Números do setor imobiliário retrocedem doze anos
Volume de lançamentos e de vendas volta ao patamar de 2004. Segundo analistas, sistema de produção desestruturado vai encarecer imóveis
Volume de lançamentos e de vendas volta ao patamar de 2004. Segundo analistas, sistema de produção desestruturado vai encarecer imóveis
Por: Altair Santos
A paralisia experimentada em 2015 fez alguns segmentos da cadeia produtiva da construção civil retroceder até 12 anos. O impacto atinge desde o volume de vagas que deixou de ser criado até a quantidade de negócios do mercado imobiliário. Os lançamentos de imóveis no ano passado se equipararam a 2004. O que analistas temem é que o setor privado decida paralisar obras, esperando zerar os estoques, e que o Minha Casa Minha Vida não disponha de recursos suficientes para dar início à terceira fase.
Isso, avaliam, faria aumentar o déficit habitacional, fazendo-o voltar ao período anterior ao Minha Casa Minha Vida, quando estava em quase 7 milhões de unidades (6,941 milhões). O MCMV baixou esse número para 6,198 milhões. Para o Departamento da Indústria da Construção da Fiesp (Deconcic), o programa habitacional do governo federal é peça-chave para tirar o setor da construção civil da paralisia que enfrenta. Porém, o organismo da Federação das Indústrias de São Paulo avalia ser necessário reformular o MCMV. Uma alternativa seria abri-lo para PPPs (Parcerias Público-Privadas).
Carlos Eduardo Pedrosa Auricchio, diretor titular do Deconcic, entende também que o crédito imobiliário deveria ser destravado. “Estimular PPPs habitacionais é uma alternativa importante e de extrema relevância”, acrescenta. “Além disso, é preciso promover a retomada do crédito, talvez buscando criar estímulos para ampliar a participação do setor privado nesta área”, completa. Para o dirigente, a certeza é uma só: “Todos do setor temos convicção de que a construção civil é a principal porta de saída para a crise”.
No entanto, enquanto mudanças não ocorrem no cenário econômico, as sondagens junto aos empresários da construção continuam apresentando pessimismo. Levantamento nacional do Deconcic junto à cadeira produtiva mostra como andam as expectativas para 2016:
Mineração
São Paulo foi o 2º estado cujo setor menos caiu (RJ foi o 1º), totalizando 17% a menos de quantidade de agregado vendida. Em alguns estados a queda foi de mais de 50%, e a média nacional está na ordem dos 30%. A previsão para 2016 é queda de 12%.
Blocos de Concreto
A perspectiva é queda de 40% a 50% e o setor enfrenta fechamento de empresas.
Materiais de construção
Setor apresentou queda de 12,6% nas vendas e 5,5% menos postos de trabalho em 2015. Atualmente, opera com dois terços da capacidade. Expectativa de 70% é negativa e apenas um terço prevê investir nos próximos 12 meses.
Materiais plásticos e PVC
A perspectiva é de queda de 4%. O setor era o 4º maior empregador, atualmente já é o 5º. Os investimentos caíram 35%.
Construção metálica
O setor teve perda da ordem de 30% em produção e vendas. Não há previsão de melhora em 2016.
Cimento
Setor fechou 2015 com queda de 9,2% em relação a 2014. A estimativa é que haja retomada somente no segundo semestre de 2017. Capacidade instalada é de 90 milhões de toneladas, previsão inicial era aumentar para 110 milhões de toneladas até 2018, porém, o consumo está em 57 milhões.
Máquinas e equipamentos
Em 2014, a entidade registrou 27.070 unidades vendidas para o setor da construção. Em 2015, foram 13.490 unidades. Se consideradas gruas e guindastes, a queda chegou a 57,8%. A expectativa é fechar o ano com queda de 2,1%.
Construção
O número de empregados apresentou queda de 11,3% em 2015. No acumulado dos últimos 12 meses, foram fechados 515 mil postos de trabalho, configurando a previsão de queda de 6% (desde 2010 vem caindo o número de empregos). A previsão de fechamento do PIB da construção em 2015 é de queda de 8%. Previsão para 2016 é queda de 6%.
Indústria ferroviária
O setor conseguiu manter o número de vagões dos últimos dois anos: 4.700 vagões. A previsão é fechar 2016 com 473 carros, 10,7% maior que em 2014/2015.
Obras públicas
Haverá queda efetiva por volta de 10% a 15% em 2016, em comparação com 2015, que por sua vez, também teve queda. PIB do setor deve cair 3% em 2016.
Entrevistado
Carlos Eduardo Pedrosa Auricchio, diretor titular do Departamento da Indústria da Construção da Fiesp (Deconcic)
Contato: observatorio@fiesp.com
Créditos Fotos: Divulgação/Fiesp
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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