Por que Curitiba é pioneira em certificações sustentáveis?
Cidade tem histórico de boas relações com o meio ambiente e se destaca com construções verdes
Há quase meio século Curitiba iniciou uma série de inovações para tornar o convívio entre moradores e o ambiente mais amigável. Intervenções no sistema de transporte público, de mobilidade e os parques que uniram proteção da riqueza natural e atividades de lazer ajudaram a cidade a se tornar um ponto de destaque quando o assunto são soluções urbanísticas.
A boa relação com o meio ambiente, iniciada na década de 1970, fez a cidade adotar o slogan de Capital Ecológica, no tempo em que se iniciou o programa Lixo que não é Lixo, para estimular a separação de resíduos. As ideias aplicadas em Curitiba contribuíram para tornar o conceito de sustentabilidade ambiental muito valorizado entre seus habitantes.
Essa condição talvez explique o pioneirismo e a excelência desenvolvida em outra frente, a das construções sustentáveis. Hoje, a capital do Paraná está na vanguarda deste movimento e é modelo neste tipo de projeto. A cidade abriga uma série de edificações com certificações nacionais e internacionais, que reconhecem a efetividade das concepções executadas pela cadeia local da construção civil.
Segundo o ranking Casa & Condomínio, elaborado pelo Green Building Council Brasil (GBC), Curitiba se destaca pelo volume de selos verdes. São 24 edificações certificadas em vários níveis, enquanto a cidade de São Paulo tem 42 prédios reconhecidos como sustentáveis. Em terceiro lugar fica o Rio de Janeiro com 11 construções. Em síntese, um empreendimento com características sustentáveis deve respeitar princípios como conservar, reutilizar e reciclar ou renovar.
O engenheiro ambiental João Vitor Gallo, sócio da Petinelli – Soluções em Greenbuilding, entende que há em Curitiba uma cultura ambiental própria. “Os curitibanos estão habituados com temas que envolvem a sustentabilidade e o meio ambiente”, afirma o profissional, cujo escritório foi o primeiro do mundo certificado com o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) Zero Energy, concedido pela US Green Building Council (USGBC), instituição que é referência global na certificação de edificações sustentáveis.
Construção sustentável: diferencial e necessidade
A importância do reconhecimento de Construção Sustentável Certificada surgiu como um diferencial do mercado imobiliário. Houve a necessidade em satisfazer uma parcela da sociedade que passou a se preocupar mais com a preservação dos recursos naturais e com as mudanças climáticas, e colocou entre suas prioridades viver e trabalhar em ambientes saudáveis.
“Os ganhos não são apenas ambientais”, pontua Eloy Casagrande, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Ph.D. em engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente. Ele pondera que uma construção sustentável também abrange preceitos econômicos e sociais – para formar o tripé da sustentabilidade -, além dos culturais. O conjunto de boas práticas precisa estar presente em todas as fases do processo construtivo e da vida útil do empreendimento.
Casagrande é idealizador do Escritório Verde na sede da UTFPR, aberto para que profissionais possam realizar experimentos práticos de ideias e materiais sustentáveis. O espaço foi o primeiro do Paraná e o segundo do Brasil conectado à rede elétrica para injetar excedentes de energia, e provou a viabilidade técnica, econômica e ambiental do uso do sistema fotovoltaico em Curitiba.
Entre os desafios do movimento das edificações sustentáveis estão as soluções que assegurem a autossuficiência de água e energia de um imóvel. A recente crise hídrica e a volatilidade dos preços das tarifas de energia, também em razão da falta de chuvas, reforçam a importância da questão econômica. Uma construção sustentável pode custar mais caro – até 15% – mas os especialistas avaliam que o valor é recuperado com a redução de gastos contínuos como os de eletricidade e água, por exemplo.
“O investimento pode até ser maior que a construção convencional, mas se paga em pouco tempo”, avalia Gallo. No caso da eletricidade, o dono de uma edificação com autogeração pode virar inclusive um consumidor positivo, aquele que gera mais quilowatts do que usa e pode repassar o excedente para a concessionária local, faturando com o fornecimento. Hoje, há construções que já são concebidas para atender moradores que estão adotando outro novo hábito, o dos veículos elétricos, e que exigem pontos de recarga para bicicletas e automóveis.
Capital paranaense coleciona certificações
A adesão dos empreendedores curitibanos aos novos conceitos de sustentabilidade na construção começou a ganhar força desde que o edifício Curitiba Office Park, erguido em 2006, conquistou a primeira certificação do Sul do Brasil. Quinze anos depois, a cidade vai contabilizando conquistas e reforçando a vocação de ser pioneira e obter reconhecimentos nacionais e internacionais pelas inovações em edificações verdes.
Em 2021, o edifício LLUM Batel foi premiado com LEED Home Awards da USGBC, organização que tem sede em Washington. É o primeiro do País a receber o Oscar das construções sustentáveis. No ano passado, outra conquista inédita: o Hospital Erastinho, referência em oncopediatria no País, se tornou a primeira unidade de saúde brasileira a receber a certificação internacional LEED for Healthcare.
A cidade coleciona certificados Zero Energy no País e foi a primeira da América Latina a registrar esse tipo de conquista na área de construção. Em 2019, o edifício corporativo Eurobusiness recebeu a certificação LEED Zero Water da USGBC, e foi o primeiro do mundo a se tornar autossuficiente na produção da água que consome. No mesmo ano, uma residência da capital paranaense obteve a maior pontuação do País pelo GBC Brasil Casa e recebeu o selo Platina, o mais alto da certificação de construções sustentáveis.
A área de educação não deixou de buscar soluções para escolas. O Positivo International School recebeu a certificação Leed no nível ouro em 2017. Há dois anos, o FAE LAB, prédio de laboratórios da FAE Centro Universitário, recebeu a classificação LEED Platinum. Em 2012, o Office Green da UTFPR recebeu o Prêmio Boas Práticas, da ONU (Organização das Nações Unidas), e o Prêmio Santander Universidade, na categoria Sustentabilidade.
Entrevistados
Reportagem produzida a partir de dados da Green Building Council Brasil (GBC Brasil) e entrevistas com especialistas no mercado de construções sustentáveis. Apoio das assessorias de imprensa da Petinelli – Soluções em GreenBuilding, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPr) e GBC Brasil.
Fontes
info@petinelli.com
decom@utfpr.edu.br
contato@gbcbrasil.org.br
Jornalista responsável
Silvio Lohmann – DRT-PR 04786
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