Pesquisadores do MIT descobrem concreto de 2.050 anos
Material dos blocos usados para a construção de um castelo em Roma mantém suas propriedades intactas
Um pequeno castelo com 21 metros de altura e 29 metros de diâmetro, construído provavelmente entre os anos 30 a.C e 27 a.C, para abrigar túmulos de uma família aristocrática de Roma, se mantém intacto e pode ser uma das estruturas em concreto mais antigas do mundo. Pesquisadores do departamento de engenharia civil e ambiental do MIT (Massachusetts Institute of Technology) estimam que o concreto da construção possa ter 2.050 anos.
Apesar da longa idade, a estrutura mantém-se intacta, sem nenhum tipo de patologia. Para a equipe do MIT, a descoberta pode dar subsídios para pesquisas que levem a um tipo de concreto perpétuo, o que sob o ponto de vista de sustentabilidade seria um avanço significativo. “Estamos falando de construções intactas há mais de dois milênios”, diz Admir Masic, coordenador da pesquisa do MIT.
A primeira fase do estudo foi publicada no Journal of the American Ceramic Society. A análise conclui que o castelo-mortuário foi construído em alvenaria estrutural, com blocos maciços assentados para que as paredes da edificação tivessem 7 metros de espessura. Um dos segredos para a longa vida da edificação, avaliam os pesquisadores, é que foi utilizado como agregado do concreto o material que tem o nome científico de Pozzolane Rosse tephra, popularmente conhecida como pedra-pomes.
A pedra-pomes até hoje é usada como agregado leve na composição do concreto. Resumidamente, ela é um tipo de rocha vulcânica que se forma a partir dos gases expelidos na fase inicial de uma erupção. Em contato com o ar, esse gás resulta em uma espuma que, ao se solidificar, dá origem à pedra-pomes. No estudo publicado na Journal of the American Ceramic Society concluiu-se que o uso da Pozzolane Rosse tephra contribuiu para melhorar a reologia do concreto, em um ambiente de exposição à água.
Estudo revela que houve um “milagre estrutural” no concreto milenar
A pesquisa contou com a tecnologia conhecida como microscopia eletrônica de varredura. Ela analisou as microestruturas dos blocos de construção usados no castelo até a escala de mícrons. “Essas informações nos permitiram explorar diferentes áreas da argamassa e pudemos escolher os blocos de construção relacionados às nossas perguntas”, diz Linda Seymour, integrante da equipe do MIT. Os dados coletados permitiram que os pesquisadores descobrissem até de que vulcão vieram os agregados utilizados no concreto da obra milenar. Ele veio do Alban Hills, localizado na região de Lazio-Itália.
Para Admir Masic, a “sabedoria romana para construir obras perenes fornece uma estratégia sustentável que pode melhorar a longevidade de nossas construções modernas”. O professor do MIT e sua equipe citam ainda que houve algum “milagre estrutural” no concreto de 2.050 anos, que eles explicam da seguinte forma:
“Verificou-se que os elementos colantes da argamassa são ricos em cálcio-alumínio-silicato-hidrato (CASH) juntamente com cristais de estratlingita. Por outro lado, existe presença abundante de leucita, que é rica em potássio. Séculos de chuva e água subterrânea percolando as paredes da tumba dissolveram a leucita e liberaram o potássio na argamassa. No concreto moderno, uma abundância de potássio criaria géis expansivos que causariam microfissuras e eventual deterioração da estrutura.”
“Na tumba, porém, o potássio se dissolveu e reforçou os ligantes, criando componentes robustos de coesão no concreto. Precisamos entender o que mudou, e como mudou, ao longo dos séculos para aplicarmos os ensinamentos nos concretos modernos”, finaliza o estudo do departamento de engenharia civil e ambiental do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Entrevistado
Reportagem com base na pesquisa realizada pelo departamento de engenharia civil e ambiental do MIT (Massachusetts Institute of Technology)
Contato
one@mit.edu
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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