Qualidade de vida da obra depende de quem vai habitá-la
Uma construção só pode ser considerada sustentável se sua estrutura for bem utilizada, preservada e revitalizada pelos condôminos
Uma construção só pode ser considerada sustentável se sua estrutura for bem utilizada, preservada e revitalizada pelos condôminos
Mais do que um conceito, o termo prédio verde virou moda. Mas a pergunta que não quer calar é: até onde uma edificação consegue atingir um alto nível de sustentabilidade se quem for habitá-la não estiver conectado com o projeto? Segundo o vice-presidente da área de Condomínios do Secovi-PR (Sindicato de Habitação e Condomínios do Paraná), Dirceu Jarenko, a qualidade de vida de uma construção depende 50% de quem a concebeu e 50% de quem vai ocupá-la. É preciso que o morador absorva o conceito de sustentabilidade, analisa.
Entre a teoria e a prática, o que se percebe é que é difícil chegar a essa composição. Recente pesquisa do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) realizada em São Paulo revelou que, de cada 10 edifícios na capital paulista, 4 têm características de prédio doente. Não existem dados semelhantes no Paraná, mas segundo definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) um condomínio é classificado como doente quando cerca de 20% de seus ocupantes apresentam sintomas como mal-estar, sensação de fadiga, dor de cabeça, espirros, lacrimejamento e ardor nos olhos, coriza, tontura, tosse seca e alterações na pele.
Mas de onde vêm essas patologias? Segundo Dirceu Jarenko, prédio doente é aquele que apresenta infiltrações em garagens, casa de máquinas, janelas e banheiros, gerando áreas de bolor, além de danos estruturais, com ferragens expostas e corroídas. Isso contribui para que o habitante fique mais vulnerável a certos tipos de doenças, diz. Para reverter esse quadro patológico, é preciso chegar à seguinte equação: conscientização dos condôminos mais a contratação de especialistas capazes de reverter o quadro.
Atitudes necessárias
O primeiro passo é estabelecer um cronograma de manutenção predial periódico, para realizar as manutenções corretivas e viabilizar também as obras preventivas. Isso passa pela contratação de peritos, engenheiros e arquitetos. Some-se a isso a conservação das áreas comuns e privativas, o uso racional de energia e água, bem como a adequada coleta e separação do lixo.
Para prédios antigos que queiram alcançar a sustentabilidade já existe até um novo conceito: o retrofit. Ele consiste na adaptação tecnológica das instalações elétricas, hidráulicas e dos principais equipamentos das áreas comuns dos edifícios, para aumentar a vida útil do imóvel e dar qualidade de vida a quem o habita. O retrofit tornou-se uma opção para os edifícios corporativos ou prédios tombados pelo patrimônio histórico. Em Curitiba, a revitalização do Paço Municipal tornou-se um bom exemplo. Aplicamos nele conceitos de prédio verde e o transformamos em uma obra histórica e saudável, explica o arquiteto Abrão Assad, que atuou na recuperação do edifício.
Fonte: Dirceu Jarenko: djarenko@terra.com.br
Brasília terá 1.º bairro verde do Brasil
A Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap – começou a tirar do papel este ano o projeto de bairro sustentável: o Noroeste. A última área passível de ocupação prevista pelo arquiteto Lucio Costa terá ao todo 15 mil unidades residenciais, divididas por 220 prédios, para abrigar 40 mil pessoas.
Para morar no Noroeste será preciso estar atento a algumas regras estabelecidas pelo bairro. Por exemplo: a proibição do uso de chuveiro elétrico. Além disso, ao comprar o imóvel, o morador receberá uma espécie de manual de instruções do bairro verde, chamado “Plano de gerenciamento ambiental integrado”. Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Brasília, Cássio Taniguchi, além de dar orientações sobre as construções nos lotes, o manual deverá promover a conscientização ambiental.
O modelo do Noroeste pretende retirar os caminhões de coleta e contêineres das ruas. O lixo, separado em orgânico e inorgânico, será retirado do imóvel por uma rede de sucção, formada por tubos e canos que o levarão até uma central de reciclagem e tratamento. Os prédios terão, além de coletor solar, janelas grandes para absorver o máximo de luminosidade do dia. O bairro pretende também incentivar a diminuição do fluxo de carros por meio de ciclovias e transportes públicos nas ruas da região.
Agora, é fato que o custo de todos esses cuidados sustentáveis na construção pode sair caro para os que desejam morar no Noroeste: o investimento na infraestrutura de prédios sustentáveis leva a um acréscimo de 5% em relação a um projeto padrão. Mas a redução no consumo de energia e água compensa o investimento no futuro. O preço do metro quadrado construído do Noroeste está girando em torno de R$ 8 mil. A maioria dos lotes foi vendida a R$ 12,5 milhões, sendo que o preço máximo alcançado foi de R$ 13,6 milhões e o menor preço, R$ 10,6 milhões. O apartamento de três quartos custa R$ 600 mil em média.
Fonte: Jornal O Globo
Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330 Tempestade Comunicação
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