Sustentabilidade na construção civil é um dos temas de evento da CBIC e Sinduscon-PR
Coprocessamento realizado pela Rio Bonito deve reduzir a emissão de 600 mil toneladas de carbono em 2024
Como parte das comemorações dos 80 anos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou nos dias 6 e 7 de junho um evento focado em três grandes pilares do setor, com foco em sustentabilidade em obras industriais e corporativas, bem como temáticas envolvendo infraestrutura e mercado imobiliário.
Na temática sobre sustentabilidade, a Comissão de Obras Industriais e Corporativas (Coic) e a Comissão de Meio Ambiente (CMA) da CBIC trouxeram painelistas que abordaram processos sustentáveis e inovação na construção civil.
“Discutimos um projeto inovador, que substitui o carvão mineral e o combustível fóssil por combustíveis renováveis. Também tratamos de construção de baixo carbono e saneamento como fonte de saúde e sustentabilidade”, afirma Ilso Oliveira, vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC.
Ele relata que os debates do encontro desdobram-se em novas ações, como a troca de experiências em torno da gestão hídrica nos próximos meses. O objetivo é utilizar os conhecimentos de engenharia em benefício da redução dos impactos advindos de eventos climáticos extremos. “Os principais ganhos do evento foram o compartilhamento de conhecimentos e a oportunidade de comprovar avanços importantes com cases reais”, aponta.
Coprocessamento para reduzir a pegada de carbono
Quando se fala em iniciativas para reduzir a chamada “pegada ecológica” na construção civil, a Rio Bonito Soluções Ambientais, empresa do Grupo Itambé, tem se destacado por soluções ambientais e tratamento de resíduos, em especial na atuação com coprocessamento.
O coprocessamento é uma técnica que reduz o consumo de combustíveis fósseis, através da utilização de resíduos como fonte de energia térmica nos fornos de clinquer, reduzindo assim a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Esta redução é obtida pela redução do consumo, extração e transporte dos combustíveis fósseis, assim como com a eliminação da exposição destes resíduos à atmosfera.
A importância do coprocessamento na planta cimenteira é mais evidente considerando a prática como uma das iniciativas de aceleração Net Zero, divulgada pela Global Cement and Concrete Association (GCCA), como um compromisso do setor para o processo de descarbonização.
O engenheiro ambiental Leandro Menezes Gomes, analista comercial da Rio Bonito, relata a importância do coprocessamento para toda cadeia cimenteira, que envolve desde a extração da matéria-prima até o transporte e queima nos fornos de clínquer. “Com 11 anos de atuação, a Rio Bonito é uma das principais empresas do Brasil no serviço de coprocessamento, técnica que utiliza os resíduos industriais e urbanos na fabricação de cimento, substituindo a queima dos combustíveis fósseis tradicionais dos fornos de clínquer”, informa.
Para isso ocorrer, é necessário preparar os resíduos para a queima, ou seja, triturá-los e/ou misturá-los antes de dosar no forno. A etapa da mistura, conhecida como blendagem, é analisada para atender diversos parâmetros técnicos e legais. Desde a fundação da Rio Bonito, já foram coprocessadas 737 milhões de quilos de resíduos.
Investimento nas estruturas de coprocessamento
No início da empresa, em 2013, foram coprocessadas cerca de 24 mil toneladas de resíduos, saltando para mais de 108 mil toneladas em 2023. “Em 2024, estamos com a previsão de consumir aproximadamente 150 mil toneladas de resíduos. Com isso, devemos evitar o consumo de 48 mil toneladas de coque de petróleo e reduziremos cerca de 600 mil toneladas de carbono equivalente que iriam para a atmosfera”, assinala.
Atualmente, a Rio Bonito está investindo nas estruturas de coprocessamento, aumentando a média histórica de coprocessamento, com previsão de dobrar em 2024. “Percebemos que, desde 2023, o mercado vem buscando o ‘aterro zero’ e muitos gestores públicos estão vendo no coprocessamento uma saída econômica e ambientalmente sustentável. Esperamos que este engajamento gere uma oferta ainda maior de resíduos para coprocessamento no Estado do Paraná”, avalia.
Para contratar o coprocessamento, a Rio Bonito faz inicialmente uma análise de viabilidade de coprocessamento do resíduo, com avaliação do processo de geração e coleta de uma amostra.
Uma vez aprovado o projeto, o cliente deve solicitar um laudo conforme Resolução CEMA 76/09 e, após esta fase, a Rio Bonito precifica o resíduo e dá sequência na documentação para emissão de uma Autorização Ambiental, conforme prevê a Portaria 212/19. “Este processo é utilizado para resíduos gerados ou destinados no Estado do Paraná, enquanto para os demais Estados é preciso consultar a autarquia estadual sobre o procedimento adequado”, orienta Gomes.
Entrevistados
Ilso José de Oliveira é engenheiro civil formado na Escola de Engenharia do Triângulo
Mineiro (EETM), pós-graduado em Administração Mercadológica pela Fundação Dom Cabral e possui MBA em Gestão de Negócios de Engenharia pelo IBMEC. É fundador da Reta Engenharia, sendo atualmente presidente do Conselho de Administração. É vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC.
Leandro Menezes Gomes é engenheiro sanitarista e ambiental formado pela FAE Centro Universitário, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade Estácio e possui MBA em Gestão Ambiental pela Université de Rennes 2, na França. É Analista Comercial de Coprocessamento da Rio Bonito.
Contatos:
coic@cbic.org.br
leandro.gomes@riobonito.eco.br
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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