Os desafios da gestão familiar

Especialista orienta como as empresas precisam saber separar assuntos ligados à família daqueles que dizem respeito à gestão dos negócios.

Empresas devem separar assuntos ligados à família e à organização

Por: Marina Pastore

As empresas regidas por uma gestão familiar possuem uma preocupação extra. Além de lidar com as questões relacionadas ao desempenho como produção e vendas, estas organizações ainda devem aprender a separar a relação familiar da empresarial.

Carlos Alberto Furiatto Esteves: É muito difícil perceber que a relação empresarial é bem diferente da relação afetiva da família

Na opinião de Carlos Alberto Furiatto Esteves, sócio-diretor da Go4! Consultoria de Negócios, o grande desafio para as empresas familiares é discernir os temas relacionados à família e aos negócios. “É muito difícil perceber que a relação empresarial é muito diferente da relação afetiva da família”, afirma.

Esteves também acredita que não há um modelo padrão de gestão familiar – tudo vai depender da estrutura da família, bem como seu tamanho e história de vida.

A sucessão

Um dos grandes impasses para as empresas familiares é a questão da sucessão. “Geralmente, a pessoa que construiu a empresa deseja que seus filhos deem continuidade ao seu trabalho. Mas antes de deixar a organização nas mãos deles é preciso avaliar se eles realmente querem fazer parte deste projeto. Existem estatísticas que mostram que as chances de fracasso na segunda geração são maiores, justamente por este motivo”, alerta Esteves.

A sucessão também exige uma preparação especial. “A partir do momento em que o herdeiro deseja tocar o negócio, já é um ponto favorável. Mas ele tem que passar por um processo de formação. Ele precisará aprender e se desenvolver. Por isso, deverá entrar em uma função mais baixa para começar a conhecer a empresa, mas sabendo que está em um contexto mais abrangente. E ele tem que ser reconhecido pelos outros funcionários como filho do dono e futuro proprietário da empresa”, comenta o sócio-diretor da Go4!.

Esteves ainda levanta uma questão que pode gerar ainda mais problemas na hora da sucessão: quando há mais de um possível sucessor. “Quando o presidente tem que escolher entre dois ou mais filhos para sentar na sua cadeira é um momento muito difícil. A decisão deve ser tomada como um empresário, mas muitas vezes aquele que não é escolhido pode encará-la como algo pessoal. Quando há agregados envolvidos, a situação pode ser ainda pior”, adverte.

“Primeiramente, este impasse deve ser resolvido e decidido dentro da família. Deve-se chegar a um consenso sobre o que é melhor para a saúde do negócio, que é a fonte de riqueza da família. É preciso analisar o perfil dos possíveis sucessores para ver quem é o mais indicado para assumir a presidência. Só depois que a questão for resolvida no âmbito familiar é que ela deve ser passada para a organização”, recomenda Esteves.

Para amenizar a dificuldade desta decisão, o sócio-diretor da Go4! sugere ainda a ajuda de  um mediador, alguém que entenda de relações familiares, como um terapeuta. “É importante ter a mediação, pois são muitos desejos, anseios e opiniões diferentes para lidar”, explica.

Conflitos de gerações

Outra situação comum nas empresas familiares é do pai conservador que barra as novas ideias do filho. Para Esteves, esta circunstância pode ser decorrente da história de vida desta família. “É o típico caso do pai que é visto como detentor de todo o conhecimento. Se a família não tem uma história de permissões, isto pode ser levado para a empresa”, ressalta.

O consultor da Go4! ainda faz uma analogia: “É como se um pai que dirige há muito tempo estivesse ao lado do filho que ainda não tem muita prática, vendo-o conduzir um carro. Dependendo do comportamento do pai, o herdeiro pode ficar mais ansioso ou mais confiante. O mesmo acontece com as empresas. É preciso deixar o sucessor experimentar e o pai precisa ter uma certa tolerância com as falhas, mas sempre estabelecendo limites para não criar grandes danos à organização”.

Entrevistado
Carlos Alberto Furiatto Esteves
– Graduado em Administração, com pós-graduação “Lato Sensu” em Produção e em Marketing. Possui também MBA em Finanças Corporativas.
– Conta com experiência de 15 anos nas áreas de produção, compras, planejamento, distribuição e gestão de negócios.
– Atualmente é Sócio-Diretor da Go4! Consultoria de Negócios.
– Já atuou em cargos de diretoria nas empresas Mattel do Brasil e ALL / Delara.
Contato: http://www.go4.com.br/

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content


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