Para o mercado, conforto térmico faz a diferença
Habitações que conseguem ser eficientes em relação à zona climática em que foram construídas economizam energia e estão valorizadas após a NBR 15575.
Habitações que conseguem ser eficientes em relação à zona climática em que foram construídas economizam energia e estão valorizadas após a NBR 15575
Por: Altair Santos
Desde 2008, quando a norma de desempenho (ABNT NBR 15575 – parte 1 a parte 6) entrou em debate público, o tema eficiência térmica foi um dos que mais causou impacto no mercado. Hoje, com a norma já em vigor, isso se confirma. As construtoras brasileiras, sobretudo as voltadas para o setor habitacional, estão cada vez mais atentas à necessidade de oferecer conforto compatível com as regiões climáticas em que seus empreendimentos são construídos. Quem consegue cumprir essa exigência da NBR 15575 começa a fazer a diferença perante o consumidor. “As pessoas estão valorizando cada vez mais o conforto térmico, porque perceberam que as edificações que apresentam essas soluções gastam menos energia”, afirma a arquiteta Patrizia Chippari.
No entanto, conforto térmico não se obtém depois que a obra estiver concluída. É importante prever essa solução no projeto da edificação, até por uma questão de custo. “Quando a preocupação com o conforto térmico da edificação existe desde a fase do desenvolvimento do projeto, os custos são reduzidos. O que muda é que o projetista já passa a considerar esse aspecto no seu planejamento. Podem ser necessários alguns gastos extras em aquisição de materiais, mas a economia posterior muitas vezes compensa o investimento inicial. Perfis de portas e janelas em PVC, por exemplo, costumam ser mais caros, mas garantem melhor isolamento para o ambiente e ajudam a garantir tanto o conforto térmico quanto o acústico”, explica Patrizia Chippari.
No projeto, além da escolha de materiais, é importante também levar em consideração outros fatores que influenciam no desempenho térmico da edificação. Entre eles, a localização do terreno e a posição do imóvel no terreno, a questão dos ventos e o posicionamento de portas e janelas. Também é fundamental valorizar itens como insolação, presença de prédios ou outras edificações na vizinhança e a zona climática onde a obra será construída. Se for em regiões quentes, é importante valorizar o sol da manhã; se em regiões frias, a insolação da tarde é mais relevante. Tratam-se de fatores que, segundo a arquiteta Patrizia Chippari, influenciam na produtividade e na qualidade de vida dos que irão habitar a edificação. “A valorização do conforto térmico é um fator de produtividade”, ressalta.
Cálculos estimam que uma habitação que tenha bom desempenho térmico consegue poupar até 10% de energia por mês. No caso de a edificação estar localizada em zona climática quente, a eficiência se obtém trocando o uso de ar-condicionado por soluções como brise soleil – estruturas metálicas, de madeira ou de alvenaria que são projetadas levando em consideração a posição do imóvel em relação à insolação. O aparato garante sombra no interior das edificações a partir de determinados horários. Outras opções estruturais são os tetos verdes e as fachadas com placas especiais, instaladas à frente da parede – a sete centímetros de distância – que formam um “colchão” de ar no local e diminuem a transmissão de calor do ambiente externo para o interno.
Se a obra estiver em uma região fria, é fundamental estar atento às especificações dos caixilhos, da vedação das janelas, da qualidade dos tijolos (cerâmicos ou de concreto) e do revestimento do piso e das paredes. Por causa da norma de desempenho, o mercado de materiais já oferece uma série de produtos que, quando usados na fase de construção, garante eficiência térmica ao empreendimento. Entre eles, mantas para serem instaladas entre o piso e o contrapiso, lajes pré-fabricadas com elementos como o isopor, papéis de parede, janelas com vidro duplo e até portas com componentes isolantes. É importante, porém, levar em consideração a inércia térmica da edificação (capacidade de contrariar as variações de temperatura no seu interior, em relação ao ambiente externo) fazendo-a resistir à zona climática em que foi construída. Em regiões de clima seco e frio, o ideal é buscar uma alta inércia térmica. Já em regiões litorâneas, onde predomina o clima úmido e quente, se deve trabalhar com baixa inércia térmica.
Entrevistada
Patrizia Chippari, arquiteta, especialistas em projetos habitacionais e sócia-diretora da Espaço Livre Arquitetura
Currículo
– Patrizia Chippari é graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Mackenzie (SP)
– Em 2004, idealizou a Espaço Livre Arquitetura, que já desenvolveu mais de 45 projetos de arquitetura, corporativos e residenciais
– Em 2012, organizou um curso in company em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre gestão de projetos, justamente para garantir a eficiência dos processos internos e garantir o cumprimento de prazos
Contato: contato@espacolivre.arq.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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