Norma define altura de prédio em alvenaria estrutural
Revisão da ABNT NBR 15961 pretende definir novos parâmetros, a fim de ajudar a dar mais confiabilidade ao sistema construtivo
Revisão da ABNT NBR 15961 pretende definir novos parâmetros, a fim de ajudar a dar mais confiabilidade ao sistema construtivo
Por: Altair Santos
Em processo de revisão, a ABNT NBR 15961- partes 1 e 2 -, que trata de alvenaria estrutural com blocos de concreto, vai criar parâmetros para a altura de prédios construídos com este sistema. O engenheiro civil e professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Guilherme Parsekian, que faz parte do comitê que revisa a norma, disse que essa é uma das prioridades da comissão, pois ainda não existe referência no Brasil sobre o tema. Segundo ele, a medida servirá para garantir mais segurança para as obras que utilizem alvenaria estrutural.
De acordo com Parsekian, que palestrou sobre o tema na mais recente edição do Concrete Show, é importante definir limites de pavimentos na revisão da norma. “Não existe nada sobre estabilidade global de edifícios altos em alvenaria estrutural. A revisão da norma trará isso”, disse. Esse parâmetro influencia também no custo da obra. É sabido que em edifícios de até cinco pavimentos o sistema gera economia de 30% em relação à alvenaria convencional. Já em edificações com mais de dez andares, a economia chega, no máximo, a 10%.
Especialistas em alvenaria estrutural não recomendam a construção de prédios com mais de 25 pavimentos. Neste caso, o sistema se torna mais caro que o convencional, mesmo com o uso de ferramentas tecnológicas que ajudam a modelar o projeto. No Brasil, a mais recente edificação em alvenaria estrutural que ultrapassou os 10 andares foi construída em Londrina-PR. O prédio atingiu 19 pavimentos. Neste sistema, o edifício mais alto do mundo é o hotel Excalibur, em Las Vegas, nos Estados Unidos, construído em 1990, e que tem 30 andares.
Unificação da norma
A mais recente atualização da ABNT NBR 15961 aconteceu em 2011. Dividida em duas partes, cada uma delas funciona como uma norma independente, o que, para Parsekian, também precisa ser revisto. O professor da UFSCar defende a unificação da norma. Atualmente, ela tem a seguinte composição: ABNT NBR 15961-1:2011 – Alvenaria estrutural – Blocos de concreto – Parte 1: Projetos. Ela especifica os requisitos mínimos exigíveis para o projeto de estruturas de alvenaria de blocos de concreto. Já a parte 2 tem a seguinte nomenclatura: ABNT NBR 15961-2:2011 – Alvenaria estrutural – Blocos de concreto – Execução e controle de obras. Ela estabelece requisitos mínimos exigíveis para a execução e o controle de obras com estruturas de alvenaria que utilizam blocos.
A mais recente revisão da ABNT NBR 15961, em 2011, coincidiu com o auge da alvenaria estrutural no Brasil. O sistema tornou-se o preferido das construtoras que aderiram ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Predominou principalmente em conjuntos com mais de 100 unidades, e com até 10 pavimentos. Erros construtivos, porém, acabaram minando a credibilidade da alvenaria estrutural, que acabou ganhando um concorrente forte: o sistema de paredes de concreto – hoje o preferido para os que ainda operam no MCMV. Com a nova revisão da ABNT NBR 15961, o que se pretende também é redimir a alvenaria estrutural.
Entrevistado
Engenheiro civil Guilherme Parsekian, professor do departamento de engenharia civil da UFSCar e membro do comitê de normas da ABNT
Contato
parsekian@ufscar.br
Crédito Foto: Divulgação/Graúna Construções Civis
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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