Revolução das construtechs: as construtoras do futuro
Startups da construção civil crescem exponencialmente, inclusive no Brasil, impulsionadas pela "geração millennials"
Construtechs são as startups que levam inovação à cadeia da construção civil. Projeções estimam que até 2050 elas influenciarão todas as etapas da obra: do projeto ao processo de compras entre fornecedores e construtores, passando pelo canteiro de obras, a segurança no trabalho e chegando à gestão da manutenção predial. “As construtechs estarão à frente das revoluções que vão gerar edifícios mais sustentáveis, cidades-inteligentes e outras inúmeras soluções para o setor da construção”, avalia o economista Bruno Loreto, especialista em mercados de tecnologia para a indústria da construção, e que recentemente palestrou na We Shape Innovation 2018, realizada em Curitiba-PR.
O Brasil não está alheio ao que vem ocorrendo no mercado global da construção civil. Em 2017, havia pouco mais de 250 startups voltadas para o setor construtivo. Ao final do primeiro semestre de 2018, já eram mais de 360 construtechs em atividade no país. Esse crescimento se dá porque as startups têm foco em um dos pontos nevrálgicos da construção civil global: a produtividade. “As construtoras tradicionais estão percebendo que as construtechs, de fato, ajudam a reduzir custo e a tornar mais eficiente o negócio. Por isso, vêm buscando parcerias”, relata Bruno Loreto, que em sua palestra apresentou recente estudo da Mckinsey, intitulado “Reinventando o setor de construção por meio de uma revolução na produtividade”.
A pesquisa mostra que, globalmente, a produtividade da construção não acompanha a de outros setores da economia. Em média, ela cresce 1%, enquanto a indústria de tecnologia cresce 3,6% no mesmo período. Segundo a Mckinsey, esse gap na produtividade gera um impacto de US$ 1,6 trilhão na economia mundial, ou seja, se a produtividade da construção conseguisse atingir o mesmo nível de outros setores ela agregaria um crescimento de 2% ao ano na economia mundial, além do que é conseguido hoje. O mesmo estudo revela que, globalmente, 25% das empresas ligadas à construção já perceberam que precisam investir em tecnologia para elevar a produtividade.
“Mestre de obras do futuro” já é realidade nos EUA
É aí que entram as construtechs, como a norte-americana Doxel, que com investimento de US$ 4,5 milhões fabricou um robô batizado de “mestre de obras do futuro”. O equipamento rastreia diariamente o canteiro de obras e faz a conferência das áreas construídas para ver se elas foram executadas de acordo com o que foi projetado dentro do BIM. Autônomo, o robô faz todo o serviço sem influência humana e repassa os dados para um software, que compara as informações de acordo com o especificado em projeto. A tecnologia também calcula quanto um eventual retrabalho vai custar no orçamento da obra e qual o impacto no cronograma.
O “mestre de obras do futuro” já está atuando. Em 2017, auxiliou na construção de um prédio corporativo voltado para receber consultórios em San Diego, na Califórnia-EUA. O robô atuou por quatro horas e meia todos os dias e ajudou a obra a obter um aumento de 38% na produtividade da mão de obra e a reduzir o orçamento em 11%. Isso mostra que a revolução industrial 4.0 na construção civil já está acontecendo, e que tende a aumentar conforme a “geração millennials” for assumindo postos decisivos nas empresas do setor. “Nos Estados Unidos, 37% da força de trabalho nas empresas ligadas à construção civil já são de millennials. Significa que ela já atua pensando em soluções digitais para os problemas que enfrenta no setor, e isso resulta em mais construtechs”, finaliza Bruno Loreto.
Veja o “mestre de obras do futuro” em ação
Ouça a palestra:
Entrevistado
Reportagem com base em palestra do economista Bruno Loreto, Head da Construtech Ventures, na We Shape Innovation 2018
Contato: contato@wsievents.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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