Seminário Abcic aponta soluções no mercado de pré-fabricados

Desde 2000, a produção de pré-fabricados de concreto cresceu 32% no Brasil

As principais motivações para o uso desses sistemas incluem a redução do prazo de conclusão das obras, a diminuição da necessidade de mão de obra no canteiro e o maior controle de custos.
Crédito: Marina Pastore

Durante o Concrete Show, uma tarde inteira foi dedicada às discussões sobre o uso de pré-fabricados e industrialização, com o Seminário da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) 2024

“Iniciamos o seminário com uma visão muito importante da arquitetura, com Jayme Lago Mestieri, arquiteto e diretor da JML Arquitetura, que pontuou algumas questões relevantes em relação aos nichos ou áreas em que a pré-fabricação é utilizada. E, no final, com Felipe Cassol, engenheiro, CEO e presidente da Cassol Pré-Fabricados, que trouxe uma questão importante, a tecnologia do concreto, vital para a sustentabilidade, o desenvolvimento e a competitividade do nosso setor, com a introdução de concretos de performance cada vez mais elevada, até o UHPC (ultra high performance concrete)”, afirma Íria Lícia Oliva Doniak, engenheira e presidente executiva da Abcic.

Uso de pré-fabricados no Brasil

Durante a palestra “Industrialização da Construção em Concreto: Soluções Sustentáveis para Edificações”, Felipe Cassol, engenheiro, CEO e presidente da Cassol Pré-Fabricados, e membro do Conselho Estratégico da Abcic, compartilhou dados relevantes sobre o uso de pré-fabricados no Brasil. Desde 2000, a produção de pré-fabricados de concreto cresceu 32%, conforme pesquisa realizada pela FGV a pedido da Abcic. Atualmente, 34,6% das empresas construtoras utilizam sistemas pré-fabricados em suas obras, e 24,5% dessas empresas empregam pré-fabricados em mais de 50% de suas obras. 

No que diz respeito à distribuição regional, São Paulo lidera com 47% do uso de pré-fabricados no Brasil, seguido por Santa Catarina, que se destaca como a segunda maior região em uso. 

As principais motivações para o uso desses sistemas incluem a redução do prazo de conclusão das obras (81,5%), a diminuição da necessidade de mão de obra no canteiro (71,6%), o maior controle de custos (66%) e a menor geração de resíduos (63,9%). 

Vantagens da industrialização

Para os palestrantes presentes durante o Seminário da Abcic, existem inúmeras vantagens ao adotar a construção off-site:

Para Augusto Pedreira de Freitas, engenheiro e diretor da Pedreira de Freitas Engenharia, um dos pontos é o auxílio para lidar com a questão do déficit habitacional. “Frequentemente lemos que as construções off-site podem ser uma solução para o déficit habitacional internacional. Isso não é totalmente verdade, mas os sistemas pré-fabricados têm um enorme potencial para contribuir significativamente na resolução desse problema. Fortalecer a indústria de pré-fabricados residenciais pode ser uma alternativa poderosa para enfrentar a crise habitacional”, explica Freitas.

Ainda, uma das vantagens é auxiliar na redução da mão-de-obra na construção civil.  “A falta de mão de obra na construção civil é crítica, e há uma realidade inegável: os jovens de hoje não querem mais trabalhar nesse setor. Para mim, essa é a maior evidência de que a hora do pré-fabricado finalmente chegou. Em qualquer país desenvolvido, a ideia de depender de mão de obra para carregar blocos de construção já é ultrapassada. O futuro aponta para soluções mais eficientes e modernas, e o pré-fabricado se apresenta como uma resposta necessária a esses desafios”, destaca o diretor da Pedreira de Freitas Engenharia.

Cassol também levanta outros pontos positivos relacionados à construção off-site: redução do prazo de obra, redução de resíduos de construção, produção em ambiente controlado e protegido, assertividade geométrica e alinhamento, mão de obra qualificada e treinada, facilidade de reuso e desmontagem, controle tecnológico de todos os insumos, maior controle de custos e orçamento, racionalização de materiais, otimização do tempo dos profissionais, controle de qualidade em todas as etapas e redução de custos indiretos.

Industrialização x ESG

Crédito: Divulgação – Concrete Show

Para Freitas, a industrialização é uma abordagem promissora para melhorar a sustentabilidade na construção. “O pré-fabricado contribui significativamente para essa causa ao minimizar desperdícios e reduzir o consumo de energia comparado à construção in loco. Produzido em usinas, o pré-fabricado é uma solução mais sustentável para edificações.” 

Roberto Clara, engenheiro e diretor da Lúcio Engenharia, também destaca que a industrialização está alinhada com os princípios ESG, que incluem: desmaterialização, redução de resíduos, circularidade, redução da pegada de carbono e viabilidade econômica.

Desafios da Ampliação do Uso de Pré-Fabricados

De acordo com Freitas e Cassol, a pré-fabricação de concreto ainda não é amplamente adotada, apesar de experiências bem-sucedidas em outras áreas, como hotéis e edifícios altos. As dificuldades incluem:

  1. Poucos fornecedores de pré-fabricados para edifícios residenciais: pelo tamanho do Brasil, Freitas acredita que o país deveria ter muito mais fornecedores. “Para cobrir 10% das obras em edifícios residenciais, precisaríamos mais do que duplicar o parque de industrialização aqui no Brasil. Por conta disso, alguns construtores são resistentes quanto ao uso de pré-fabricados, para não ficar na mão de poucos fornecedores. Ao mesmo tempo, os fornecedores não buscam ampliar as alternativas em pré-fabricados residenciais por não ter mercado”, pondera;  
  1. Custo e Percepção: o pré-fabricado pode parecer mais caro em termos de custo por m3, mas deve ser considerado pelo valor agregado (no m²) e eficiência que proporciona. A dificuldade está em mudar a percepção de custo, que muitas vezes não reflete os benefícios a longo prazo;
  1. Qualidade e Tecnologia: a pré-fabricação, com a tecnologia atual, permite criar uma variedade de designs e soluções;
  1. Fatores de Complexidade: os desafios incluem a falta de programas estruturados, isonomia tributária, insegurança jurídica, e dificuldades com financiamento e crédito imobiliário. Além disso, o desconhecimento técnico e o baixo incentivo à inovação limitam a adoção da construção industrializada.

Como superar estes desafios?

Na opinião de Cassol e Freitas, para superar esses desafios, é necessário um esforço conjunto de arquitetos, projetistas, construtores e empreendedores para integrar a pré-fabricação na construção residencial e criar um mercado mais robusto e eficiente.

Os palestrantes ainda falaram sobre outras possibilidades:

  1. Trabalho em conjunto (construtora e indústria) pela busca de soluções viáveis através do uso dos pré-fabricados;

  2. Implantação de estruturas pré-fabricadas por partes: em elementos estruturais ou em etapas da obra (como escadas, elementos de fundações e área de estacionamento que contemplem esta tecnologia);

  3. Inspiração em empresas que estão gerando cases que levem a repensar o processo executivo;

  4. Quebra de Paradigmas quanto à excelência da tecnologia e qualidade arquitetônica;

  5. Adoção de tecnologias e melhoria de materiais: de acordo com Cassol, utilizar avanços como o concreto de ultra-alto desempenho (UHPC) e outros materiais inovadores pode ser uma oportunidade para redução de dimensões ou até mesmo a elaboração de novas geometrias de elementos estruturais.

Fontes:
Íria Lícia Oliva Doniak, engenheira e presidente executiva da Abcic.
Felipe Cassol, engenheiro, CEO e presidente da Cassol Pré-Fabricados, e membro do Conselho Estratégico da Abcic.
Augusto Pedreira de Freitas, engenheiro e diretor da Pedreira de Freitas Engenharia.
Jayme Lago Mestieri, arquiteto e diretor da JML Arquitetura.
Roberto Clara, engenheiro e diretor da Lúcio Engenharia.

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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