Prédio de Curitiba será quase 5 vezes maior que o Cristo Redentor
Fundação do edifício foi concluída em dezembro e sua concretagem levou três dias para ser realizada
Com 179 metros, o OÁS está sendo construído em Curitiba (PR) com a promessa de ser o edifício mais alto da cidade. O empreendimento está localizado no bairro Champagnat e tem previsão de conclusão em abril de 2027. Se a construção fosse finalizada hoje, estaria no top 10 dos prédios mais altos do Brasil, superando o último colocado nesse ranking, que alcança 172 metros. Outra curiosidade sobre o empreendimento é que quando a obra for concluída, o OÁS será 4,7 vezes maior que o Cristo Redentor. O empreendimento é da incorporadora GT Building e está em construção pela Thá Engenharia.
Confira detalhes do projeto e da construção do OÁS:
Fundação
Em dezembro de 2023, foi concluída uma importante etapa da construção do OÁS: a sua fundação. Para suportar a estrutura de 50 andares do arranha-céu em Curitiba, que tem um peso estimado de cerca de 70 mil toneladas, a fundação foi construída com uma profundidade de 21 metros, o que corresponde à altura de um prédio de seis andares. A fundação escolhida para a obra foi estaca de grande diâmetro com lama, embutida na rocha. “O que motivou a escolha foi principalmente pelas cargas de fundação, em que tivemos que embutir as estacas de fundação na rocha para fazer frente aos grandes esforços de solicitação da estrutura”, comenta Heron Martinelli, engenheiro e gerente do Grupo Thá.
Essa base é composta por três elementos principais. O primeiro deles é a cortina de contenção em parede de diafragma, com mais de 200 tirantes estrategicamente posicionados para garantir eficiência na contenção do solo. Já a composição, por sua vez, conta com estacas de 35 pés (o equivalente a 10,68 metros) de profundidade, ancorando o edifício com segurança nas características geológicas específicas da região. Por fim, estão os blocos estruturais, que atingiram o total de 23.300 m³ de concreto de alto desempenho e aproximadamente 2 toneladas de aço.
O grande desafio da concretagem da fundação foi o volume: 1.144 m3, divididos em 143 caminhões, utilizados no bloco. “A equipe THÁ, em conjunto com a Daher e a equipe da Concrebras, precisou estudar a forma de concretagem para atender o volume. O resultado apontou que teríamos de dividir o volume em três dias de concretagem e assim tivemos que usar três tipos de concreto para cada dia. Usamos concreto fluido com e sem retardador de pega, concreto bombeado convencional, tudo com cerca de 100 kg de gelo por m3”, revela Martinelli.
A respeito do clima, o engenheiro Sergio Davidovicz, especialista técnico de concreto da Concrebras, conta que foi um desafio o lançamento do concreto abaixo da temperatura de 20 ºC, necessária para não ultrapassar o limite de 65 °C após hidratação do cimento. “A temperatura ambiente estava em torno de 30 °C, o que dificultou alcançar esse objetivo. Houve a necessidade da adição de 100 kg/m3 de gelo em substituição à água do traço. Foram utilizadas nesta concretagem 115 toneladas de gelo em escamas. A logística de atendimento, combinada com a adição de gelo e sílica ativa também foi um grande diferencial para a concretagem, o qual utilizamos duas bombas de concreto com vazões médias de 50 m3/hora cada”, lembra Davidovicz.
Desafios da construção de prédios altos
Ao construir edifícios altos, é comum ter que lidar com desafios como o transporte vertical de pessoas e materiais. Na construção do OÁS, Martinelli conta que o OÁS vai contar com uma grua, dedicada a estrutura, além de três elevadores de alta velocidade para a subida dos outros materiais e dos trabalhadores, sendo esses três elevadores escalonados.
Leia também: Quão alto podemos construir?
Em relação à altura do empreendimento, uma série de estudos foram realizados para projetar as possibilidades de construção. Um deles é relacionado ao túnel de vento, feito por uma empresa britânica que, por meio de dados coletados por institutos de meteorologia e da posição dos edifícios vizinhos à obra, simulou um ensaio climático para deduzir o vento que atingirá o edifício e seu entorno.
“Durante a fase de projetos foi contratado o ensaio de túnel de vento da estrutura, em que a equipe de engenheiros da THÁ e de estrutura da Kalkulo Projetos Estruturais juntamente com a Nova Fluid Mechanics, fez as análises dos esforços de vento, estabilidade, conforto de usuário e sloshing, que é o ensaio para verificar se a aceleração do prédio, quando sobre o efeito do vento, não prejudica a permanência da água em recipientes como uma piscina”, relata Martinelli.
Além disso, Martinelli destaca que, durante a fase de concepção do projeto arquitetônico, este foi submetido ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) por intermédio de uma empresa especializada. O projeto incluiu detalhes específicos, como o cone do edifício, para obter a necessária liberação para a construção da edificação.
A Concrebras também participará da estrutura do edifício OAS. “O desafio será a realização das concretagens em alturas elevadas, o que exige equipamentos de bombeamento com grande performance, com alta pressão e com características de segurança compatíveis. Quanto ao concreto, deverá permanecer plástico durante todo o processo de bombeamento, para que mantenha as condições de lançamento, adensamento e acabamento compatíveis com a qualidade exigida da obra”, comenta Davidovicz.
Projeto arquitetônico
Entre os 50 andares do empreendimento, os últimos três se destacam como uma zona de lazer destinada aos residentes. No 48º andar, encontra-se uma piscina que é acompanhada por um projeto paisagístico, sauna e um espelho d’água. Neste mesmo andar, uma área de balanço com piso de vidro proporciona uma vista panorâmica de 360º da cidade. Os andares 49º e 50º encantam com uma área gourmet, bar de champanhe e uma luneta para a observação das estrelas. Além desses espaços, o 5º e o 25º andar também serão ambientes compartilhados, oferecendo comodidades para as atividades do dia a dia.
Sustentabilidade
O empreendimento OÁS está comprometido com a sustentabilidade, sendo anunciado como um empreendimento Carbono Zero. De acordo com Martinelli, isto significa que ele busca compensar as emissões de carbono geradas durante todas as fases da construção por meio de iniciativas de recuperação de áreas degradadas e preservação de florestas nativas. Além disso, o OÁS conta com diversas certificações de eficiência energética e bem-estar, incluindo GBC Condomínio, LEED, PBE Edifica e Fitwel. Entre suas práticas sustentáveis, destacam-se a utilização de módulos fotovoltaicos para as áreas comuns, sistema de reaproveitamento de água de chuva e utilização de água cinza nas descargas.
O OÁS também é reconhecido por ter implementado tecnologias eficientes para atender às normas do EDGE, buscando uma redução significativa no consumo de energia, água e energia embutida em materiais. “O EDGE é composto por um software gratuito e que permite a avaliação de um projeto de construção de acordo com uma linha de base adequada ao país em questão. Para atender ao requisito mínimo para certificação estabelecido pela norma EDGE, precisamos demonstrar uma redução de 20% no consumo de energia, água e energia embutida em materiais. O software permite ainda a avaliação de diferentes tecnologias de construção sustentável, levando em consideração o custo de investimento, economias no período operacional e identifica as tecnologias com melhor retorno para aquele projeto”, conclui Martinelli.
Entrevistados
Heron Martinelli é engenheiro e gerente do Grupo Thá.
Sergio Davidovicz é engenheiro e especialista técnico em Concrebras.
Contato
Assessoria de imprensa GT Building – giulie@excom.com.br
Sergio Davidovicz – sergio@concrebras.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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