Nova classe C não para de crescer e muda paradigmas do setor imobiliário
É ela quem move o mercado consumidor atualmente no Brasil e, prestes a se tornar maioria, exige qualidade. Entre seus sonhos, o da casa própria é prioridade.
É ela quem move o mercado consumidor atualmente no Brasil e, prestes a se tornar maioria, exige qualidade. Entre seus sonhos, o da casa própria é prioridade
Por: Altair Santos
Entre 2008 e 2010, cerca de 13,3 milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe C no Brasil. A informação está no estudo “Os Emergentes dos Emergentes”, que a Fundação Getúlio Vargas fez para o Construbusiness 2010 (Seminário da Indústria Brasileira da Construção). O levantamento mostrou que em 2003 a classe C representava 66 milhões de habitantes, atualmente está em 95 milhões e em 2014 deverá chegar a 113 milhões, tornando-se maioria no país. Por conta desta alteração na pirâmide social, está mudando também o padrão de consumo dos brasileiros.
Atento ao movimento, o setor imobiliário passou a atender esse nicho com produtos diferenciados e desenvolvidos exclusivamente para suprir as necessidades habitacionais da nova classe C. Marketing, recursos, investimento em pesquisa e tecnologia construtiva foram revistos diante da mudança de paradigmas imposta pelo mercado. A ponto de atualmente quase todas as grandes construtoras do país contarem com braços empresariais para atender exclusivamente o segmento popular.
Trata-se de algo bem diferente do que vivia o setor da construção civil até 2005, quando o mercado imobiliário sobrevivia da oferta de imóveis para as classes A e B. “Hoje, impulsionada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, a classe C passou a ser a grande protagonista da construção civil na área residencial”, avalia o economista Márcio Falcão, consultor do Data Popular – Instituto de Pesquisa especializado em apurar dados sobre a população emergente do Brasil.
Segundo o Data Popular, a nova classe C começou a surgir de 2001 para cá. Emergiu das classes D e E e, sufocada por restrições ao crédito e pela baixa renda, vivia com recursos limitados. A partir do momento em que a oferta de crédito se expandiu e a renda começou a aumentar, ela emergiu com demanda reprimida pelo consumo, com destaque pela casa própria. “Na lista de prioridades da classe C está a formação dos filhos e a complementação dos estudos, seguida pela aquisição da moradia”, explica Márcio Falcão.
Para o economista do Data Popular, o que surgiu desta nova classe C é um consumidor cuja palavra-chave é “custo-benefício”. “É uma classe que busca ser atendida bem e que exige produtos de qualidade acima de tudo”, diz, alertando que o fabricante que confunde o consumidor emergente com aquele que poderia ser atendido com um produto de qualidade inferior pode ter problemas. “Se uma empresa pensa que vai vender um produto de qualidade inferior para este público corre sério risco de não ser dar bem. Estudos mostram que a propaganda boca a boca é muito mais forte neste grupo, tanto para elogiar quanto para criticar”, acrescenta Márcio Falcão.
Perfil
De acordo com dados da mais recente Pesquisa de Amostra Domiciliar (Pnad), a nova classe C tem renda familiar de R$ 1 mil a R$ 4 mil por mês. Ela é majoritariamente urbana (89%) e, em sua maioria, está em três regiões brasileiras: Sul (61%), Sudeste (59%) e Centro-Oeste (56%). O percentual da população nessa camada social é maior em cidades de pequeno porte (45%), com menos de 100 mil habitantes, do que em regiões metropolitanas (32%) e em cidades de médio porte (23%).
Composta por maioria feminina (51%) e branca (52%), a nova classe C é predominantemente adulta, com mais de 25 anos (63%), e 99% de suas crianças e adolescentes (7 a 14 anos) frequentam a escola. Ainda de acordo com o Pnad, seis em cada dez pessoas da classe C estão empregadas. A maioria tem registro formal (42% com carteira assinada e 11% como funcionário público); 19% trabalham sem registro; outros 19% trabalham por conta própria; 3% são empregadores; e 6% não são remunerados. O perfil de formalização da classe C (53%) está acima da média nacional (47%). “Trata-se de uma classe que veio para ficar e que vai cada vez mais ter influência na economia do país”, finaliza Márcio Falcão, do Instituto Data Popular.
Entrevistado
Márcio Falcão, consultor do Instituto Data Popular
Currículo
Economista formado pela FAAP, com mestrado em economia pela PUC-SP.
Contato: sabrinah@datapopular.com.br (assessoria de imprensa)
Crédito: Divulgação/Data Popular
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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