Pandemia impacta construção de novos prédios corporativos
Home office gera aumento de vacância. Curitiba não registra novos prédios corporativos há dois anos
A pandemia trouxe um grande impacto para a construção de prédios corporativos. Em São Paulo, por exemplo, uma área total de 663 mil metros quadrados foi devolvida por empresas, de acordo com levantamento da consultoria Newmark a pedido do Estadão/Broadcast. Ainda, foi possível observar também um aumento na área de vacância da cidade, que subiu para 25%, segundo a consultoria JLL. Este foi um crescimento de 8 pontos percentuais acima do registrado no primeiro trimestre de 2020.
Simultaneamente, os lançamentos de edifícios corporativos também diminuíram bastante. Nos anos de 2020 e 2021, foram entregues em São Paulo 16 prédios corporativos. Este é o mesmo número de edifícios empresariais lançados só no ano de 2018.
Só em 2021, os escritórios devolvidos somaram 390 mil metros quadrados, o maior nível já registrado, superando até mesmo os 273 mil metros quadrados de 2020, quando a pandemia começou.
Lançamentos de prédios corporativos no Paraná
Fora de São Paulo, este mercado corporativo costuma ser menor e ter menos oferta, portanto, há menos impacto. Entretanto, este setor de salas comerciais e prédios corporativos também sofre no Paraná, de acordo com Marcos Kahtalian, VP de Banco de Dados do Sinduscon-PR Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR).
“Na região Sul, o segmento de prédios corporativos não tem uma presença expressiva. Por aqui, já há uma restrição maior de ofertas de empreendimentos neste estilo. Há edifícios que já têm locações estabelecidas e antigas. No Paraná, não há grandes obras ou lançamentos neste setor. Em Curitiba, por exemplo, não houve nenhum lançamento corporativo nos últimos dois anos. Ao mesmo tempo, não há nenhum projeto significativo em andamento neste momento”, aponta Kahtalian.
Prédios corporativos: área da saúde em destaque
Por outro lado, a área de saúde tem crescido durante a pandemia. Consequentemente, estes profissionais e empresas têm aumentado a procura por salas e prédios comerciais.
“Este é um setor que tem buscado imóveis comerciais de forma significativa. Aqui no Paraná, como em todo Brasil, faltavam empreendimentos voltados para a área de saúde. Então, esta foi uma movimentação importante que ocorreu com sucesso. Em Curitiba, nos últimos anos, foram criados cinco empreendimentos da área médica, que estão em venda ou construção. Inclusive, há uma obra muito grande voltada para a 3ª idade, dentro do conceito médico. O mercado que mais vem tendo sucesso é este voltado para serviços de saúde e salas comerciais menores de maneira geral. Enquanto isso, o mercado típico de lajes corporativas está mais paralizado”, explica Kahtalian.
Futuro dos prédios corporativos
Na opinião de Kahtalian, deve ocorrer uma permanência do mercado corporativo nos grandes centros, mesmo que com modelos híbridos. No entanto, ele destaca que enquanto muitos estão deixando de lado as salas comerciais e desocupando-as, há outras empresas que estão crescendo, como é o caso das fintechs e startups, e estão precisando de espaços compartilhados para criar uma cultura corporativa.
Ainda, Kahtalian vê que há uma preferência por espaços menores. “Sobretudo, muitas empresas estão reduzindo seus espaços. Ao invés de ter uma sala de 3 mil metros quadrados, estão optando por uma de mil metros quadrados, e o espaço restante pode ir para outras empresas. Inclusive, muitas corporações nem devolveram e nem reduziram, mantiveram os endereços mesmo não estando ocupados porque entendem que há um momento de retorno”, expõe.
Esta também é uma tendência já confirmada pela consultoria Newmark. De acordo com um estudo realizado com 218 empresas, 35% delas reduziram suas sedes. Em 2021, os escritórios devolvidos somam 390 mil metros quadrados – 117 mil metros quadrados a mais que em 2020.
Entrevistado
Marcos Kahtalian, VP de Banco de Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR).
Contato
marcosk@swi.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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