Pequenas empresas dominam construção civil no país
Pesquisa mostra que quase 95%, das 195 mil construtoras em atividade, têm idade média de 13 anos e menos de 50 empregados.
Pesquisa mostra que quase 95%, das 195 mil construtoras em atividade, têm idade média de 13 anos e menos de 50 empregados
Por: Altair Santos
Ampla pesquisa encomendada pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) ao Instituto Sensus revela que o setor da construção civil, que atua diretamente no canteiro de obras, está dominado por empresas de pequeno porte, com até 49 empregados. Este segmento, que engloba construtoras, incorporadoras, demolidoras, preparadoras de terreno, instaladoras elétricas e hidráulicas, acabamento e outros serviços especializados, representa atualmente 184,8 mil (94,8%) das 195 mil que estão em atividade no país.
Destas, quase a metade (49,4%) tem a receita operacional bruta anual de até R$ 5 milhões. Já 14%, faturam de R$ 5 milhões a R$ 10,5 milhões. Quase 5%, entre mais de R$ 10,5 milhões até R$ 15 milhões. Outras 4% indicam receita entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões. Cerca de 3,5% têm faturamento bruto entre mais de R$ 30 milhões e menos de R$ 60 milhões e 5,1% registram receita igual ou superior a R$ 60 milhões.
O maior contingente das pequenas empresas é representado por construtoras (cerca de 60%) que até o lançamento de programas como o Minha Casa, Minha Vida e o PAC atuavam como terceirizadas das grandes empreiteiras. No entanto, impulsionadas principalmente pelo crescimento do setor habitacional, elas passaram a ter mais autonomia para empreender e promover seus próprios negócios. Com isso, conquistaram uma participação maior no PIB da construção. Em 2009, era 0,7%. Hoje, esse setor representa 11,6%.
A pesquisa “A Construção na visão de quem produz” revela ainda que boa parte destas pequenas empresas que dominam o setor, e que têm em média 13 anos de existência, está preocupada agora em buscar novas tecnologias construtivas, novas técnicas de gestão e novas regras de negócio, além da formalização da mão de obra. “A sinalização clara do mercado é que, quem não se formalizar, tende a ficar fora das oportunidades e no limite do próprio mercado”, destaca Luís Fernando Melo Mendes, assessor econômico da CBIC.
Aproximadamente 48% destas pequenas empresas atuam no segmento da construção de edifícios. Trata-se de um setor em que a idoneidade é peça-chave para se conseguir sobreviver e atrair novos negócios. “É uma demanda do consumidor, que passou a rechaçar a informalidade, e também dos governos, que contratam essas construtoras para atuar em programas habitacionais”, diz Luís Fernando Melo Mendes, para quem o cenário é de estabilização no surgimento de novas construtoras no mercado. “O cenário atual aponta para o aperfeiçoamento das empresas, para que elas construam atendendo as exigências dos consumidores. Se novas construtoras surgirem, elas deverão se diferenciar pelo modelo de gestão e pela tecnologia”, completa.
Outro dado relevante trazido pela pesquisa encomendada pela CBIC é que, das receitas das pequenas empresas, 72,2% advêm de obras industriais e obras residenciais, contratadas por clientes privados. As obras públicas, como edificações, saneamento e transporte, são minoritárias na composição da receita operacional: 22,6% tinham origem em obras municipais; 15,5%, em obras estaduais, e 9,7%, em obras federais. Já a incorporação imobiliária foi apontada como a segunda principal fonte de receita indicada pelas pequenas construtoras. O maior volume de recursos tem como origem a compra de imóveis pela classe média (29,3%).
Entrevistado
Luís Fernando Melo Mendes, assessor econômico da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Currículo
– Luís Fernando Melo Mendes é graduado em economia e atua como assessor econômico da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Contato: economista@cbic.org.br
Créditos foto: Divulgação/CBIC
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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