Queda de 45% na venda de equipamentos é histórica
Dados da Sobratema mostram que projeções para 2017 estimam retomada de crescimento do setor de máquinas para a construção civil
Dados da Sobratema mostram que projeções para 2017 estimam retomada de crescimento do setor de máquinas para a construção civil
Por: Altair Santos
O segmento de equipamentos para a construção civil é considerado um dos melhores parâmetros para o setor medir as tendências de crescimento ou de queda no volume de obras em todo o Brasil. A venda de máquinas sinaliza não apenas que existem construções em andamento, mas que há viabilidade econômica para que outros projetos saiam do papel. No entanto, se as vendas caem, o sinal é de retração no mercado. Foi isso o que aconteceu em 2016, com uma queda histórica de 45% no comércio de equipamentos para a construção. “Os números demonstram que houve uma desconstrução da economia brasileira de 2014 para cá”, afirma o presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), Afonso Mamede.
A retração de 45,1% registrada em 2016 é em comparação a 2015, que também não foi um período bom. No ano passado, foram comercializadas 26,2 mil unidades. Neste ano, estima-se que sejam vendidas 14,4 mil, considerando que o mês de dezembro tradicionalmente é o mais fraco para o fechamento de negócios no setor de máquinas para a construção civil. “Podemos dizer que, desta vez, nem a linha amarela (equipamentos para movimentação de terra) escapou. Em 2014, foram vendidas 30 mil máquinas; em 2015, 12 mil, e, neste ano, não chegaremos a 8 mil unidades”, diz Afonso Mamede. A linha amarela vai fechar 2016 com retração de 36,5% em relação a 2015. Outro número que demonstra o tamanho da crise está no mercado de locação de equipamentos, onde 2/3 do maquinário ficou parado neste ano.
Betoneiras
Entre as máquinas usadas na construção civil, as escavadeiras hidráulicas foram as que tiveram a menor queda nas vendas (21,4%), seguidas de tratores de esteira (24,2%). Já a maior queda foi registrada na venda de rolos compactadores (68,7%). Também teve queda acentuada o comércio de gruas, guindastes, compressores portáteis, plataformas aéreas, manipuladores telescópicos e tratores de pneus, cuja retração chegou a 63% em relação a 2015. Já o segmento de caminhões rodoviários, que inclui betoneiras, centrais de concreto e caminhões para lançamento de concreto teve queda de 51,5% nas vendas. Os números são do estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de equipamentos da Construção, divulgado no começo de novembro, em São Paulo-SP.
Para 2017, o mesmo estudo prevê crescimento lento, que pode variar entre 7% e 10%. “Esses percentuais não minimizam as perdas acumuladas pelo setor, e que vêm desde 2011, mas sinalizam para uma retomada que pode se consolidar ou não, dependendo das ações governamentais, principalmente no que se refere às obras de infraestrutura. Há inúmeros empreendimentos parados, e por fazer. O Brasil carece de estradas, ferrovias, portos e aeroportos. Já é consenso de que essas obras precisam ser viabilizadas. Se o país conseguir destravá-las, seguramente o segmento de equipamentos para a construção civil voltará a crescer”, avalia Afonso Mamede. Segundo o dirigente, o sucesso do setor está diretamente relacionado com as obras públicas, o que explica a forte retração em 2016.
Entrevistado
Engenheiro civil Afonso Mamede, presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção)
Contato
sobratema@sobratema.org.br
Crédito Foto: Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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