Norma de Desempenho ensina engenheiros a ler normas
Em vigor há três anos, ABNT NBR 15575 deixa profissionais mais atentos, ainda que existam construtoras que relutem adotá-la em suas obras
Em vigor há três anos, ABNT NBR 15575 deixa profissionais mais atentos, ainda que existam construtoras que relutem adotá-la em suas obras
Por: Altair Santos
O engenheiro civil Ivanor Fantin Júnior, assessor técnico de engenharia junto ao SindusCon-PR, esteve recentemente palestrando no Congresso de Inovação Tecnológica (Cintec 2015), em Joinville-SC, sobre as implicações da Norma de Desempenho na construção civil. O especialista atuou na elaboração da ABNT NBR 15575, principalmente no período em que esteve em revisão, entre 2010 e 2013. Conhecedor do assunto, ele assegura que uma das virtudes da Norma de Desempenho é ter feito os engenheiros reaprenderem a ler normas. “Considero essa norma a mais importante em 30 anos na construção civil brasileira. Um dos motivos é que ela despertou os engenheiros a voltarem a ler normas técnicas”, afirma.
De acordo com Ivanor Fantin Júnior, os engenheiros civis que vieram dos anos 1980 e 1990 passaram muito tempo não falando em normas, até pelo baixo volume de obras empreendidas nas chamadas “décadas perdidas”. “Não se prestava mais atenção nisso (normas técnicas). Até nas escolas de engenharia os professores não tocavam mais neste tema” diz. Agora, segundo o especialista, a Norma de Desempenho tem que ser o “livro de cabeceira” dos engenheiros, calculistas, projetistas, tecnólogos e arquitetos. “Essa norma é a porta de entrada para a engenharia do futuro, focada em obras duráveis, sustentáveis e que priorizam o usuário”, completa.
Do usuário ao fabricante
Fantin lembra que a primeira publicação da Norma de Desempenho ocorreu em maio de 2010. Porém, havia grandes incongruências na primeira versão, as quais levaram a norma a entrar em processo de revisão. “Como exemplo, se ela tivesse vigorado com o texto original, pelo menos 94% dos pisos cerâmicos brilhantes vendidos no Brasil estariam proibidos de uso. Então, houve grande movimento para a revisão, que teve duração de três anos. A norma definitiva foi publicada em 19 de julho de 2013. Mas até agora, pouca gente foi atrás. Pequenas e médias construtoras nem começaram a estudá-la ainda. Quem já tinha projeto aprovado antes da data da publicação não seguiu a norma. Então, boa parte das construtoras está começando agora a pensar em Norma de Desempenho”, alerta.
A ABNT NBR 15575 define que o engenheiro civil tem que voltar a controlar a obra. Além disso, mexe com toda a cadeia produtiva da construção civil, inclusive o usuário. “Ao usuário, cabe seguir o manual de manutenção. Antes da Norma de Desempenho, um manual de manutenção tinha oito páginas. Agora, passa de cem. Um manual bem feito especifica até as cargas máximas que uma laje deve suportar. Quanto ao fabricante, não cabe mais especificar o produto como o mais bonito, o mais durável, o mais tradicional. Ele tem que vir com os resultados dos ensaios. Uma série de empresas já está se enquadrando à Norma de Desempenho. É uma questão de mercado. Segui-la é garantir a venda do imóvel. Quem ainda não acordou para ela, vai ficar para trás”, assegura Ivanor Fantin Júnior.
Entrevistado
Engenheiro civil Ivanor Fantin Júnior, assessor técnico de engenharia junto ao SindusCon-PR
Contato: engenharia@sindusconpr.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Cintec-Intercon 2015
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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