O que a revolução industrial 4.0 reserva às empresas?
Ricardo Semler avalia que planos de gestão engessados estão com os dias contados. Para ele, empresas precisam se moldar às novas gerações
Ricardo Semler avalia que planos de gestão engessados estão com os dias contados. Para ele, empresas precisam se moldar às novas gerações
Por: Altair Santos
O CEO Summit 2016, promovido em outubro pela Endeavor e pelo Sebrae, concentrou as palestras e os debates em torno do formato que tende a guiar as empresas dentro da chamada revolução industrial 4.0, também conhecida como revolução digital. Ricardo Semler, presidente do conselho da Semco Partners, avalia que as corporações não terão como manter seus planos de gestão engessados por muito tempo, pois a nova geração que está em curso tem a inquietação e o perfil questionador como marca registrada. “Esse modelo, que veio do Henry Ford e que teve melhorias marginais ao logo destes mais de cem anos, está em processo de disruption (rompimento com formatos tradicionais) e as empresas precisam entender isso”, diz.
Semler cita Henry Ford, por ter sido ele que, na primeira década do século passado, criou a linha de montagem para a produção de veículos. “O mundo empresarial ainda persegue o modelo da indústria automobilística fundada por Henry Ford, e baseada na linha de montagem. Assim, as corporações foram se estruturando para dizimar a intuição”, avalia, afirmando que a revolução industrial 4.0 vai impor mudanças. “A tecnologia está mudando a capacidade de mandar dentro das empresas. Os questionamentos às amarras, criadas por insegurança e medo das corporações, já estão ocorrendo. Para a própria sobrevivência das companhias, elas terão que devolver a liberdade de agir aos funcionários, a fim de que a organização possa sobreviver”, completa.
Para Ricardo Semler, Intuição, Liberdade e Transparência serão os pilares das organizações do futuro. Ainda, segundo ele, será inevitável que as empresas se tornem menos hierarquizadas. “Hoje, para contratar, as corporações usam o que se convencionou chamar de pensamento positivo fantasioso. Elas se vendem como perfeitas e, com o passar do tempo, o contratado começa a se confrontar com a realidade do dia a dia, até que isso desencadeie em elevados níveis de turnover. Em países que têm uma legislação trabalhista menos burocratizada, alguns ramos de atividade chegam a ter turnover de 130%. No Brasil, a média ainda é relativamente baixa, entre 15% e 20%”, revela.
Futuro do emprego
A análise de Ricardo Semler vai ao encontro da pesquisa da EY (Ernest&Young), intitulada “Global job creation two thousand sixteen”. Nela, é possível ter acesso a dados que mostram o quanto o empreendedorismo focado no modelo da revolução digital vai concentrar a produção de empregos. O estudo aponta que, na próxima década, 9 de 10 empregos serão gerados pela iniciativa privada, sendo que 60% destas 9 vagas virão de novos empreendedores. “A profusão de tecnologias, como big data, inteligência artificial, internet das coisas e robótica, já está impactando no futuro do emprego e, consequentemente, no futuro da sociedade. Com essas mudanças virá um novo modelo de corporação. Imagine uma empresa em que os funcionários avaliam o próprio gestor, os salários de todos ficam disponíveis em um computador no refeitório, as margens de lucro são abertas para todos e alguns colaboradores trabalham meio período para você e a outra metade para a concorrência. Não estamos longe disso”, finaliza Semler.
Confira a palestra de Ricardo Semler no CEO Summit 2016:
Veja aqui a pesquisa “Global job creation two thousand sixteen” (conteúdo em inglês).
Entrevistado
Ricardo Semler, com base na palestra “Intuição, Liberdade e Transparência: os pilares das organizações do futuro” concedida no CEO Summit 2016. Semler é presidente do conselho da Semco Partners e autor dos livros “Virando a própria mesa”, “The Seven Day Weekend: Changing the Way Work Works” e “Você está louco!”
Contato
contact@endeavor.org
Crédito Foto: CEO Summit
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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