Prevenção é a melhor solução contra catástrofes
Apesar de a engenharia já dispor de técnicas para construir em áreas de risco, o ideal é que essas regiões sejam preservadas.
Apesar de a engenharia já dispor de técnicas para construir em áreas de risco, o ideal é que essas regiões sejam preservadas
Por: Altair Santos
Para o presidente da ABENC (Associação Brasileira de Engenheiros Civis), Ney Fernando Perracini de Azevedo, o acidente natural que ocorreu no início de 2011 na região serrana do Rio de Janeiro, e que resultou em quase 900 mortes, segundo números oficiais, foi uma catástrofe anunciada. Em novembro de 2010, no 2.º Seminário Brasileiro sobre Catástrofes Naturais e Antropogênicas, realizado coincidentemente no Rio de Janeiro, o alerta já havia sido dado. “Levamos a preocupação às autoridades do Rio e mostramos um fundo de vale cheio de casas nas encostas. Quando apresentamos as fotos, o público ficou abismado. Era um risco real, e aconteceu”, disse o dirigente.
De acordo com Perracini, há no Brasil uma política muito tênue de prevenção contra as chuvas, que é o principal acidente natural a que o país está exposto. “Falta mapeamento de riscos, que deveria ser uma incumbência dos municípios; falta uma fiscalização mais rigorosa, porque há muitas ocupações em áreas irregulares, e faltam planos diretores mais rigorosos”, avalia. No entender do presidente da ABENC, essa política deveria ir muito além da atuação da Defesa Civil, cuja função é atender a emergência e não fazer a prevenção. “É preciso não só uma política nacional, mas estadual e municipal. Principalmente o município precisa desenvolver projetos urbanos que evitem essas catástrofes”, diz.
Os seguidos acidentes naturais no país desencadearam no surgimento da engenharia civil emergencial, que envolve especialistas capazes de saber o que fazer em situações de catástrofe. “Durante o caos é preciso ter gente capacitada para dizer o que é preciso ser feito. Já ouvimos relatos de engenheiros que, quando chegavam ao local de um acidente, viam trator trabalhando em área prestes a desmoronar ou a população presente em um local que deveria estar isolado. Então, surgiu a engenharia civil emergencial para orientar o que deve ser feito. Agora, prevenção é outro aspecto e passa pelo planejamento urbano”, comenta Ney Fernando Perracini de Azevedo.
Como construir
Atualmente, um dos centros de excelência em gestão de risco contra catástrofes naturais encontra-se na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde funciona o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED). Na segunda semana de fevereiro de 2011, houve um encontro entre diretores do CEPED e o consultor oficial do Banco Mundial em gestão de risco e desastre, Aires Zulian da Conceição. Na reunião foram apresentados os projetos e estudos atualmente desenvolvidos na área de desastres, os quais serão incorporados às diretrizes do Plano Nacional de Gestão de Integração de Riscos (GIRD), e que são: gestão para reduzir riscos e ações para responder com rapidez aos desastres.
De acordo com o geólogo e engenheiro Ruan Antonio Altamirano Flores, do CEPED, uma das medidas é impedir que a população avance clandestinamente sobre esses locais ou aquela que já está instalada continue cavando a encosta para a construção de moradias. “Isso desestabiliza todo o morro. Daí, a força da gravidade, aliada às causas naturais, como fortes chuvas, pode provocar deslizamentos”, diz. Segundo Flores, uma maneira de construir em áreas de encosta, desde que haja permissão do poder público, é usar pilares para evitar que o corte desestabilize o morro. No entanto, alerta, toda a operação deve ser precedida de um estudo feito por especialistas, que deve ser contratado por quem realiza a obra.
O presidente da ABENC ressalta que hoje a engenharia brasileira está preparada para construir em qualquer lugar, mas o ideal é que as áreas de risco sejam poupadas. “Por que ocupar uma área de risco se tem outras para se construir? É evidente que não adianta fazer uma construção numa encosta que vai deslizar. Mesmo que se usem todas as boas técnicas de construção virá tudo abaixo. O morro quando desce, desce inteiro, levando não só uma casa, mas um bairro todo como a gente viu nas imagens da tragédia na região serrana do Rio”, disse.
Tipos de acidentes naturais mais comuns no Brasil
Inundações
Áreas de risco: planícies aluviais e áreas baixas do litoral.
Prevenção: construir diques, erguer barragens, limpar o leito dos rios e impedir construção nas áreas de risco.
Agravamento pelo homem: construção nas áreas de risco, obstáculos no leito dos rios, desmatamento e impermeabilização do solo.
Desabamentos, deslizamentos e avalanches
Áreas de risco: regiões com declive acentuado, montanhas e locais cuja composição do solo seja favorável a esse tipo de acidente
Prevenção: impedir construções e erguer muros de suporte
Agravamento pelo homem: desmatamento das vertentes
Entrevistado
Ney Fernando Perracini de Azevedo, presidente da ABENC (Associação Brasileira de Engenheiros Civis)
Currículo
Ney Fernando Perracini de Azevedo é engenheiro civil, formado pela UFPR em 1965. Trabalhou no Comitê Coordenador dos Estudos Energéticos da Região Sul do Brasil (Comitê Sul), que realizou os primeiros estudos do aproveitamento integrado do potencial energético da região. Atuou por 30 anos na Copel, em atividades relativas às obras das usinas de Salto Osório e Foz do Areia, na manutenção de obras civis e, por mais de 16 anos, na Assessoria da Presidência da Empresa. Foi professor da Faculdade Católica de Administração e Economia (FAE), por sete anos. Aposentou-se como Professor Adjunto da UFPR, onde lecionou por 30 anos disciplinas relativas à Estatística e Qualidade. Presidiu o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) por três gestões e presidiu o Departamento do Paraná da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC/PR).
Contato: presidencia@abenc.org.br
CEPED UFSC
Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, da Universidade Federal de Santa Catarina
O que é
O CEPED UFSC atua nas áreas de ensino, pesquisa e extensão relacionadas à redução de riscos de desastres, com a finalidade de cooperar para o desenvolvimento técnico, científico e cultural da sinistrologia e de sua difusão junto à sociedade.
Foi constituído pelo Acordo de Cooperação Técnica assinado em 13 de novembro de 2000, atende à Política Nacional de Defesa Civil e posteriormente ao Decreto nº 5.376 de 17 de fevereiro de 2005.
A cooperação se estabelece entre o Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil; o Estado de Santa Catarina, por meio do Departamento Estadual de Defesa Civil; e a Universidade Federal de Santa Catarina.
Contato: ceped@ceped.ufsc.br
Créditos Fotos: Agência Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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