Represa Billings completa 100 anos

Obra de engenharia reverteu o curso de rios, utilizando o desnível da Serra do Mar na década de 1920

Projeto reconfigurou a geografia da região e foi o alicerce para a expansão urbana e industrial da cidade
Crédito: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

No ano de 2025, comemora-se 100 anos da construção da Represa Billings. Esta importante obra de engenharia foi construída na década de 1920, com o intuito de ser um reservatório para geração de energia hidrelétrica.  

“Sem dúvidas, a Represa Billings teve um papel fundamental no crescimento urbano de São Paulo e da região do ABC. Além de ser responsável por 11% da produção de água utilizada no abastecimento da região, segundo a Sabesp, ela também desempenha uma função importante no controle de enchentes”, destaca Ariston da Silva Melo Junior, professor de Engenharia civil e engenharia ambiental, do Centro Universitário FMU. 

O início do projeto

Na década de 1920 a cidade de São Paulo passou por um importante processo de industrialização, que levou a um aumento da população na época. Esse incremento populacional, aliado a uma forte estiagem que ocorreu nos anos de 1924 e 1925, levou a redução de cerca de 30% do fornecimento de energia elétrica, segundo informações do Atlas Socioambiental de São Bernardo do Campo.

Naquele período, a empresa canadense The São Paulo Railway Light & Power era responsável pela concessão do sistema de energia elétrica no Brasil. Diante desse contexto, o engenheiro Asa White Kenney Billings passou a analisar o chamado “Projeto da Serra”, que visava reverter o curso dos rios, utilizando o desnível da Serra do Mar.

“Este projeto audacioso não só reconfigurou a geografia da região, mas também foi o alicerce para a expansão urbana e industrial da cidade”, destaca o documentário “Billings 100 Anos”.

Para Melo Junior, as principais inovações da Represa Billings à época foram a concentração das águas por meio da construção de diques na região do Planalto, com o objetivo de barrar as águas das nascentes. “Além disso, houve a inversão do fluxo do rio Pinheiros e o desvio de parte das águas do rio Tietê para o reservatório da Billings, o que resultou em um aumento da vazão”, explica o professor.

Como funcionou o projeto na prática?

Segundo o Atlas Socioambiental de São Bernardo do Campo, a Região Metropolitana de São Paulo localiza-se em uma área de cabeceira, marcada pela presença de diversas nascentes. A Serra do Mar atua como uma barreira natural que direciona o fluxo dos rios para o interior paulista, em vez de conduzi-los ao litoral.

Para possibilitar a geração de energia, foi necessário represar os cursos d’água e redirecionar seu trajeto de forma artificial rumo ao litoral, aproveitando o desnível proporcionado pela Serra do Mar. Nesse contexto, foi criado o Reservatório Rio das Pedras, a partir do represamento dos rios Grande e das Pedras. A água acumulada é transportada por túneis até adutores que descem a serra, chegando à Usina Henry Borden, em Cubatão, que começou a operar em 1926.

“O sistema de bombeamento reverso associado à Usina Henry Borden consiste na técnica de transferir água de um ponto de menor altitude para um de maior altitude. Esse processo é realizado durante períodos de baixa demanda energética — como no inverno — utilizando energia excedente proveniente de outras fontes geradoras. A água acumulada é, então, utilizada posteriormente para acionar as turbinas da usina hidrelétrica”, explica Melo Junior.

Desafios

Os maiores desafios de engenharia na construção da Represa Billings estão, sem dúvida, relacionados às questões ambientais e à ocupação do solo. “Inicialmente, enfrentou-se o problema da poluição das águas e do comprometimento da biota aquática (conjunto de seres vivos que vivem em ambientes aquáticos). Além disso, houve a ocupação irregular do solo, com o surgimento de favelas em partes da bacia hidrográfica da Billings’, explica o professor.

Situação atual da Represa Billings

Segundo Melo Junior, a Represa Billings atualmente necessita de diversas melhorias. “Entre elas, destacam-se a eliminação de esgoto clandestino e do lixo acumulado ao redor da represa, além da adoção de fossas sépticas nas áreas ao redor, como forma de minimizar a poluição. É fundamental também a implementação de um plano mais criterioso para construções em áreas de mananciais que abastecem a represa. Um ponto que pode — e deve — ser reforçado é a maior participação do Comitê de Bacia do Alto Tietê. Isso é essencial, pois, com a atuação conjunta do setor público e da sociedade, podemos garantir maior eficiência do sistema e, principalmente, a sustentabilidade hídrica, tão importante para a população”, conclui o professor.

Assista ao documentário Billings 100 Anos:

Fontes

Prefeitura de São Bernardo do Campo – Atlas Socioambiental de São Bernardo do Campo

Documentário Billings 100 anos

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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