Para evitar aglomerações, será o fim dos prédios superaltos?

Um dos obstáculos para projetos dessa envergadura é o quadro recessivo global do período pós-pandemia

Prédios superaltos não tendem a ser extintos, mas seguirão um novo protocolo de sustentabilidade. Crédito: Fu Xing
Prédios superaltos não tendem a ser extintos, mas seguirão um novo protocolo de sustentabilidade.
Crédito: Fu Xing

Por causa da pandemia de Coronavírus, projetos de prédios superaltos enfrentam empecilhos governamentais nas principais economias do mundo. A começar pela China, que lidera o ranking desse tipo de construção. Em 2019, os chineses entregaram 57 edificações com mais de 200 metros de altura. No entanto, o risco de aglomerações e contágios fez a China rever sua legislação para esse tipo de empreendimento. Coincidentemente, o país foi o primeiro a ser alvo da COVID-19. 

Em decisão tomada em maio de 2020, o governo chinês simplesmente proibiu construções que superem os 500 metros e restringiu severamente as que ultrapassarem 250 metros. O comunicado partiu do ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural, que também definiu uma política restritiva à atuação de grandes escritórios internacionais de arquitetura no país. A medida, alinhada com opiniões expressas do presidente Xi Jinping, busca valorizar a arquitetura chinesa e pôr fim ao período de construções suntuosas.

Já nos Estados Unidos – berço dos arranha-céus -, novos projetos de edifícios superaltos também estão passando por um pente-fino governamental. Um exemplo é o Tribune East Tower, cujas obras devem começar em 2022. O prédio, que deve alcançar 433 metros de altura, precisou se submeter a uma série de exigências da prefeitura de Chicago, nos Estados Unidos, para ser aprovado. Após 2 anos de negociações, sua construção foi liberada mediante a garantia de que o empreendimento empregará 5.500 pessoas no canteiro de obras.

Edificações de grande porte podem oferecer dificuldades para medidas sanitárias

Outro obstáculo para esse tipo de construção está no quadro recessivo que as principais economias devem enfrentar na pós-pandemia. Uma série de projetos de arranha-céus foi simplesmente adiada no Canadá, na França, no Japão, no Reino Unido e até nos países árabes, outro pólo de grandes arranha-céus. Organismos como OMC (Organização Mundial do Comércio) e FMI (Fundo Monetário Internacional) estimam que a recessão global em 2020 deve ser negativa de 3%, podendo chegar a -10% em algumas economias do G20.

Outra razão para que os projetos de prédios superaltos sofram retração está no fato de que essas edificações oferecem dificuldades para medidas sanitárias. Durante a epidemia de COVID-19 na China, uma construção habitacional localizada em Hong Kong, e com mais de 30 pavimentos, teve que ser totalmente colocada em quarentena depois que verificaram que as tubulações de água e esgoto do edifício estavam contaminadas pelo Coronavírus. No prédio foram confirmados 23 casos da COVID-19.    

No entender de um grupo de especialistas em mobilidade urbana, urbanismo e arquitetura, ouvido recentemente pelo Fórum Mundial do Ambiente Construído (do inglês, World Built Environment Forum), apesar das novas barreiras, os prédios superaltos não tendem a ser extintos, mas seguirão um novo protocolo de sustentabilidade. Para os analistas, as virtudes dessas edificações devem ser absorvidas por projetos de edifícios menores e até casas. Entre elas, as janelas hermeticamente fechadas e sistemas sofisticados de ar-condicionado e purificação do ar.

Entrevistado
Fórum Mundial do Ambiente Construído (World Built Environment Forum) (via assessoria de imprensa)
Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano Council on Tall Buildings and Urban Habitat) (via assessoria de imprensa)

Contato
ricschina@rics.org
press@ctbuh.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330



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