Sociedade muda, e com ela as plantas das moradias
Fórmula criada há 150 anos, na Belle Époque francesa, sofre alterações a partir do novo papel da mulher na família e em sua inserção no mercado de trabalho.
Fórmula criada há 150 anos, na Belle Époque francesa, sofre alterações a partir do novo papel da mulher na família e em sua inserção no mercado de trabalho
Por: Altair Santos
O modelo de plantas de habitações, centrado em três áreas – social, íntima e serviços -, predomina em praticamente todo o mundo desde a Belle Époque francesa, há cerca de 150 anos. Em busca de respostas para saber por que esse tipo de construção criou raízes tão profundas na humanidade, o Nomads-USP (Núcleo de Estudos de Habitares Interativos, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo em São Carlos) iniciou estudo, ainda em processo de conclusão, o qual aponta que essa formatação de planta tende a sofrer transformações, apesar da resistência do mercado imobiliário.
Segundo o arquiteto Felipe Anitelli, que desde 2007 é pesquisador do Nomads, já há vários indicadores que sugerem que esse conceito de planta não é mais tão eficiente para o contexto cultural e sócio-econômico atual. “Esse modelo tem como forte referência a planta burguesa europeia, difundida e popularizada no século 19. Acho improvável que seja adequado para a sociedade do século 21″, diz, afirmando que o comportamento da mulher tem muito a ver com essa tendência de mudança. “A sociedade mudou e os modos de vida são outros. A alteração do papel da mulher na família e sua inserção no mercado de trabalho não cabe mais numa planta moldada de acordo com as demandas da Belle Époque“, completa.
De acordo com o mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) hoje só 48,5% das famílias brasileiras são constituídas por casal e filho(s). A maioria já é composta por casal ou pessoas que moram sozinhas. Isso, constata o Nomads, vem derrubando alguns paradigmas da arquitetura para habitações. Um deles é o fim da estanqueidade funcional entre as áreas social, íntima e de serviços. A queda da parede entre a cozinha e a sala, é uma prova cabal disso. “Antigamente, fazer comida era uma atribuição dos serviçais. Hoje, isso está mais vinculado a lazer e convivência. Por isso, a cozinha migrou para a área social”, explica Felipe Anitelli.
Só que o arquiteto do Nomads, que agora aprofunda a pesquisa visitando as capitais brasileiras para perceber as diferenças entre uma região e outra do país, afirma que em algumas cidades – como Porto Alegre e Pernambuco – a tradição de separar a cozinha da sala com paredes e portas ainda persiste. “Pode ser conservadorismo desses mercados. Aliás, os avanços nas plantas poderiam ocorrer de forma mais acelerada se os produtos imobiliários desenvolvidos atualmente por incorporadoras brasileiras ousassem mais”, avalia, citando que há ainda poucas construtoras no país que adotam, por exemplo, o modelo de plantas flexíveis.
Isso leva, na maioria das vezes, o próprio comprador a “customizar” o imóvel, transformando quarto em escritório ou sala de TV ou ampliando as zonas íntimas ou sociais de uma habitação. “Portanto, afirmações como ‘apartamentos de um, dois e três dormitórios’ estão perdendo o sentido. Muitas vezes, dentro do próprio edifício, já é possível encontrar unidades habitacionais que mantiveram a tradição e outras que foram transformadas, rompendo com o paradigma da Belle Époque“, conclui o pesquisador da Nomads.
Entrevistado
Felipe Anitelli, pesquisador do grupo de pesquisas Nomads-USP do IAU-USP
Currículo
– Felipe Anitelli é graduado em arquitetura e urbanismo pelo Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto em 2003
– Tem doutorando no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (com apoio FAPESP) e mestrado pelo IAU-USP em 2010 (com apoio FAPESP). A temática de estudo do mestrado e do doutorado é o edifício de apartamentos paulistano e brasileiro
– Desde 2007 é pesquisador do grupo de pesquisas Nomads-USP
Contato: felipeanitelli@yahoo.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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