Saiba como avaliar se o imóvel possui patologias graves
Moradias podem ter vícios, defeitos ou danos, que, dependendo do grau do problema, precisam de um engenheiro civil
Corretores não são obrigados a conhecer de engenharia civil. Porém, precisam ter noções básicas para detectar se determinado imóvel requer uma inspeção mais apurada antes de ser vendido ou alugado. Há casos que até podem exigir uma perícia. “Se a avaliação pede a presença de um engenheiro civil é porque o caso pode ser mais grave”, diz a palestrante de CRECI-SP, Caroline Böckler.
Em linhas gerais, os corretores precisam saber que um imóvel pode apresentar três tipos de patologias: vícios, defeitos e danos. Baseado no manual “A Saúde dos Edifícios – check-up predial”, editado pelo CREA-SP, os vícios são construtivos e não costumam oferecer riscos, mas apenas desvalorizam o imóvel. Os mais comuns são: torneira que não sai água, interruptor que não acende a lâmpada, tomada que não transfere a energia, paredes tortas que dificultam a instalação de armários, vaga na garagem que atrapalha a baliza, área de serviço sem ralo, descarga do vaso sanitário que interfere no fluxo de água do chuveiro.
Já os defeitos, ainda segundo o manual do CREA-SP, resultam de falhas que podem afetar a saúde e a segurança do consumidor. Entram neste grupo os erros construtivos. Tais como, janelas que permitem a entrada da água da chuva ou elementos mal fixados que ameaçam ferir o usuário ou terceiros, como pias e vasos sanitários. “Essas patologias podem ser aparentes ou ocultas. As aparentes costumam ser detectadas pelo comprador ou locatário. Já as ocultas se manifestam durante a ocupação do imóvel. Um exemplo: o disjuntor cai quando o chuveiro e a torneira elétrica estão ligados simultaneamente”, cita Caroline Böckler.
Boa parte dos problemas em imóveis ocorre por falta de manutenção
Há defeitos ocultos que levam tempo para se manifestar. Porém, nem sempre eles são gerados pelo construtor. No caso de imóveis usados, podem ter sido causados por quem habitou a moradia anteriormente. Normalmente, são patologias que se manifestam por falta de manutenção, como calhas que não são limpas e alagam a laje durante uma chuva mais intensa ou quando o condomínio rompe a impermeabilização da laje para instalar uma antena de TV ou para-raio.
O conjunto de vícios e defeitos pode resultar em danos. Os mais comuns são infiltrações, fungos e desplacamentos de fachadas. Para ilustrar, a palestrante do CRECI-SP apresentou pesquisa realizada pelo Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), onde foi detectado que 50% das irregularidades construtivas resultam de falha de manutenção, 23% de anomalias construtivas e 8% de anomalias funcionais ou degradação de sistemas, após o término do ciclo de vida útil.
O Secovi-SP também realizou recentemente um levantamento, com base em avaliações em 52 edifícios na cidade de São Paulo-SP, e detectou que 38% dos problemas em imóveis estão relacionados com problemas hidráulicos (vazamentos). Em seguida, vêm patologias nas paredes (fissuras, trincas e rachaduras), com 16,5%. “Por isso, cabe ao corretor ter conhecimento e experiência para orientar o comprador quando os reparos forem relativamente fáceis ou acionar a engenharia civil se houver problemas cujas soluções dependem da intervenção de um profissional”, alerta Caroline Böckler.
O manual “A Saúde dos Edifícios – check-up predial” está disponível para download
Assista a palestra da TV CrescI-SP
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Patologias em construção civil”, do CRECI-SP
Contato: imprensa@crecisp.gov.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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