Projeto muda perfil urbano da Linha Verde
Prefeitura de Curitiba estimula mercado imobiliário a construir no entorno da avenida, que envolve 22 bairros da capital.
Prefeitura de Curitiba estimula mercado imobiliário a construir no entorno da avenida, que envolve 22 bairros da capital
Por: Altair Santos
A cadeia produtiva da construção civil instalada em Curitiba ganhou o incentivo que precisava para manter-se superaquecida. A prefeitura da cidade vai colocar em andamento, a partir de 2012, a Operação Urbana Consorciada Linha Verde. Trata-se de um programa que pretende estimular o mercado imobiliário a construir no entorno da avenida, e que engloba 22 bairros da capital paranaense. O plano será incentivado pela emissão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs). São títulos de potencial construtivo, que, segundo projeções da prefeitura, devem gerar investimento de R$ 3 bilhões ao longo de 4 anos.
Os Cepacs potencializam uma área de construção de 4,475 milhões m2 ao longo do eixo urbano que corta Curitiba de norte a sul. Os títulos serão lastreados pela Câmara de Valores Mobiliários (CVM) e terão valor mínimo de R$ 200,00. A partir da vigência da lei, que ainda tramita na Câmara de Vereadores de Curitiba, o município poderá negociar os Cepacs na Bovespa (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo) emitindo em etapas 4,83 milhões de títulos, que poderão ser comprados por pessoa física ou jurídica. “O projeto representará um incremento significativo de obras, a partir da parceria público-privada”, avalia o presidente do SindusCon-PR, Normando Baú.
A operação pretende mudar o perfil do entorno da Linha Verde, que hoje ainda concentra empreendimentos muito vinculados aos tempos em que o eixo era apenas uma extensão da BR-116. “A intenção do projeto é a diversificação de uso. Então, um percentual será para o setor habitacional e outros para negócios, como shopping centers, edifícios comerciais ou de uso misto”, explica o arquiteto e urbanista Alexandre Pedrozo, da Ambiens Sociedade Cooperativa – Observatório de Políticas Públicas. Para implementar a mudança, a prefeitura de Curitiba dividiu a avenida em 3 setores: norte, central e sul.
Ao norte serão 1,28 milhão m2, dos quais 75% (960 mil m2) para empreendimentos residenciais e 25% (320 mil m2) para não residenciais (comércio e serviços). Na área central, 1,27 milhão m2 – 60% (765 mil m2) para residências e 40% (510 mil m2) para edificações não residenciais. Ao sul, 1,92 milhão m2 de área adicional de construção, sendo 80% (1.535 mil m2) para habitações e 20% (385 mil m2) para empreendimentos comerciais.
Revisão do atual projeto
Os 3 setores somam 4,475 milhões de m2 de área, sendo 73% (3,26 mil m2) para habitações e 27% (1,21 mil m2) para o comércio e serviços. “A Operação Urbana redesenha o produto imobiliário da cidade. Ao invés de eu lançar o meu empreendimento de escritórios na rua X, eu vou lançar na Operação Urbana da Linha Verde. Em termos de diversificação de uso, o projeto está bem interessante”, complementa Alexandre Pedrozo, destacando que a operação também irá propiciar uma revisão do atual projeto da Linha Verde, permitindo, por exemplo, que cruzamentos sejam substituídos por trincheiras. “Haverá também uma requalificação no projeto.”
O plano prevê a construção de 9 trincheiras e 18 praças (duas por trincheira, uma em cada lado) para o acesso e a transposição segura da Linha Verde por pedestres e ciclistas. Os equipamentos serão implantados entre as estações de transporte. Serão passagens livres, sem cruzamentos, distantes um quilômetro entre si, que valorizarão os empreendimentos pela facilidade de transposição e a existência de áreas verdes. Sob o gerenciamento do Ippuc e das secretarias municipais de Meio Ambiente e Obras Públicas, o projeto também irá mapear áreas de riscos de enchentes no entorno da Linha Verde.
Entrevistado
Alexandre Pedrozo, arquiteto e urbanista da Ambiens Sociedade Cooperativa – Observatório de Políticas Públicas
Currículo
– Arquiteto e urbanista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
– Especialista em políticas do solo, formado pelo Lincoln Institute, e em produção do espaço urbano e regional
– Trabalha desde 1997 com planos diretores municipais no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul (2003-2006)
– Atuou como consultor do ministério das Cidades e integrou equipes de planos de estruturação urbana nas províncias de Luanda e Kwanza Norte em Angola.
– Também foi professor de especialização da UFPR na disciplina instrumentos de gestão urbana e ambiental
Contato: alexandre@coopere.net
Crédito: Joel Rocha/SMCS
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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