Por que há países em que pedreiro ganha até R$ 25 mil?
Segredo está nos cursos técnicos e profissionalizantes, que abrem o mercado de trabalho para jovens entre 18 e 25 anos
A média salarial de um pedreiro em países escandinavos, assim como na Suíça, na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos, equivale a 25 mil reais. No Brasil, essa média salarial varia de 1.532 reais a 4.238 reais, segundo dados dos SindusCons. A diferença está na qualificação. Nas nações em que o profissional que atua no canteiro de obras ganha bem ele se forma em cursos técnicos e profissionalizantes, já a partir da adolescência. São jovens que não priorizam chegar à universidade, mas se capacitar para exercer profissões técnicas, que, aliás, são muito valorizadas em países desenvolvidos.
Com capacitação, esses profissionais, não raramente, conseguem salários tão competitivos quanto os que concluem a universidade. Países como a Suíça, por exemplo, oferecem 250 cursos de nível profissionalizante acoplados ao ensino médio. São profissões que vão desde açougueiro, padeiro e cozinheiro até operadores de máquinas, pintores, marceneiros e pedreiros-construtores. A formação varia de dois anos a quatro anos, dependendo da complexidade da profissão. Um bom pedreiro-construtor só consegue chegar ao mercado de trabalho após quatro anos.
Normalmente, as aulas teóricas são intercaladas com estágios em construtoras. Há uma parceria intensa entre as escolas profissionalizantes e as empresas, normalmente estimuladas pelos governos locais. É comum que, entre os que concluem os cursos, as próprias empresas parceiras absorvam a mão de obra. Há também grupos de alunos que se unem para formar pequenas empreiteiras, no caso dos pedreiros-construtores. Nos países europeus em que esse sistema já está consolidado, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos é de 4%. No Brasil, a taxa de desemprego dentro desta faixa etária é de 26,6%.
UNESCO alerta que educação profissionalizante é porta para a indústria 4.0
Dados da OCDE (Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica) revelam que um dos principais desafios globais é gerar emprego para a força de trabalho jovem. São informações corroboradas pela UNESCO, que aponta que o grande obstáculo da educação mundial está na reforma do ensino secundário, a fim de que ele possa garantir competências para os jovens poderem ingressar no mercado de trabalho. “Chamamos todos os governos e a comunidade internacional para se unirem nesse esforço”, destacou a UNESCO, em comunicado no dia mundial dos professores, em 15 de outubro de 2018.
Nos países em que o ensino profissionalizante está acoplado ao ensino médio, o acesso dos estudantes às universidades politécnicas é facilitado. Isso permite que pedreiros-construtores se tornem engenheiros civis, por exemplo. Para especialistas em educação, esses profissionais tecnólogos serão fundamentais para consolidar a quarta revolução industrial, também conhecida como indústria 4.0. “Eles possuem habilidades para atuar no novo mercado de trabalho que surge no mundo, mas é necessário que as escolas estejam preparadas para ensiná-los”, finaliza a UNESCO, em seu comunicado.
Entrevistado
Reportagem com base em relatórios da OCDE (Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica) e da UNESCO (Organização das nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) (via assessoria de comunicação)
Contatos
brasília@unesco.org
news.contact@oecd.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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