Rodovia do Parque livra Grande Porto Alegre de grandes congestionamentos
Congestionamentos gigantes entre a capital gaúcha e cidades vizinhas estão com os dias contados
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Considerada uma das principais obras do PAC para o sul do país, a Rodovia do Parque (BR-448) é a solução para desafogar o trânsito na região metropolitana de Porto Alegre. A obra está a cargo do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit) e vai receber um investimento de R$ 850 milhões. Serão 22,34 quilômetros de extensão, partindo do entroncamento entre a BR-116 e a RS-118, terminando na BR-290 no acesso ao bairro Humaitá, em Porto Alegre. O início da obra começa neste mês de agosto. Em entrevista, o superintendente regional do Dnit no Rio Grande do Sul, Vladimir Roberto Casa, revela detalhes da construção. Confira:
A Rodovia do Parque vai atravessar uma área pantanosa e alagadiça. Em termos de engenharia, essa rodovia vai utilizar alguma tecnologia diferenciada em sua construção?
O projeto dedicou-se a solucionar os problemas com estabilidade do aterro e recalques excessivos da plataforma de terraplenagem, devido à predominância de solos moles na região do traçado. As soluções para a estabilização e aceleração dos recalques da plataforma da rodovia são convencionais e consagradas na engenharia de obras de terra. São elas: remoção total no caso de camadas de solos moles superficiais, eliminando a possibilidade de recalques; implantação de bermas de equilíbrio, com geodrenos para aceleração dos recalques em zonas pouco urbanizadas, sem restrição de faixa de domínio, e reforço estrutural com geogrelhas vinculadas a solução de geodrenos para aceleração dos recalques em zonas com densa urbanização, ou seja, com restrição de faixa de domínio. Cabe destacar a solução de estrutura em elevada, de 2,6 quilômetros, para minimizar o impacto ambiental com o Parque Estadual Delta do Jacuí. Solução semelhante foi implantada na várzea do Maquiné, na duplicação da rodovia BR-101.
Há a intenção de usar pavimento de concreto em alguns trechos da rodovia?
Não, devido à provável ocorrência de recalques diferenciais no aterro da rodovia. A solução com pavimento de concreto não é recomendável para este tipo de situação.
Haverá muitas pontes e viadutos no trajeto? Caso sim, a tecnologia de pré-moldado irá prevalecer nas construções?
Sim. Dos 22,34 quilômetros de extensão da rodovia projetada, aproximadamente 4,50 quilômetros serão em obras-de-arte especiais do tipo pontes, viadutos, elevadas, passagens inferiores e vão estaiado. Além das obras indicadas, há ainda as obras-de-arte nas interseções e acessos que totalizam aproximadamente 25.000 metros quadrados de estrutura em concreto. As obras serão todas com vigas pré-moldadas, visando maior agilidade e melhor qualidade da construção.
Destas obras-de-arte, alguma se destaca?
Das obras-de-arte especiais, destacamos a ponte sobre o rio Gravataí, que sofreu imposição de gabarito vertical para a navegação, imposta pela Marinha, e restrição de altura das torres devido ao gabarito de segurança aérea, especificado pela Aeronáutica/V Comar para operação dos aeroportos próximos. Para realizar a transposição do rio Gravataí, foi projetada uma ponte estaiada com duas torres centrais, no segmento sobre a calha do rio, com extensão total de 268 metros. Os dois acessos de conexão com o vão estaiado possuem comprimento total de 1.160 metros. Ou seja, a ponte sobre o Rio Gravataí terá 1.428 metros de extensão estrutural.
Há três lotes da obra. Qual deles vai demandar mais tempo para ser construído e por quê?
Os três lotes deverão ser construídos simultaneamente. O dimensionamento das equipes de construção para a implantação da obra foi definido para um tempo total de 30 meses, a partir de seu início, programado para este mês de agosto. Ou seja, teoricamente todos os lotes demandarão o mesmo tempo de construção.
O que está previsto, em termos de construção, para que a obra tenha pouco impacto ambiental?
O projeto atendeu plenamente as recomendações do Estudo de Impacto Ambiental, assim como incorporou as determinações da audiência pública a que foi submetido. Dos 4.500 metros projetados em obras-de-arte especiais (pontes, viadutos, elevadas, passagens inferiores e vão estaiado), 2.620 metros referem-se à elevada prevista por restrições ambientais, por ocorrência da presença do Parque Estadual Delta do Jacuí. Destacam-se também as passagens de faunas efetuadas por túneis sob a rodovia, contenções dos derrames de cargas tóxicas, assim como o benefício ambiental obtido pelo reassentamento da população de baixa renda atingida e a implantação do dique principal formado pelo corpo estradal da rodovia BR-448, atenuando, no futuro, os custos com o sistema contra inundações do rio dos Sinos.
Durante a obra da Rodovia do Parque haverá muita intervenção no trânsito da região? O DNIT será o único responsável pela obra ou ela será tocada em parceria com o estado e os municípios que englobam a Rodovia do Parque?
As intervenções rodoviárias serão pontuais. Ocorrerão apenas nos pontos onde a nova rodovia se conecta na malha atual, através de interseções em desnível. Isto ocorrerá junto às rodovias BR-116 e RS-118, na interseção com a BR-386 e na chegada a Porto Alegre, junto à BR-290 (a Freeway). Com os sistemas viários municipais, existe interferência com os municípios de Porto Alegre, Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul, quando da compatibilização dos seus acessos à BR-448. A responsabilidade pela implantação da obra é integralmente do DNIT, entretanto, na fase de projeto, todas as instituições e entidades atingidas foram oficialmente comunicadas, e as mesmas manifestaram-se favoráveis à execução da obra, demonstrando comprometimento e disposição para colaborar.
Qual será a importância da construção da Rodovia do Parque para a economia do Rio Grande do Sul, já que ela vai ajudar a desafogar o tráfego no trecho entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, considerado o segundo mais congestionado do país, com trânsito diário de mais de 120 mil veículos?
A construção da rodovia BR-448 tem como principal objetivo a solução do grande conflito do tráfego na região metropolitana de Porto Alegre. É de conhecimento geral a existência deste gargalo no sistema rodoviário do estado. No segmento Novo Hamburgo a Porto Alegre, na rodovia BR-116, circula o escoamento produtivo de aproximadamente 80% do PIB do Rio Grande do Sul. Portanto, o tráfego de longo percurso com destino ao norte e ao sul do país terá maior fluidez. Além disso, será intrínseco o crescimento econômico da região, garantido através de empregos diretos e indiretos gerados pelo empreendimento e pela expansão urbano-industrial efetuada com sustentabilidade ambiental através dos planos diretores dos municípios.
Apesar de ser uma obra importante, existe quem avalie que ela só vai desafogar o tráfego na região por no máximo 10 anos. A construção de outras obras ao longo do trecho urbano da BR-116 está prevista?
A BR-448 é somente uma parte das obras necessárias para a formação de um grande anel rodoviário importante para garantir o escoamento produtivo do Rio Grande do Sul com eficiência. Após 10 anos de implantação da BR-448, o sistema viário formado pelas rodovias BR-116 e a própria BR-448 apresentarão nível de serviço inferior ao desejado para permitir fluidez de tráfego. Neste período será necessário estudar e projetar alternativas para o tráfego da região. Uma destas alternativas poderia ser a via Leste, que conecta as cidades de Porto Alegre a Novo Hamburgo, e que já foi objeto de estudos anteriores.
Entrevistado: Vladimir Roberto Casa: vladimir.casa@dnit.gov.br
Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação
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