Estádios ousaram na arquitetura e desafiaram engenharia
Arenas que vão sediar os jogos da Copa do Mundo da Rússia superaram problemas com o planejamento usando inovações tecnológicas
Os 12 estádios que vão sediar os jogos da Copa do Mundo estão prontos para o torneio da Fifa, que começa dia 14 de junho. Duas foram as marcas registradas das obras: ousadia arquitetônica e desafio à engenharia. As arenas tiveram prazo de oito anos para ficar prontas, já que a Rússia foi escolhida em 2010 para ser sede da Copa 2018. No entanto, problemas com o planejamento, combinado com falta de recursos, geraram atrasos que quase comprometeram a execução de alguns estádios.
Houve arenas sendo entregues a pouco mais de um mês do início do torneio. Um exemplo é o estádio de Samara, que dia 11 de maio foi dado como oficialmente inaugurado, ou seja, a 33 dias do mundial. O atraso e o estouro do orçamento – era para custar 225 milhões de dólares, mas saiu por 320 milhões – é compensado pela arquitetura. A arena de 42 mil lugares lembra uma nave espacial e fica no ponto mais alto da cidade de Samara, que é o pólo de desenvolvimento aeroespacial da Rússia.
Ao contrário do estádio em Samara, a Arena Kazan foi a primeira a ficar pronta para a Copa na Rússia. Sua construção começou em 2010 e a inauguração ocorreu em 2013, durante os jogos mundiais universitários. Com capacidade para 45 mil lugares, a cobertura, quando vista de cima, lembra uma nenúfar – planta aquática típica da cidade de Kazan. O conceito arquitetônico é britânico, do mesmo escritório que projetou o novo estádio de Wembley e o Emirates Stadium, ambos em Londres.
O segundo estádio a ficar pronto para a Copa na Rússia foi o de Sochi. Inaugurado em 2014, sediou os jogos olímpicos de inverno. É outra arena com projeto arquitetônico britânico, e que lembra uma montanha coberta pela neve. Ao lado do estádio existe um complexo esportivo, incluindo a pista do circuito de Sochi, que anualmente recebe uma das etapas da Fórmula 1. A estrutura montada em Sochi levou a seleção da Rússia a adotar a sede como sua concentração oficial para a Copa do Mundo.
Construção industrializada do concreto predomina nas arenas
A construção industrializada predomina nos projetos que viabilizaram os estádios da Copa do Mundo na Rússia. Boa parte usa estruturas pré-fabricadas de concreto nas arquibancadas e elementos de aço nas coberturas. Foi a solução tecnológica para que as obras vencessem o cronograma apertado e a limitação de recursos. A Arena Spartak, inaugurada em 2014, segue esses conceitos e foi o terceiro estádio a ficar pronto para a Copa. Localizado em Moscou, será um dos palcos da capital a sediar jogos do mundial.
O quarto estádio para a Copa foi concluído em fevereiro de 2017. Não foi construído, mas reformado. É o Luzhniki, palco das partidas de abertura e da final. Ao contrário do Maracanã, o antigo estádio olímpico dos Jogos de Moscou (1980) não encolheu com o retrofit, mas teve sua capacidade ampliada: de 78 mil para 81 mil assentos. É o segundo estádio com maior capacidade de público para o mundial. Soluções de engenharia usadas para o Maracanã também foram aplicadas no Luzhniki.
Não é mera coincidência. Quem olha os estádios russos vê certa semelhança com estádios brasileiros construídos para a Copa 2014. Alguns beiram cópias, como é o caso da Arena Nizhny Novgorod, que leva o mesmo nome da cidade em que foi construída. É uma réplica do estádio Mané Garrincha, em Brasília-DF. Motivo: o escritório de arquitetura GMP-Architekten, da Alemanha, concebeu os dois projetos. Outro que tem arquitetura semelhante a uma arena brasileira é o estádio construído em Rostov, e que é muito parecido com a Arena Pernambuco.
Estádio mais caro da Rússia custou quase três vezes mais que o mais caro do Brasil
O maior e mais caro estádio da Copa do Mundo está localizado em São Petersburgo. Com capacidade para 110 mil lugares, custou 4,8 bilhões de reais – quase três vezes mais que o Mané Garrincha, o mais caro da Copa no Brasil. Inaugurado em 2017, o estádio foi projetado pelo arquiteto japonês Kisho Kurokawa. Equipado com um teto retrátil e gramado deslizante, é capaz de sediar qualquer tipo de evento em qualquer época do ano – mesmo no inverno, a temperatura dentro do estádio é constante: 15 °C.
Quando faltavam 100 dias para a Copa, o comitê russo inaugurou o estádio de Kaliningrado. A arena é uma das menores do mundial, com capacidade para 35 mil lugares e segue uma arquitetura padrão. No entanto, está localizado em uma das regiões mais bonitas da Rússia, entre a Polônia e a Lituânia, banhada pelo Mar Báltico. O tamanho da arena de Kaliningrado só não é menor que a de Ekaterinburg, que a pedido da Fifa teve que receber um “puxadinho” com arquibancada tubular para atingir o tamanho mínimo exigido para estádios de Copa: 35 mil lugares.
Entre os estádios da Copa do Mundo, o localizado na cidade de Saransk será o único parcialmente desmontado após o evento. A arena Mordovia vai diminuir de 44 mil lugares para 25 mil. Foi construída em uma região em que o futebol não é tão popular, mas atendeu apelos políticos. Bem diferente da arena Volgogrado, cuja arquitetura é uma das mais impressionantes. O estádio tem formato de cone invertido e sua cobertura remete ao efeito causado pelos fogos de artifício. Cada um com suas características, os estádios estão prontos para receber a 21ª Copa do Mundo.
Veja como ficaram os estádios da Copa do Mundo da Rússia
Samara
Arena Kazan
Sochi
Spartak
Luzhniki
Nizhny Novgorod
Rostov
St. Petersburgo
Kaliningrado
Eketarinburg
Mordovia
Volgogrado
Entrevistado
Reportagem com base em relatório da Fifa sobre a conclusão dos estádio da Copa do Mundo 2018
Contato: info@loc2018.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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