Ponte que caiu no Pará será reconstruída com estais
Estrutura liga Belém com outras regiões do estado e desabou após embarcação se chocar contra um de seus pilares
O projeto de reconstrução da ponte Rio Moju, parcialmente destruída após o choque de uma embarcação contra um de seus pilares, vai transformá-la em uma estrutura estaiada. A nova concepção segue recomendação técnica do CREA-PA. Isso permitirá uma navegação mais segura no rio, sem levar risco à ponte, que faz parte da alça viária da rodovia PA-483, que liga Belém-PA com as regiões nordeste, sudeste e sul do Pará.
O desabamento ocorrido em abril de 2019 comprometeu 268 metros da ponte. Com a reconstrução desse trecho, a obra de arte terá dois vãos com 134 metros cada um. “O trecho destruído da ponte utilizava o sistema de pilares convencionais, com vão central de 80 metros e vãos menores contendo 40 metros. Os estais serão utilizados apenas neste trecho destruído, ou seja, nos 268 metros que desabaram”, explica o secretário de transportes do governo do Pará, Pádua Andrade.
Antes do desastre, a ponte já estava em obras. Uma vistoria havia detectado problemas de corrosão e de desgaste em pilares e estacas, além de uma dilatação maior do que o habitual entre dois blocos de concreto das pistas de rolamento. Também existia uma carência de proteção na estrutura, que estava desgastada após sucessivas colisões. “Foi realizada uma defensa metálica flutuante ineficaz”, destaca o presidente do CREA-PA, Carlos Renato Milhomem Chaves.
O custo para recuperar a ponte será de 113 milhões de reais. Antes do início das obras foi preciso retirar os escombros da estrutura que caiu. Foram removidas mais de 850 toneladas, abrindo espaço para que se iniciasse a operação de construção do pilar central que irá sustentar os estais do novo trecho da obra de arte. Existe a expectativa de que até o final de 2019 a ponte seja novamente liberada para o tráfego de veículos.
Técnica de construir pontes estaiadas é recente no Brasil e completa 20 anos
Até a reconstrução da estrutura, 13 balsas se revezam no transporte de veículos entre Belém e o interior do Pará. A ponte é considerada estratégica, pois dá acesso ao porto de Arapari, em Barcarena-PA. Antes de desabar, a obra de arte sobre o rio Moju era a única da alça viária que não era estaiada. O sistema de estais é utilizado nas pontes Rio Guamá, Moju-Cidade e Rio Acará. “Isso nos dará mais tranquilidade e fluidez no tráfego náutico no local”, diz Pádua Andrade.
O complexo rodoviário no entorno da capital paraense, conhecido como alça viária, soma 74 quilômetros, dos quais 4,5 quilômetros são sobre pontes. Para essa nova obra, o projeto conta com a consultoria dos especialistas em estruturas Remo Magalhães, Ph.D em engenharia estrutural pela Universidade da Califórnia, e Pedro Afonso de Oliveira Almeida, pós-doutor pela Universidade Politécnica da Catalunya. “São profissionais que conhecem o solo daqui da região e como funcionam as marés nos nossos rios. Isso é fundamental para o bom desenrolar dos trabalhos”, complementa o secretário de transportes.
A construção de pontes estaiadas no Brasil é recente. A primeira foi construída em São Paulo-SP, em 1999. Vinte anos depois, a engenharia nacional domina a técnica de construção, assim como a indústria do país já é capaz de fornecer todo o material para viabilizar obras com essas características. Na Bahia, a ponte Salvador-Itaparica, quando concluída, será a maior do Brasil. Terá 1 quilômetro de trecho estaiado, vão livre de 550 metros e pilares centrais com 125 metros de altura.
Entrevistado
Secretaria de Estado de Transportes do Pará (via assessoria de imprensa)
Contato
nci@secom.pa.gov.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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