Retrofit: por que esta é a nova aposta do mercado?
Técnica revitaliza edifícios antigos para que sejam reocupados ao mesmo tempo em que preserva a memória
O retrofit tem se destacado como uma solução para readequar construções antigas. Com a alta vacância de edifícios comerciais nos centros das cidades após a pandemia, esta técnica vem ganhando mais espaço.
“O Retrofit é uma forma sustentável de utilização de edificações. Edifícios antigos, geralmente sem uso e degradados em áreas urbanas são revitalizados e passam por atualizações que permitem que sejam ocupados novamente. Neste processo, busca-se melhorar a eficiência, a recuperação de estruturas e a melhoria nas condições de conforto, além de adequação às normas vigentes e a preservação da memória da edificação”, explica Renata Borges, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Estácio.
Com isso, torna-se possível ampliar a vida útil da edificação. “É importante frisar que o retrofit tem como princípio preservar a arquitetura original”, aponta Renata.
Origens do retrofit
De acordo com Renata, o retrofit surgiu no final da década de 1990, na Europa e Estados Unidos. “A princípio na área de aviação e, posteriormente, incorporado na construção civil, pela necessidade de ocupação de edifícios industriais e históricos que estavam fora das normas de uso e ocupação”, descreve Renata.
Usos do retrofit
Assim como no exterior, no Brasil o retrofit tem sido aplicado em edifícios antigos, como fábricas abandonadas, edifícios tombados, edifícios corporativos, entre outros.
“A Pinacoteca de São Paulo é um dos exemplos de aplicação de retrofit, realizado pelo escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, em que foram sanados problemas como umidade, reforço estrutural, instalação de elevadores que garantem a acessibilidade e coberturas em vidro para o melhor aproveitamento da luz solar”, comenta Renata.
Outro exemplo é o SESC Pompeia, com o projeto de recuperação de uma fábrica sem uso transformada em espaço de cultura e lazer, pela equipe da arquiteta Lina Bo Bardi.
Vantagens: por que usar o retrofit?
Em primeiro lugar, este processo permite que edificações sem condições de uso tenham sua vida útil renovada e se enquadrem nas normas atuais. “É uma forma a evitar a demolição completa, preservando assim a memória e o espaço urbano, além de reduzir a geração de resíduos da construção civil e revitalizar regiões urbanas degradadas por prédios abandonados”, cita Renata.
Outra vantagem é a de utilizar edifícios históricos destinados à novas funções que atendam a sociedade, segundo Renata.
Renata acredita também que o retrofit pode ser utilizado nas mais diversas situações, desde uma edificação histórica até uma residencial, pois este processo permite readequar a construção aos padrões atuais.
“Para a sua utilização é necessário fazer uma avaliação sobre as condições do prédio em relação à estrutura, instalações prediais (elétrica, hidráulica, lógica, entre outros) e estanqueidade, além de avaliar o valor daquela edificação para a sociedade e/ou espaço urbano. Há casos de edifícios residenciais e corporativos sendo submetidos ao retrofit em função das necessidades do mercado imobiliário em diversas regiões de urbanas”, conta Renata.
As arquitetas Jéssica da Hora e Ana Jorge Castelão, do escritório, Jorge & daHora Arquitetura e Interiores, apontam que a renovação elétrica também é um benefício, uma vez que reduz riscos de acidentes e incêndios por fiação antiga, bem como o consumo de energia. Outra vantagem é a valorização do imóvel, além da sustentabilidade.
Quando utilizar o retrofit?
O retrofit pode ser utilizado nas mais diversas situações, desde uma edificação histórica até uma residencial. “Este processo permite readequar a construção aos padrões atuais. Para a sua utilização, é necessário fazer uma avaliação sobre as condições do prédio em relação à estrutura, instalações prediais (elétrica, hidráulica, lógica, entre outros) e estanqueidade. Além disso, é preciso avaliar o valor daquela edificação para a sociedade e/ou espaço urbano. Há casos de edifícios residenciais e corporativos sendo submetidos ao retrofit em função das necessidades do mercado imobiliário em diversas regiões urbanas”, menciona Renata.
Jéssica e Ana também apontam que pode ser utilizado quando os custos de manutenção de um local ficam muito caros, como mecanismos de aquecimento antigo. “A conta de energia elétrica também pode ser um bom motivo para se pensar em retrofit, já que sistemas elétricos antigos aumentam os gastos. Também é possível utilizar a técnica para deixar espaços acessíveis, com sistemas de segurança, elevadores inclusivos, rampas, etc”, esclarecem.
Etapas do retrofit
Renata relata as fases envolvidas neste tipo de construção:
a) Após uma análise inicial, o projeto será elaborado determinando as demolições necessárias (geralmente internas). “As condições estruturais são avaliadas e soluções de reforço estrutural são desenvolvidas (geralmente necessário quando há mudança de uso, principalmente). As instalações elétricas e hidráulicas são refeitas na maior parte das vezes, em função de normas técnicas terem sido atualizadas para trazerem mais segurança e maior economia no uso”, comenta Renata.
b) São avaliadas as condições de desenho universal e aplicadas soluções que permitam a edificação ser utilizada pelo mais variado público. “Em resumo, há a necessidade de desenvolver um levantamento do local, elaboração de projetos de arquitetura, estrutura, instalações elétricas e hidráulicas, projetos de lógica, acessibilidade, combate e proteção à incêndio”, justifica Renata.
c) Ao final, a compatibilização destes projetos que envolvem diversos profissionais deve ser feita antes de iniciar as obras, permitindo assim um processo de sucesso e sem surpresas dos pontos físicos e financeiros.
Retrofit é mais barato?
A aplicação de um projeto de retrofit pode ser até 50% mais barato do que iniciar uma obra do zero. “Isso porque se a estrutura e suas vedações estiverem adequadas a receber reforço, será gerada uma grande economia, além de ganharmos na sustentabilidade, ao gerar menos resíduos”, defende Renata.
No entanto, segundo Jéssica e Ana, tudo depende do que será renovado, de quais tecnologias serão inclusas, da metragem quadrada e da valorização imobiliária do local. “A ‘idade’ do local também é um fator. Quanto mais antigo, mais cara a revitalização se torna”, pontuam.
Entrevistadas
Renata Borges é Arquiteta e Urbanista, formada pela Universidade do Grande ABC em 2001, especialista lato sensu em Arquitetura e Iluminação pelo IPOG-SP (2016). É mestranda em Arquitetura e Urbanismo, na área de concentração de Tecnologia da Arquitetura, subárea Conforto Ambiental, Eficiência Energética e Ergonomia, com foco de pesquisa em Iluminação Elétrica e Human Centric Lighting. Professora nos cursos de Design de Interiores e de Arquitetura e Urbanismo desde 2005. Atua no mercado desde 1997, e como arquiteta desde 2001 em escritório próprio, nas áreas de arquitetura de interiores residenciais e comerciais, projetos de iluminação e nas áreas legais da arquitetura, saúde, segurança contra incêndio e meio ambiente. Atualmente, é professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Estácio.
Ana Castelão Jorge e Jéssica da Hora são arquitetas e co-fundadoras do escritório Jorge & daHora Arquitetura e Interiores, presente há 2 anos no mercado e especializado em projetos comerciais e residenciais.
Contatos
redborges@gmail.com
dahora.arq@gmail.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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