Paredes de concreto em prédios altos: por que utilizar?

Sistema construtivo aumenta a produtividade da mão de obra e a capacidade potencial resistente

Para Graziano, é preciso viabilizar a construção de edifícios de parede com 30 andares ou mais sobre pilotis e sem vigas de transição.
Crédito: Concrete Show

Quando começou, o uso de paredes de concreto era mais frequente em casas e edifícios baixos. No entanto, aos poucos, este sistema construtivo foi mostrando potencial para ser utilizado em prédios altos. Isso é o que apresentou o engenheiro Francisco Paulo Graziano, sócio-diretor da Pasqua e Graziano Consultoria, Concepção Estrutural e Projeto, durante o seminário “A Importância do Projeto Estrutural na Execução e Eficiência de Prédios Altos em Paredes de Concreto”, no Concrete Show 2023

“Desde o princípio, o potencial de se utilizar o sistema em edifícios altos era enorme, tendo em vista que a repetitividade aumenta a produtividade da mão de obra e a capacidade potencial resistente do sistema sempre foi superabundante. Em um estudo realizado em 2010 pela Pasqua e Graziano, já era possível inferir que o sistema tinha uma grande vocação para edifícios altos”, destaca Graziano. 

Benefícios do uso das paredes de concreto em prédios altos

Ao adentrar o cenário de edifícios altos, Graziano diz que é notável um aumento na espessura das paredes e das lajes. “No entanto, apenas uma parte das paredes é construída em concreto, sendo que a maior parte é composta por partições leves. Nesse contexto, surge uma ponderação: ‘estamos lidando com um volume substancial de concreto nesta empreitada’. No entanto, ao incorporarmos partições leves em determinadas seções, conseguimos reduzir consideravelmente a espessura média. Essa abordagem também contribui para diminuir o peso total exercido sobre as fundações”, explica.

Graziano mostrou uma simulação realizada em 2016 para ilustrar essa ideia: “Ao comparar uma planta onde 100% das partições são em concreto, resultou em uma espessura média de 0,335 m3/m2. Ao remover partes que podiam ser substituídas por partições leves, sem ultrapassar a espessura da laje em mais de 12 cm, foi possível reduzir essa medida para 0,285 m3/m2. Essa otimização não apenas tem o potencial de tornar a estrutura mais econômica em termos de consumo de concreto, mas também oferece vantagens significativas para edifícios mais altos”.

Graziano cita que outra vantagem do uso das paredes de concreto é a minimização do número de ciclos operacionais. “Enquanto o sistema convencional fica pendente de muitos ciclos operacionais, o sistema em paredes de concreto tem dois ciclos, que operam mais rápido”, afirma.

Graziano também menciona outros pontos:

Elétrica sobe junto com a estrutura;

Revestimentos são minimizados;

Desaprumo mais controlado;

Fachada sobe junto com a estrutura;

Custo mais próximo do previsto (assertividade);

– Ausência de “requadrações” (pois não há vigas). “Eu sempre lembro que quando eu trabalhava em obra que a requadração custava em obra por metro linear o que custava o metro quadrado do revestimento”, alerta Graziano. 

Equipes para trabalhar com paredes de concreto em prédios altos

Para Graziano, os arquitetos devem ter visão sistêmica e estar preocupados com a modularidade, assim como entender muito bem do sistema, suas potencialidades e restrições. Já os engenheiros de sistemas prediais devem compreender que as paredes são estruturas de maneira a minimizar as interferências que gerem custo direto e potencial de patologias. Engenheiros de fundações também necessitam de visão sistêmica e integração entre as disciplinas de geotecnia e estruturas. “Além disso, está previsto em norma que precisamos fazer uma interação solo-estrutura porque a estrutura da parede de concreto é extremamente rígida. Ela não vai apresentar uma patologia de recalque referencial. Se tiver problema, ela vai tombar – porque o prédio é muito rígido. O consultor de fundações deve estar ciente disso”, explica Graziano.

Revisão NBR 16055: o que contribuiu para a viabilidade?  

Graziano aponta que a revisão da NBR 16055 trouxe as seguintes melhorias:

  1. Viabilizou a integração do sistema convencional com o de paredes de concreto.
  2. Permitiu que paredes de até 18 cm possam ser armadas com tela simples e centrada.
  3. Aumentou a capacidade limite das paredes para utilização da expressão simplificada.
  4. Expandiu e elucidou procedimentos de verificação e de dimensionamento que viabilizam edifícios de maior número de andares. 

Próximos desafios

De acordo com Graziano, um dos próximos desafios é a integração das estruturas de concreto (NBR 6118) com as normas de Paredes de Concreto (NBR 16055), de maneira a utilizar-se o melhor das duas posturas de projeto estrutural.

Além disso, Graziano entende que é preciso viabilizar a construção de edifícios de parede com 30 andares ou mais sobre pilotis e sem vigas de transição. 

“Eu acredito que estamos só começando esse sistema e tem muito futuro pela frente, muita coisa pra aprendermos e desenvolvermos”, conclui Graziano. 

Fonte:

O engenheiro Francisco Paulo Graziano é sócio-diretor da Pasqua e Graziano Consultoria, Concepção Estrutural e Projeto. Ex-Presidente e atual Conselheiro da ABECE. Ele tem mestrado em Engenharia de Estruturas na EPUSP e é professor do Departamento de Estruturas da EPUSP desde 1979.

Contato:

Assessoria de imprensa Concrete Show: valeria@coletivodacomunicacao.com.br
Foto Francisco Paulo Graziano

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP



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