Pequenos fornecedores devem evitar práticas predatórias
Investir na qualidade e em contrapartidas técnicas é solução para não aviltar o preço e preservar a fidelidade do comprador da obra
Em um ambiente de poucas obras, os pequenos fornecedores de material de construção ficaram sem margem para barganhar preços com construtoras. Neste caso, o que fazer? Especialistas recomendam aos empresários não adotarem práticas predatórias, sob a alegação de que podem perder o negócio. A medida pode trazer ganho momentâneo, mas tende a impactar na receita e no futuro da empresa. O recomendável, alertam, é investir na qualidade e em contrapartidas técnicas, tanto para quem atua no segmento de produtos quanto no de serviços.
As contrapartidas técnicas podem ser viabilizadas de duas formas: na primeira, o próprio fornecedor busca agregar novas tecnologias aos seus produtos. Como nem sempre há recursos para esse tipo de investimento, a alternativa para o pequeno fornecedor é definir parcerias com as construtoras de maior porte. Essas empresas podem viabilizar o acesso a laboratórios, universidades e associações que fomentam pesquisas e possuem equipes que conseguem transferir conhecimento para os fabricantes de materiais de construção ou prestadores de serviço para a construção civil.
O objetivo destas parcerias é agregar valor ao produto, a fim de que ele siga competitivo no mercado. Da mesma forma, serve para preservar a fidelidade dos clientes mais relevantes para o negócio. Entre os pequenos fornecedores, é comum existirem um ou dois compradores estratégicos, que muitas vezes consomem até 80% da produção mensal da empresa. Em tempos de crise, empresas com essas características precisam cuidar para que seu volume de vendas não fique abaixo de 50% ao mês. Se isso ocorrer, especialistas alertam que o risco de o pequeno fornecedor ou prestador de serviço não ter condições de honrar seus compromissos são grandes.
Compartilhar logística, armazenamento e mão de obra também é alternativa
Doutor em engenharia civil e professor-doutor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, Paulo Sérgio de Arruda Ignácio pondera que, em momentos de baixa demanda, buscar reduzir os desperdícios também contribui para que o fornecedor mantenha a saúde de seus negócios. Ele sugere que parte dessa economia pode vir da logística. De que forma? Quando a rota entre o canteiro de obras e de mais de um fornecedor estiver no mesmo trajeto, o professor sugere que apenas um veículo seja utilizado para transportar os materiais. O mesmo tipo de economia vale para o transporte da mão de obra, no caso dos prestadores de serviço.
O professor da Unicamp define essa estratégia como compartilhamento, que pode se estender também às áreas de armazenamento. Ele cita que um fornecedor localizado mais perto do canteiro de obras da construtora pode servir de ponto estratégico para que outros fornecedores armazenem seus produtos em seu terreno. Desta forma, explica, as distâncias encurtam e, consequentemente, os gastos com transporte também. Para Paulo Sérgio de Arruda Ignácio, atuar em pool é uma alternativa que estimula o ganha-ganha entre os pequenos fornecedores. O especialista finaliza dizendo que o mesmo procedimento pode ser feito com a mão de obra entre os prestadores de serviço.
Entrevistado
Reportagem com base em entrevista do professor-doutor Paulo Sérgio de Arruda Ignácio ao Construcompras. Titular da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, o profissional tem formação em engenharia de produção e doutorado em engenharia civil
Contato
paulo.ignacio@fca.unicamp.br
www.fca.unicamp.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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