Por que refrigerar o concreto?
Falta de refrigeração pode gerar fissuras nas peças e danos à obra
A refrigeração do concreto hoje em dia é fundamental para a durabilidade das estruturas. Isto é o que mostrou Selmo Chapira Kuperman, diretor da DESEK e conselheiro do IBRACON, durante sua palestra na Concrete Show.
“Uma das grandes vantagens de resfriar o concreto é a redução do consumo de cimento e, consequentemente, do custo da obra. Quando o concreto é frio/ gelado, a trabalhabilidade dele aumenta. Com isso, precisamos de menos água. Então, estamos economizando cimento e aditivo”, explica Kuperman.
Há apenas uma desvantagem neste método, que é o custo. “Em São Paulo, por exemplo, o custo aproximado de 1 kg de gelo é R$ 0,60. Portanto, se colocarmos 100 kg de gelo por metro cúbico, o concreto sairá mais caro cerca de R$ 60,00, o que é bastante coisa”, pontua Kuperman.
No entanto, a resolução de problemas decorrentes da falta de refrigeração adequada pode trazer custos ainda maiores. É como um dos casos citados por Kuperman, em que a concretagem de um vertedouro foi feita de forma inexperiente e sem refrigeração. O resultado disso foi que a empreiteira acabou tendo que injetar epóxi e gastou muito mais dinheiro.
Fissuras x refrigeração
A falta de refrigeração ou quando este processo é feito de forma inadequada pode gerar fissuras, que são decorrentes, principalmente, de duas questões principais:
- Origem térmica: geralmente acontece quando as temperaturas sobem muito. “Ocorre devido à restrição, isto é, o concreto não consegue se movimentar. Acontece porque tem retração térmica do concreto e ocorrem tensões de tração que superam a resistência. Quando a temperatura voltar ao normal, vai fissurar”, explica Kuperman.
- Etringita tardia: trata-se de um mineral, que vem do gesso e é colocado no cimento Portland para controlar a pega. Sem ele, o cimento daria pega imediatamente após o contato com a água. Por um lado, a etringita oferece uma proteção ao grão de cimento, sendo benéfica, pois sem ela não teríamos concreto. “No entanto, tem um tipo de etringita que pode ser maléfico. Tem uma etringita secundária, que pela ação de sulfatos internos provoca a expansão no concreto. Se a temperatura subir acima de 65°C depois da cura e do endurecimento, formam-se cristais de etringita, o que provoca tração no concreto e fissura. E, neste caso, quanto mais água entra nessa fissura, mais ela aumenta”, afirma Kuperman.
Como evitar estas fissuras?
Para Kuperman, as soluções para evitar estes problemas decorrentes de origem térmica e de etringita tardia são:
1. Reduzir o consumo de cimento ao mínimo, empregando todas as técnicas de dosagem possíveis. Materiais pozolânicos podem, em alguns casos, reduzir o consumo em 20%.
2. Usar cimento de baixo calor de hidratação. Eventualmente, refrigerar os agregados.
3. No caso de blocos de fundação ou barragens, é preciso concretar em camadas de menor altura (exemplo: 50 cm de altura a cada três dias). No entanto, isso pode causar problemas no cronograma. Por isso, devem ser estudadas as temperaturas e tensões atingidas.
4. Estudar o emprego da pré-refrigeração do concreto (gelo ou nitrogênio líquido).
Fonte
Selmo Chapira Kuperman é diretor da DESEK e conselheiro do IBRACON
Contato
selmo@desek.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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