argamassa e concreto.
Use nosso aplicativo para comparar e escolher o cimento certo para sua obra ou produto.