PELT 2020: Modal Ferroviário
Plano prevê intervenções necessárias e propostas para trechos ferroviários em diversos pontos do estado. Saiba mais na entrevista com o especialista em trens Antonio Pastori.
Paraná precisa investir na malha viária para desenvolver a economia
Por: Michel Mello
As ferrovias se apresentam como um modelo rápido, eficaz e econômico para o transporte de diversos tipos de cargas. A falta de investimentos em infraestrutura, como centros de distribuição e logística e linhas ferroviárias, comprometem o crescimento da economia do estado. O Plano Estadual de Logística e Transportes (PELT 2020), desenha ações estratégicas em intervenções intermodais de desenvolvimento para o Paraná nos próximos dez anos. São eles: modal rodoviário e modal hidroviário (já tratados em edições anteriores do Massa Cinzenta), além do modal ferroviário e do modal aeroviário. Tratam-se de obras em infraestrutura e transportes necessárias ao fortalecimento da economia paranaense.
Essa lacuna, remonta a anos de descaso e falta de investimentos no estado. Reflete, também, a falta de políticas nacionais para o setor ferroviário. Ficam as questões: por que não investir em modelos mais econômicos de transporte de cargas, desenvolver setores estratégicos da economia no estado e ainda reduzir a pressão sobre as rodovias?
Para o especialista em ferrovias, Antonio Pastori, “a falta de investimento em ferrovias reflete a falta de vontade dentro das políticas nacionais de transporte. Mesmo que se fale em Ferrovias Leste – Oeste, Ferrovia Norte – Sul, Transnordestina e Trem-Bala Rio – São Paulo, esses projetos ainda não são suficientes para um país com as dimensões continentais, como é o Brasil”.
Pastori destaca ainda as vantagens das ferrovias:
• São economicamente viáveis, mais baratas em termos de construção e custos;
• São transportadas muito mais cargas com 1 l de óleo diesel;
• Tem maior segurança e menos risco de acidentes;
• É sustentável, pois produz menos poluição;
• A capacidade de carga de uma locomotiva equivale a 300 caminhões.
“Com os recursos que serão investidos no Trem-Bala Rio – São Paulo, algo em torno de R$ 34 bilhões, poderíamos redimensionar e repontecializar todo o sistema ferroviário brasileiro. Além de melhorar todos os trens do país. E não apenas ligar Rio de Janeiro a São Paulo”, afirma o especialista.
Para Antonio Pastori: “Acredito que a escolha pelo modelo rodoviário de transporte seja fruto de um grande lobby que parte desse setor, mas a opção mais desenvolvimentista e que melhor se enquadra em nossas necessidades é ainda a opção por trens”.
Locomotivas
O sistema ferroviário é composto por locomotivas movidas a óleo diesel, vagões de carga e malha ferroviária. No estado do Paraná, 25 % de toda a movimentação das cargas é feita através de ferrovias. Esse número representa o escoamento da safra do agronegócio até o Porto de Paranaguá, além do transporte de insumos e produtos da indústria paranaense. O Paraná está em melhor situação se comparado ao estado de São Paulo, onde apenas 10% do volume de cargas é transportado no modal ferroviário. No entanto, esse número ainda não é suficiente para atender a demanda do estado.
Ferrovias
Existem dois ramais ferroviários no Paraná, são eles: a estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste), com 248, 6 km de extensão entre as cidades de Cascavel e Guarapuava; e as linhas da América Latina Logistíca (ALL), no sentido norte – sul, e que liga o Paraná com São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ambas possuem bitolas métricas.
A malha ferroviária brasileira tem 29,3 mil quilômetros, que são operados por 11 concessionárias. O que predomina são os transportes de minério de ferro, que responde por 66% do total das cargas, e de soja e farelo, com 10% do total.
A estrada de Ferro Paraná Oeste pertence a uma empresa de sociedade mista que está subordinada à Secretaria de Estado dos Transporte (SET-PR). No sentido leste, a ferrovia escoa principalmente grãos de soja, milho e trigo, farelos e contêineres com destino ao Porto de Paranaguá. Com direção ao interior do estado são transportados insumos agrícolas, adubos, fertilizantes, cimento e combustíveis.
A ALL opera uma concessão para o transporte das cargas na malha sul, que envolve os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do trecho estadual da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), por um período de 30 anos de serviço. São aproximadamente 2.100 km de malha ferroviária sob a responsabilidade da ALL no estado.
O Paraná possui cerca de 2.350 km de ferrovias em operação. Para atender a atual demanda do estado, o PELT 2020 prevê a necessidade de mais 600 km em obras ferroviárias, isso sem contar o crescimento econômico esperado para os próximos anos.
PELT 2020
O Plano Estadual de Logística de Transporte, o PELT 2020, trata do desenvolvimento intermodal para o estado do Paraná. O Plano foi concebido pelo Conselho de Engenharia e Arquitetura do Estado do Paraná (Crea-PR), Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Paraná (Sicepot-PR), o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) juntos com o Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), e propõe linhas de desenvolvimento para o estado durante os próximos 10 anos.
Intervenções necessárias
O PELT prevê intervenções necessárias e propostas para trechos ferroviários em diversos pontos do estado. As principais ações são:
• Contorno ferroviário de Curitiba – Construção de uma variante ferroviária o que desviaria o tráfego de trens da área urbana de Curitiba;
• Novo trecho Guarapuava – Paranaguá – Implantação de um traçado alternativo, passando pelas cidades de Irati e Lapa;
• Ligação Foz do Iguaçu – Cascavel – Construção de um novo trecho com 170 km de extensão;
• Trem de alta velocidade Curitiba – São Paulo.
Também são necessárias obras de unificação das bitolas em todo o país, além do fomento de trens de passageiros com linhas operando em nível nacional. Essa alternativa de transporte se apresenta como uma opção de turismo e desenvolvimento do setor ferroviário.
No Brasil, o modal ferroviário apresentou um crescimento de 20,63% entre os anos de 1996 e 2000. Esse número é ligeiramente maior ao crescimento da produção de transporte do país no mesmo período, que foi de 19,96%. Logo, se percebe um crescimento, ainda que pequeno, na participação relativa às ferrovias na matriz de transportes brasileira.
>> Entrevistado
Antonio Pastori
>> Currículo
– Mestre em Economia pela Universidade Cândido Mendes (UCAM).
– Contabilidade pela Pontifícia Universidade Católica de Petrópolis (PUC- Petrópolis).
– Economia pela UCAM.
– Membro do Movimento de Preservação Ferroviário (MPF).
– Analista de Projetos do Departamento de Transportes & Logística do BNDES.
>> Contato: acdpastori@gmail.com
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
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