Simpósio sobre argamassas reúne especialistas em inovação e sustentabilidade
Adolpho Guido de Araújo, doutor em Construção Civil, falou sobre iniciativas para reduzir impacto ambiental
O 14º SBTA – Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas foi realizado de 3 a 5 de outubro em João Pessoa, na Paraíba, com a presença de especialistas que trataram de temas relacionados ao desempenho, à sustentabilidade e à inovação.
Os debates contaram com a participação de professores, estudantes, empresários, construtores, fabricantes de insumos, pesquisadores e outros convidados, que contribuíram para o compartilhamento de informações neste que é considerado o principal evento técnico do Brasil voltado às argamassas de construção e aos revestimentos em edificações.
Um dos destaques do Simpósio foi a presença de Adolpho Guido de Araújo, professor do curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, que apresentou o seminário “Proposta para a avaliação do desempenho ambiental aplicada aos revestimentos em argamassa”.
O especialista, que possui doutorado em Construção Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestrado em Construção Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco (POLI/UPE), avalia que o setor da construção no país apresentou avanços no tema da sustentabilidade, mas que ainda há espaço para mais empenho, integrando os estudos acadêmicos com as práticas da indústria.
“Em comparação com outros países, o Brasil está caminhando na direção certa, mas há muitos desafios a serem superados”, afirma Araújo, em entrevista ao Massa Cinzenta. “Observamos algumas iniciativas sustentáveis, tais como: o uso de materiais alternativos, a implementação de práticas de eficiência energética e a adoção de certificações ambientais. No entanto, urge a necessidade de um maior comprometimento e conscientização por parte da indústria da construção civil para que a sustentabilidade seja realmente prioritária nas suas três dimensões (social, ambiental e econômica) durante todas as etapas do processo construtivo.”
Em relação aos impactos causados especificamente pelo uso de argamassas, o professor diz que as alterações ambientais dependem de muitos fatores, mas que os estudos indicam que as principais delas podem ser divididas e simplificadas em três etapas. “O impacto na extração da matéria-prima finita (impacto no consumo dos recursos naturais), na fabricação (impacto na produção de gases do efeito estufa e no consumo de energia) e na aplicação (impacto na geração de resíduo da construção civil e no uso de água).”
Para isso, a indústria, de forma geral, vem buscando alternativas para oferecer produtos e soluções cada vez mais adequados à nossa realidade. De acordo com Araújo, alguns dos exemplos são que empresas já oferecem argamassas com baixa emissão de CO2 (eficiência energética na produção), realizam estudos para adições de materiais alternativos com base em itens reciclados, promovem a racionalização dos insumos para reduzir o consumo direto dos componentes das argamassas (dosagem racional) e adotam técnicas de aplicação que minimizam perdas no processo construtivo.
Quando perguntado sobre quais mudanças precisam ser feitas a curto e médio prazo para que o setor se torne menos nocivo ao meio ambiente, o professor destaca, como prioridade, a conscientização e a capacitação dos profissionais da construção civil sobre as práticas sustentáveis em todos os níveis das organizações.
“Outra mudança significativa seria identificar, quantificar e mitigar os aspectos ambientais na fase de projetos, monitorando durante a fase de construção. Por fim, uma integração público-privada na formulação de políticas públicas que estimulem e incentivem as indústrias da construção civil a adotarem práticas sustentáveis, por meio de incentivos fiscais, tributos e benefícios”, afirma.
Fonte
Adolpho Guido de Araújo, professor de Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, doutor em Construção Civil pela UFPE e mestre em Construção Civil pela POLI/UPE, com MBA pela FGV
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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