NASA investe em concreto para construir em Marte

Material desenvolvido na Northwestern University usa como agregados elementos presentes no planeta. Entre eles, enxofre e solo vulcânico

Material desenvolvido na Northwestern University usa como agregados elementos presentes no planeta. Entre eles, enxofre e solo vulcânico

Por: Altair Santos

Bloco de concreto marciano desenvolvido na Northwestern University: resistência de 15 MPa
Bloco de concreto marciano desenvolvido na Northwestern University: resistência de 15 MPa

Levar uma missão a Marte até 2030 é o objetivo da NASA. Para chegar ao planeta, tem sido feito maciço investimento em tecnologia. O objetivo é adaptar equipamentos e materiais ao ambiente marciano, onde inexiste água em estado líquido, a atmosfera é altamente rarefeita e o solo carregado de elementos ferrosos. Uma das pesquisas neste sentido está em desenvolvimento na Northwestern University, em Chicago. Trata-se da combinação de agregados que permitirá produzir concreto naquele planeta.

Chegou-se a um material que usa o enxofre em estado líquido para substituir a água, além de cinzas vulcânicas da região do Havaí, nos Estados Unidos, que a NASA diz terem características semelhantes às do solo marciano. São agregados que existem fartamente no planeta, de acordo com constatações feitas pelos robôs já enviados a Marte. Só o cimento é o mesmo produzido na Terra, e que terá que ser transportado pela missão Mars One, como foi batizado o programa lançado em 2011.

Os cientistas Lin Wan, Gianluca Cusatis e Roman Wendnerda, da Northwestern University, estão à frente da pesquisa. Em laboratório, eles conseguiram criar as condições de pressão atmosférica, temperatura e gravidade de Marte, o que melhorou a resistência do “concreto marciano”. No clima da Terra, o enxofre em estado líquido gera um material com muitas cavidades e baixa resistência para ser usado estruturalmente. “O que buscamos agora é reduzir o volume de enxofre líquido na mistura. Por enquanto, o concreto que obtivemos precisa de 50% de enxofre e de 50% de solo vulcânico”, afirma Lin Wan.

Mais 10 anos de pesquisa

Imagem microscópica do “concreto marciano” exposto às condições climáticas da Terra (esq.) e de Marte (dir.)
Imagem microscópica do “concreto marciano” exposto às condições climáticas da Terra (esq.) e de Marte (dir.)

Segundo Gianluca Cusatis, as amostras coletadas do solo de Marte revelam que há elementos que podem tornar o “concreto marciano” ainda mais resistente. “Projetamos um concreto com resistência de 15 MPa, suficientemente forte para suportar as chuvas de meteoritos que atingem o planeta”, prevê o pesquisador. De acordo com Cusatis, a única vulnerabilidade do material desenvolvido nos laboratórios da Northwestern University é que ele tem baixa resistência ao fogo. “Existem pesquisas paralelas para o desenvolvimento de aditivos que possam minimizar esse problema”, diz.

Os cientistas afirmam que o “concreto marciano” é reciclável e o tempo de cura é muito mais rápido. Enquanto o material convencional precisa de 28 dias para atingir a resistência máxima, o produto desenvolvido pela equipe de Cusatis alcança seu desempenho em duas horas. Por esta razão, os pesquisadores avaliam que o “concreto marciano” é ideal para ser usado em impressoras 3D. “O plano é que a missão Mars One use impressoras 3D e os recursos naturais do planeta para imprimir as áreas que vão usar como habitação, centros de pesquisa e de armazenamento”, finaliza Gianluca Cusatis.

Cena do filme Perdido em Marte: ficção não está longe de virar realidade
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O grupo da Northwestern University avalia que nos próximos dez anos pode chegar a um material muito mais confiável para ser usado na missão. “Alimento e abrigo são dois fatores essenciais para que a viagem a Marte seja bem-sucedida. Nosso empenho, agora, é garantir performance de longo prazo ao concreto marciano”, explica Lin Wan.

Entrevistado
Departamento de engenharia da Northwestern University (via departamento de comunicação)

Contatos
ueoffice@northwestern.edu
civil-info@northwestern.edu

Crédito Fotos: Northwestern University/ Fox Film

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


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