Poupança capta mais recursos e anima setor imobiliário
Queda na taxa Selic torna investimento atrativo e, consequentemente, canaliza mais recursos para a construção de novas habitações
Queda na taxa Selic torna investimento atrativo e, consequentemente, canaliza mais recursos para a construção de novas habitações
Por: Altair Santos
Desde junho de 2017, a caderneta de poupança passou a captar mais recursos em relação ao volume de saques. A tendência recente reverte um quadro que se repetia desde o segundo semestre de 2013, quando os depósitos eram inferiores às retiradas. Além de se tornar um investimento pouco atrativo, por causa dos baixos rendimentos em relação às altas taxas de juros, a crise econômica aprofundada desde 2014 fez com que as famílias mais retirassem do que colocassem recursos em contas de cadernetas de poupança.
Só no ano passado, R$ 40,702 bilhões líquidos (captações menos saques) saíram do modelo de investimento mais popular do Brasil. Porém, com os depósitos aumentando, por conta da taxa Selic ter chegado a um dígito (9,25% ao ano) e os rendimentos se tornarem mais atraentes, o viés de alta da poupança tende a influenciar positivamente o mercado imobiliário. Por força de lei, o investimento, junto com o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), é o que mais financia o crédito imobiliário.
A legislação determina que 65% do que é captado pela poupança deve ser destinado ao financiamento de novas habitações. Por isso, a retomada do investimento é vista com otimismo por representantes do setor da construção civil. Entre eles, Sergio Luiz Crema, presidente do SindusCon-PR. “Os números que acompanhamos mostram que a queda na taxa Selic fez com que os recursos investidos na poupança crescessem 40% este ano. Para nós, da construção civil, é muito importante esse viés de alta”, diz.
Em recente palestra no SindusCon-RS, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, também destacou a importância da retomada da poupança como investimento. “A maior atratividade da caderneta de poupança deslocará aplicações de outras áreas do mercado financeiro, disponibilizando mais recursos que serão canalizados para o financiamento imobiliário”, projeta. Para Martins, a expectativa é de que a queda da taxa de juros básicos (Selic) deverá chegar a 7,5% até o final de 2017.
Só em 2018
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os reflexos positivos do crescimento das aplicações na poupança só deverão ser sentidos entre o final de 2017 e o primeiro semestre de 2018, principalmente nos recursos destinados a projetos habitacionais voltados para a classe média. “O primeiro semestre foi ruim, mas esse decréscimo tende a parar no segundo semestre, podendo o volume de financiamentos de 2017 terminar empatado com 2016”, avalia Gilberto Abreu, presidente da Abecip.
Até junho de 2017, os financiamentos imobiliários com recursos da poupança (SBPE [Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo]) totalizaram R$ 20,6 bilhões. O montante é 9,1% inferior ao registrado em igual período de 2016. De acordo com a Abecip, até que um maior volume de recursos das cadernetas de poupança estimule os financiamentos imobiliários, o FGTS seguirá como a principal mola propulsora para investimentos na construção civil, sobretudo para imóveis voltados para a baixa renda. Só no primeiro semestre de 2017, o FGTS financiou 82,5 mil novas unidades para esse segmento habitacional.
Clique aqui e confira recente balanço da Abecip sobre o 1º semestre de 2017.
Entrevistados
– Engenheiro civil Sergio Luiz Crema, presidente do SindusCon-PR (via assessoria de imprensa)
– Engenheiro civil José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (via assessoria de imprensa)
– Engenheiro de produção Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) (via assessoria de imprensa)
Contatos
imprensa@sindusconpr.com.br
comunica@cbic.org.br
imprensa@abecip.org.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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