Nanotecnologia garante futuro dos prédios históricos
Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal testa produtos nanoestruturados que fazem a “assepsia” dos prédios seculares do país
Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal testa produtos nanoestruturados que fazem a “assepsia” dos prédios seculares do país
Por: Altair Santos
A nanotecnologia é a mais nova aliada dos prédios históricos. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal desenvolve pesquisa com nanopartículas que penetram nas paredes dos edifícios e promovem profunda limpeza, eliminando fungos, bactérias e outros agentes agressivos. A descontaminação biológica decompõe microrganismos que estimulam as patologias em estruturas.
Acionadas pela luz solar, as nanopartículas reagem e matam as células de organismos vivos nocivos às estruturas, e que estão infiltradas nas paredes. “Os poluentes que se acumulam nas superfícies das fachadas, como NO (monóxido de nitrogênio), NO2 (dióxido de nitrogênio), SO2 (dióxido de enxofre) e VOCs (sigla em inglês de compostos orgânicos voláteis), são extremamente agressivos para os materiais antigos. Por isso, é fundamental manter as fachadas limpas”, explica a engenheira civil Rosário Veiga, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal (LNEC).
Para fazer essa “assepsia”, o LNEC passou a trabalhar em produtos nanoestruturados fotocatalíticos de autolimpeza à base de TiO2 (dióxido de titânio), e que podem ser aplicados por jato de água, jato de ar, jato abrasivo ou laser. Esses materiais têm a capacidade potencializada pela reduzida dimensão das partículas e reagem estimulados pela luz solar – especificamente pelos raios ultravioletas.
A principal função destes produtos é promover a descontaminação biológica. “Os nanomateriais fotocatalíticos possuem propriedades bactericidas, que chamamos de biocidas. Eles destroem a membrana celular de organismos vivos que se infiltram nas paredes e causam as patologias”, diz Rosário Veiga.
Por isso, além da limpeza, as nanopartículas também dificultam a penetração da água nas paredes, graças ao dióxido de titânio combinado com hidrófugos nanoestruturados. “Eles são eficientes, pois não comprometem a respirabilidade das paredes”, cita a pesquisadora, que revela que o LNEC também trabalha na produção de um tipo de nanocal, que possa ser aplicado nas paredes externas dos prédios históricos. O objetivo é que o material dê mais coesão às argamassas antigas, além de melhorar o desempenho térmico dos edifícios.
Investimento maciço
A nanotecnologia é hoje um dos segmentos que mais recebe investimentos para pesquisas, incluindo aí as voltadas para a construção civil. Desde o início dos estudos, em 1998, até o início desta década, já foram destinados recursos na ordem de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões). Na mesma proporção, contabiliza-se a publicação de quase quatro mil artigos e mais de 350 patentes vinculadas à nanotecnologia.
Só nos Estados Unidos já existem mais de 50 empresas desenvolvendo e produzindo materiais nanoestruturados. A expectativa é de que até 2025 o mercado mundial de nanotecnologia movimente US$ 1 trilhão (R$ 4 trilhões, aproximadamente). No Brasil, as pesquisas relacionadas a esse setor da ciência ainda estão limitadas a algumas universidades. As que estão mais avançadas neste campo são a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Clique aqui e saiba mais sobre a aplicação de nanotecnologia em prédios históricos
Entrevistada
Engenheira civil Rosário Veiga, pesquisadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal (LNEC).
Contato
rveiga@lnec.pt
Créditos Fotos: Divulgação/LNE
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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