China confirma US$ 100 bi para nova “Rota da Seda”
Conjunto de obras, envolvendo construção de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e linhas de transmissão, passará por 60 países
Conjunto de obras, envolvendo construção de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e linhas de transmissão, passará por 60 países
Por: Altair Santos
No dia 14 de maio de 2017, o presidente chinês, Xi Jinping, fez o anúncio oficial da construção da nova “Rota da Seda”. O caminho histórico, criado em 200 a.C, foi a primeira ligação entre ocidente e oriente, e agora servirá de base para o ambicioso projeto liderado pela China e batizado de “One Belt, One Road” (um cinturão, uma rota). Com investimento assegurado de US$ 100 bilhões, os chineses vão financiar obras em 60 países. É a maior injeção de recursos em infraestrutura já feita no mundo e envolverá construção de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e linhas de transmissão de energia, dados e combustíveis.
Para o economista Kevin Sneader, da consultoria McKinsey, não há nenhum gesto de generosidade da China em liderar esse megaprojeto. “Os chineses estão olhando um volume de obras que vai atingir 65% da população mundial, cerca de 1/3 do PIB do planeta (perto de US$ 21 trilhões) e 1/4 de todos os bens e serviços que movimentam o mundo”, diz o especialista. “É um mercado com potencial para alavancar os negócios chineses em até US$ 3 trilhões por ano”, completa Kevin Sneader. Para se ter ideia do potencial econômico do empreendimento, o PIB do Brasil em 2016 foi de 1,473 trilhão, ou seja, menos da metade do que o “One Belt, One Road” pode gerar.
Na prática, a nova “Rota da Seda” vem se materializando desde 2013, quando a China assinou os primeiros acordos de cooperação bilateral com Hungria, Mongólia, Rússia, Tajiquistão e Turquia. Há também projetos em curso, incluindo a ligação ferroviária entre o leste da China e o Irã, a qual poderá ser expandida para a Europa. Existem também novas ferrovias em construção na direção do Laos e da Tailândia, além da implantação de um TAV (Trem de Alta Velocidade) entre a China e a Indonésia. Outra consequência é que as relações marítimas entre China e países do Oriente Médio – principalmente no transporte de contêineres – praticamente triplicaram nos quatro anos recentes.
Seis grandes eixos
A concepção do “One Belt, One Road” parte de seis grandes eixos: Eurásia, China-Mongólia-Rússia, China-Ásia Central-Oeste da Ásia, Península Índia-China, China-Paquistão e Bangladesh-China-Índia-Mianmar. A partir destes corredores partirão ramais que se estenderão ao longo de 60 países, não apenas por rodovias e ferrovias, mas também conectando essas economias pelo mar, por rios e por transporte aéreo. Ao longo desses eixos serão construídas linhas de transmissão de energia, de transmissão de dados e oleodutos. Estima-se que US$ 40 bilhões dos US$ 100 bilhões que a China promete injetar no projeto já estejam investidos em obras.
Segundo analistas, é a maior liberação de recursos de um só país em outras nações desde o Plano Marshall – lançado após a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos financiaram a reconstrução da Europa. Para Joe Ngai, a China precisa do “One Belt, One Road” para se consolidar como potência mundial. “Apesar da população com mais de um bilhão de habitantes (1,371 bilhão), a economia chinesa já não sobrevive mais se alimentando apenas do mercado interno. A indústria da construção civil chinesa, por exemplo, cresceu muito e precisa desses países emergentes contemplados no One Belt, One Road para continuar se expandindo”, diz o também analista econômico da McKinsey. Todos os recursos disponíveis para o projeto virão do China Development Bank (Banco de Desenvolvimento da China).
Saiba mais sobre o One Belt, One Road.
Entrevistados
Economistas Kevin Sneader e Joe Ngai, da McKinsey&Company (via assessoria de mídias)
Contato
asia_media_enquiries@mckinsey.com
Crédito Foto: Governo da China
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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