Pós-obra estende ciclo produtivo da construção civil
Estudo mostra que após a entrega das chaves raramente o proprietário se muda sem realizar reformas no imóvel
O ciclo produtivo de uma construção não se encerra com o “Habite-se” ou com a entrega das chaves do imóvel ao proprietário. A partir desse momento, inicia-se o pós-obra, que envolve as reformas para adequar a moradia a quem irá ocupá-la. Esse investimento representa, em média, 36 centavos de cada 1 real de custo da edificação. “O pós-obra não se limita ao período de aquisição do imóvel, mas pode se estender ao longo dos primeiros 3 anos de moradia do usuário”, explica a economista da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) Ieda Vasconcelos.
O estudo encomendado pela CBIC avalia os efeitos do pós-obra na cadeia produtiva da construção civil. Foi realizado pelos economistas Ana Castelo e Robson Gonçalves, da consultoria Ecconit. Eles apontam que em imóveis de alto padrão, os gastos extras com melhorias na construção podem chegar a 25% do valor pago pela habitação. Já em imóveis de médio padrão, esse percentual equivale a 15%, enquanto que, em habitações populares, chega a 10%. Em empreendimentos de alto padrão, o gasto com mobiliário é o que consome a maior parte do pós-obra, chegando a 6,5%, seguido de reformas (4,3%).
Já em imóveis de médio padrão e em habitações populares, as reformas lideram o volume de dinheiro investido na casa nova, e representam, respectivamente, de 3% a 3,5% do valor do imóvel. Nesses dois segmentos, o mobiliário aparece em 2º lugar na relação de gastos com pós-obra. Na relação apurada pelos economistas também se destacam os seguintes consumos: itens de cama, mesa e banho, confecção de acessórios de decoração, móveis planejados, compra de eletroeletrônicos e instalações elétricas. “O pós-obra tem uma relevância econômica muito importante, por gerar multiplicadores em outras cadeias produtivas”, sinaliza Robson Gonçalves.
Pós-obra movimenta um montante de recursos que equivale a 0,44% do PIB
O economista apresenta um comparativo sobre esse efeito multiplicador da construção civil. De cada 200 bilhões de reais investidos na construção de novas moradias, são gerados outros 170 bilhões na cadeia de suprimentos do setor e mais 120 bilhões nos demais setores da economia. O estudo também revela que o pós-obra movimenta um montante de recursos que equivale a 0,44% do PIB brasileiro, além de gerar mais de 650 mil empregos. “A demanda induzida no pós-entrega das chaves equivale a 1/3 do que foi investido na compra do imóvel”, explica Robson Gonçalves. Ou seja, se o proprietário desembolsou 300 mil reais na compra da casa própria, ao longo dos primeiros 3 anos de moradia ele poderá investir até 100 mil reais na melhoria desse mesmo imóvel.
Quanto às reformas no imóvel, as práticas mais comuns do pós-obra são pintura interna da habitação, colocação ou a troca de pisos, instalação de elementos de iluminação, fusão de cômodos, arquitetura de decoração e limpeza. Isso movimenta especialmente o varejo de materiais de construção, as pequenas empreiteiras e os escritórios de arquitetura especializados em pós-obra. A pesquisa contou com dados levantados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e números da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Assista à palestra sobre pós-obra
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “O impacto pós-obra de investimento em construção” e no estudo “Pós-obra: geração de renda e emprego na economia”, divulgados pela CBIC
Contato
bancodedados@cbic.org.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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