Revisão realça NBR 6118 como referência internacional
Norma-mãe do concreto evolui desde 1940, quando foi criada como NB 1, e hoje é considerada uma das mais importantes para a construção civil mundial
Norma-mãe do concreto evolui desde 1940, quando foi criada como NB 1, e hoje é considerada uma das mais importantes para a construção civil mundial
Por: Altair Santos
Depois de passar por debates no Enece 2013 (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural) e no 55º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo Ibracon, o texto revisado da ABNT NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento – está pronto para ser publicado. Os eventos serviram para aparar as últimas arestas, mesmo depois de encerrado o período de consulta pública, cujo prazo venceu dia 30 de setembro de 2013. Agora, a expectativa é de que a nova norma entre em vigor em dezembro de 2013, sem nenhum prazo de carência. Entre as novidades, em relação ao texto de 2003, e que aprimorado foi em 2007, está a de que a NBR 6118 passa a abranger classes de concreto com resistência até 90 MPa. A revisão também aprimorou os itens de segurança da norma.
Depois desta etapa, a NBR 6118 fica submetida a um comitê permanente, coordenado pela Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e voltará a passar por um processo de revisão em 2018. A cada cinco anos, a norma terá que ser modernizada para que preserve seu status de referência internacional, reconhecido pela ISO TC 71 – comitê técnico que avalia mundialmente as normas relacionadas ao concreto. “Essa é uma das poucas normas elaboradas no Brasil e reconhecida como referência internacional. Por isso, na revisão, tivemos todos os cuidados para preservar a herança que ela carrega desde a NB1, editada em 1940. Não é à toa que é considerada a norma-mãe da construção civil no país”, comenta Alio Kimura, que secretariou a revisão da NBR 6118.
Carinhosamente chamada pelos engenheiros estruturais de a “velha senhora”, a norma 6118 passou por cinco etapas de evolução. Nasceu como NB1, em 1940, no primeiro passo para que o Brasil criasse tradição na elaboração de normas. Quando concebida, a NB1 foi a primeira do mundo a tratar de cálculos abrangendo concreto e aço. Depois, na revisão de 1960, a norma seguiu inovando e abordou os problemas da resistência à característica do concreto. Em 1980, a NB1 foi registrada no Inmetro e passou a se denominar NBN 1-18. A grande reforma, porém, ocorreu em 2003 – e que foi concluída em 2007. “Naquele ano, a norma foi totalmente remodelada. A sequência de capítulos mudou drasticamente, deu-se prioridade à parte de projetos, houve a unificação de toda a parte de concreto – simples, armado e protendido – e surgiram requisitos de durabilidade e análise estrutural”, revela Alio Kimura.
Em 2008, a NBR 6118 foi aceita pela ISO TC 71 e aprovada como norma de parâmetro internacional. “Foi um trabalho que envolveu muita gente, mas hoje o Brasil tem uma norma no rol das gigantes do mundo. A NBR 6118 se alinha às melhores normas sobre estruturas de concreto existentes nos Estados Unidos, na Europa, no Japão, na Arábia Saudita e na Austrália”, cita o secretário da norma 6118, lembrando que para que ela atingisse esse estágio foi preciso que a ABNT revisasse também a NBR 15200 – Projeto de Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio – e a NBR 15421 – Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento. “Foram revisões que precisaram conciliar todas as visões. Do projetista ao fabricante, do certificador ao tecnologista”, completa.
Na revisão de 2013, além de abranger classes de concreto com resistência até 90 MPa, a NBR 6118 trata com mais detalhes da resistência à tração do concreto, revalidando vários itens. O controle de qualidade do projeto agora independe do porte da obra e as dimensões mínimas de pilares foram encorpadas, aumentando de 12 centímetros para 14 centímetros. A norma também melhorou a segurança para a produção de pilares altamente esbeltos e estabeleceu novos padrões para o uso de elementos finitos no concreto. Por fim, dá mais liberdade para que as lajes pré-moldadas sejam analisadas a partir das normas específicas para pré-fabricados.
Entrevistado
Engenheiro civil Alio Kimura, secretário da comissão que elaborou a revisão da ABNT NBR 6118
Contato: alio@tqs.com.br
Crédito foto: Divulgação/Abece
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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