Pré-fabricação nas obras de infraestrutura agiliza os prazos de execução

Método construtivo minimiza os impactos negativos em ambientes de construção adversos

Painel da Modern Construction Show 2024 discutiu a importância da pré-fabricação em concreto nas obras de infraestrutura viária e urbana.
Crédito: Modern Concrete Show

A pré-fabricação de componentes de concreto tem se consolidado como uma solução eficaz para projetos de infraestrutura, proporcionando maior qualidade e eficiência em obras de grande escala. Durante o evento Modern Construction Show 2024, o uso de pré-fabricados em obras de infraestrutura foi tema de um dos painéis.

A engenheira Íria Lícia Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira de Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), abriu os debates sobre o tema e destacou que a pré-fabricação oferece a vantagem de produzir em um ambiente controlado, o que eleva a qualidade dos componentes e minimiza os impactos negativos em ambientes de construção adversos, como obras subterrâneas. Além disso, a presidente executiva da ABCIC destacou que o uso de elementos pré-fabricados acelera os prazos de execução e a liberação de áreas para novos trabalhos, fator crucial em projetos com exigências rigorosas de tempo, como em obras de metrô e rodovias. Por fim, Íria ressaltou que a pré-fabricação contribui para a redução de custos operacionais e aumenta a segurança, especialmente em obras que precisam ser realizadas com a infraestrutura em operação, como duplicações rodoviárias.

Evolução do uso de pré-fabricados em obras de infraestrutura

Durante sua apresentação no Modern Construction Show, o professor e doutor Fernando Stucchi, da EGT Engenharia e da Poli-USP, compartilhou uma evolução técnica no campo das estruturas e pontes, destacando a criatividade brasileira em soluções de engenharia e o uso de pré-fabricados de concreto. Ele apresentou exemplos históricos, como a Ponte da Amizade, onde o engenheiro Sérgio Marques de Souza reduziu custos de cimbramento ao usar metade do arco para suportar o peso, e o método dos balanços sucessivos, inventado pelo brasileiro Emílio Baumgart. Esse método, desenvolvido na década de 1930, revolucionou a construção de pontes sem o uso de concreto protendido, permitindo a construção de seções consecutivas até o encontro no meio da ponte, segundo Stucchi.  

Ponte Rio-Niterói utilizou aduelas pré-fabricadas. Crédito: Envato

Com o passar dos anos, a aplicação de pré-moldados em pontes se expandiu, especialmente com o advento de tecnologias mais avançadas. Na Ponte Rio-Niterói, a utilização de segmentos pré-moldados otimizou a montagem e reduziu o tempo de execução, de acordo com Stucchi. Nos vãos de acesso sobre o mar, feitos de concreto protendido e com aproximadamente 8.000 metros de extensão, foram utilizadas aduelas pré-fabricadas, que eram coladas entre si com resina epóxi nas faces de contato. A fabricação dessas peças era realizada diretamente no canteiro localizado na Ilha do Fundão.  

Stucchi lembrou ainda do caso da construção da nova Ponte do Guaíba, no qual a utilização de componentes pré-fabricados desempenhou um papel crucial na otimização do processo e na redução de custos. O consórcio responsável optou pela pré-fabricação de diversos elementos estruturais, como estacas, vigas e pilares, que foram produzidos fora do local da obra e transportados para a montagem no canteiro. Essa abordagem industrializada permitiu maior controle de qualidade, além de acelerar o cronograma da obra e diminuir a necessidade de mão de obra intensiva no local, segundo Stucchi. Como resultado, o orçamento da ponte foi significativamente reduzido, demonstrando o impacto positivo da pré-fabricação em projetos de grande escala.

Cases modernos do uso de pré-fabricação em concreto nas obras de infraestrutura viária e urbana

Durante a apresentação, Íria lembrou de alguns cases mais recentes: 

Linha 5 do Metrô de São Paulo: Utilização de lajes alveolares de concreto protendido em ambientes subterrâneos, demonstrando a eficácia da pré-fabricação em condições desafiadoras.
Estação Osório do Metrô Rio de Janeiro e Aeroporto de Brasília: Exemplos de aplicação de novas tecnologias e sistemas de pós-tração que permitiram a conclusão das obras em tempo recorde.
Complexo Viário do Porto de Itaguaí: O projeto utilizou concreto autoadensável e sistemas mistos de pré-tração e pós-tração, adaptando-se às restrições de espaço em canteiros.
Terminal São Gabriel do BRT, de Belo Horizonte: Implementação de tecnologia de concreto autoadensável e pilares circulares, integrando cobertura metálica com elementos pré-fabricados.
Ampliação e duplicação da Rodovia Raposo Tavares e viaduto da Rodovia Carvalho Pinto: Aplicações diversas em infraestrutura rodoviária demonstram a versatilidade da pré-fabricação.

Uso de sistemas construtivos racionalizados pelo Governo

Marcos Monteiro, secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, também destacou o uso de sistemas construtivos em obras públicas. “Na Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo (SIURB), o que realmente importa para os técnicos é que o processo produtivo siga a tabela SIURB, que é editada pelo município. Os valores são verificados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), que apura os serviços, materiais, preços e composição de custos. Se as composições estiverem na tabela SIURB, o uso é permitido, e essa tabela já contempla estruturas em pré-moldados.”

Legenda: Metrô da Linha 5 utilizou lajes alveolares de concreto protendido em ambientes subterrâneos.
Crédito: Governo do Estado de São Paulo

Monteiro ressaltou que os sistemas racionalizados trazem dois benefícios importantes para obras públicas: qualidade e produtividade em menor tempo. “A gestão pública dura apenas quatro anos, então há uma grande expectativa para inaugurar as obras. Conseguir entregar obras com qualidade em um prazo menor é essencial.”

O secretário municipal também destacou a importância de bons projetos para justificar o uso de soluções inicialmente mais caras, como os pré-moldados, perante órgãos de controle, como o Tribunal de Contas. “Projetos bem elaborados nos dão a segurança de que a solução adotada é a de menor custo ao longo da obra. Isso não se refere apenas ao custo de materiais ou mão de obra, mas ao custo total da obra pronta, considerando fatores como o canteiro, custos fixos e o tempo de execução. Com bons projetos, conseguimos justificar essas escolhas mesmo quando o custo inicial é mais elevado”, explicou.

Fontes:
Marcos Monteiro é secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo.
Íria Lícia Oliva Doniak é a presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC).

Fernando Stucchi é sócio e diretor executivo na EGT Engenharia e professor titular sênior da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Contato
Assessoria de imprensa Modern Construction Show: andre@original123.com.br

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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