Nova ABNT NBR 14859: o que muda nas lajes pré-fabricadas?

Estruturas pré-moldadas, além de vigotas, elementos de enchimento e demais complementos adicionados na obra devem ter a segurança como prioridade

Estruturas pré-moldadas, além de vigotas, elementos de enchimento e demais complementos adicionados na obra devem ter a segurança como prioridade

Por: Altair Santos

Foi publicada em 21 de janeiro de 2016 a nova ABNT NBR 14859:2016, partes 1, 2 e 3, que fixa os requisitos para o recebimento e utilização de componentes de lajes pré-fabricadas (vigotas, elementos de enchimento e demais complementos adicionados na obra) em qualquer tipo de edificação.

Lajes e vigotas precisam seguir conceitos mais rígidos de qualidade e segurança
Lajes e vigotas precisam seguir conceitos mais rígidos de qualidade e segurança

A ABNT NBR 14859:2016 extraiu, de um conjunto de normas, dispositivos que melhoram a qualidade e a segurança para a produção dos elementos pré-fabricados, dos quais ela trata. É o que explica José Bento Ferreira, que coordena a Comissão Especial de Estudos 94 da ABNT (ABNT CEE-94), encarregada da elaboração desta norma técnica.

Na entrevista a seguir, o engenheiro civil explica as mudanças que a nova norma deve causar na fabricação, no manuseio e na instalação de lajes pré-fabricadas. Confira:

Quais as principais mudanças trazidas pela ABNT NBR 14859:2016, parte 2, na fabricação de lajes pré-fabricadas?
Na verdade, trata-se de um conjunto de normas que, por terem um objetivo comum, foram englobadas sob um único número de identificação, sendo divididas em partes, conforme a sua função no conjunto. Atualmente estão em vigor as três primeiras partes, sendo que a primeira trata dos componentes pré-fabricados para lajes, a segunda dos elementos inertes de enchimento e fôrma, e a terceira trata das armaduras eletrossoldadas, utilizadas na fabricação dos elementos pré-fabricados. Estão previstas ainda outras três partes, que terão as seguintes abordagens: modelos de cálculo específicos para esses elementos estruturais, ensaio dos componentes pré-fabricados sob carga de trabalho e especificações das fôrmas para a fabricação dos componentes pré-fabricados. A forma como essas partes foram estruturadas teve como objetivo simplificar a consulta aos textos e o seu entendimento. Houve ainda uma revisão e atualização dos conceitos, e um melhor alinhamento com as normas de referência.

Em termos de segurança para a obra, o que ela agrega?
Ela estabelece conceitos mais rígidos de qualidade e desempenho, assegurando a qualidade do produto final.

José Bento Ferreira, coordenador da norma: comissão foi constituída em 2008 e segue instalada
José Bento Ferreira, coordenador da norma: comissão foi constituída em 2008 e segue instalada

A norma técnica vale para todo tipo de laje pré-fabricada ou ela se restringe a alguns tipos de lajes?
Ela se aplica a lajes compostas por vigotas, minipainéis e painéis pré-fabricados, com a utilização de elementos inertes de enchimento e fôrma. Ela não é aplicável em lajes alveolares pré-fabricadas, normatizadas através da ABNT NBR 14861, cujo texto revisado está em vigor desde 2011.

Os fabricantes de lajes pré-fabricadas já estão autorizados a adotar a nova norma técnica?
Toda norma é aplicável a partir da sua publicação, a não ser quando existe alguma determinação específica em contrário, quando é necessário um período de ajuste, o que não é o caso. Note-se que não se trata de autorização, mas sim de acesso às informações contidas nos textos da norma para se proceder à adequação dos produtos às novas especificações.

Como ocorre a comunicação para que os fabricantes espalhados no país sejam orientados a seguir a nova norma?
Normalmente essa informação é transmitida a eles pelos fabricantes e pelas entidades de classe, que os representam dentro da comissão que elaborou os textos, no caso a ABNT CEE 94 (Comissão Especial de Estudos 94 da ABNT). Os Programas Setoriais da Qualidade também têm um papel fundamental na difusão das informações.

Quanto tempo levou a elaboração da norma?
A comissão foi constituída em março de 2008, e ainda não encerrou os trabalhos.

Quantas pessoas e entidades atuaram em sua elaboração?
Direta ou indiretamente foram mais de 60 pessoas envolvidas, sendo convidadas a participar mais de 50 entidades, entre produtores, consumidores e neutros.

Quais foram os pontos da norma que exigiram mais discussões, e por quê?
Por se tratar de uma revisão de um conjunto de normas já publicadas, visando a sua atualização, foram discutidos todos os aspectos relevantes, como o atendimento às normas de referência atualizadas, definições, modularidade, componentes e modelos de cálculo.

Essa é uma norma nova, que não existia no portfólio, ou ela substitui alguma mais antiga?
A ABNT NBR 14859, partes 1, 2 e 3, editadas em 2016, substitui um conjunto mais antigo, publicado em 2002, composto pela ABNT NBR 14859, partes 1 e 2 (lajes unidirecionais e requisitos). Há ainda a ABNT NBR 14860, partes 1 e 2 (laje pré-fabricada – Pré-laje – Requisitos) e a ABNT NBR 14862 (Armaduras treliçadas eletrossoldadas – Requisitos). Posteriormente, será substituída a ABNT NBR 15522 (laje pré-fabricada – Avaliação do desempenho de vigotas e pré-lajes sob carga de trabalho).

Que salto de qualidade a norma pretende dar às lajes pré-fabricadas?
Desde 2002, com a edição das primeiras normas sobre lajes pré-fabricadas, tem sido feitos ensaios laboratoriais de todos os componentes. Isso permitiu uma observação mais refinada do comportamento estrutural. Assim, quando começaram os trabalhos da comissão em 2008, havia gama de conhecimentos para a elaboração dos textos iniciais. Somaram a isso os conceitos de qualidade e desempenho trazidos pelos programas setoriais da qualidade e a experiência dos fabricantes, consumidores e laboratórios, sejam independentes ou ligados a instituições de ensino e pesquisa. Com isso, foi possível criar, a partir dos textos originais, novos textos, onde a qualidade final do produto e a segurança para o consumidor foram os itens privilegiados.

Entrevistado
Engenheiro civil José Bento Ferreira, professor da Unesp, no campus de Guaratinguetá-SP, e coordenador da Comissão Especial de Estudos 94 da ABNT (ABNT CEE-94)
Contato: comunicacao@abnt.org.br

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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