Presidente da CBIC antevê nova onda de crescimento
Avanços como taxa Selic a 6,75%, índice de confiança em ascensão e oportunidades para investimento em infraestrutura tendem a reverter paralisia
Avanços como taxa Selic a 6,75%, índice de confiança em ascensão e oportunidades para investimento em infraestrutura tendem a reverter paralisia
Dados apresentados pelo presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, em palestra realizada no começo de março de 2018 na sede do SindusCon-PR, revelam que a construção civil começa a antever uma nova onda de crescimento, mesmo que em um ritmo lento e gradual.
Há quatro pontos elencados pelo presidente da CBIC que dão sustentação para esse ambiente de otimismo: a taxa Selic a 6,75%, o que tende a canalizar dinheiro do mercado financeiro para investimento; o índice de confiança do setor, que voltou a crescer; a disposição de bancos privados em entrar no mercado de financiamento imobiliário, o que já se torna realidade através dos números deste início de 2018, e as movimentações para atrair o setor privado para as grandes obras de infraestrutura.
José Carlos Martins lembra que, feito o ajuste macroeconômico pelo qual o Brasil passou, com o encaminhamento do ajuste das contas públicas e o controle da inflação, é inexorável que o país tenha de buscar o crescimento sustentável, sob risco de perder o que conquistou de 2016 para cá. Isso, segundo ele, passa por uma nova realidade do setor financeiro, que tende a deixar de investir em papéis para migrar para o investimento produtivo.
Segundo o presidente da CBIC, não restam dúvidas de que o Brasil caminha para uma nova onda de crescimento. “Hoje, com este novo cenário, as instituições financeiras terão de buscar as empresas no mercado para gerar novos negócios, a fim de ampliar resultados e ter rentabilidade. Trata-se de uma mudança muito grande, principalmente para a indústria da construção, pois o investimento vai migrar do papel para o investimento produtivo”, destaca.
Martins avalia que, no que se refere a investimentos em obras de infraestrutura, o processo será mais lento, pois a desistência do governo federal em não levar adiante a reforma da Previdência, assim como a legislação que definiu o teto de gastos, praticamente impede o investimento público em megaobras. No entanto, ele assegurou que há um trabalho forte em Brasília para permitir que o investimento privado entre definitivamente no setor de infraestrutura.
Mercado imobiliário será o indutor em 2018
Outros aspectos que tendem a tornar os investimentos em infraestruturas mais lentos estão relacionados à corrida presidencial e à insegurança jurídica. “Tudo isso depende de decisões políticas”, completa. Por isso, José Carlos Martins avalia que 2018 terá o mercado imobiliário como principal indutor do crescimento da construção civil.
Em sua explanação, o presidente da CBIC trouxe números relevantes, que envolvem o último trimestre de 2017 e o mês de janeiro de 2018. Dados consolidados do país revelam que, entre outubro e dezembro do ano passado, as vendas cresceram 9,4%, os lançamentos aumentaram 5,2% e o estoque de imóveis novos já construídos baixou 12,3%, em comparação com o mesmo período de 2016.
Outro detalhe relevante é que, em janeiro de 2018, bancos privados, como Santander e Bradesco, realizaram mais financiamentos imobiliários que a Caixa Econômica Federal. Para José Carlos Martins, isso já é um sinal de que as instituições financeiras estão mudando sua forma de atuar, diante de um cenário de inflação baixa e juros baixos. “A Caixa não vai ser mais aquele indutor de financiamentos como era. Os bancos privados vão ser obrigados a entrar, e já estão entrando”, comemora Martins.
Confira o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, da CBIC
Entrevistado
Engenheiro civil José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Contato: presidencia@cbic.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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