Na América do Sul, Colômbia lidera obras de infraestrutura
Baixo investimento resulta em aumento da pobreza no continente e em crescimento do PIB abaixo da média global
Dos 10 principais projetos de infraestrutura na América do Sul, quatro estão em andamento na Colômbia. O maior deles é a ferrovia de 280 quilômetros entre as cidades de Ibagué e Armenia. O desafio da obra é um túnel de 44,2 quilômetros. O país também viabiliza uma linha de metrô em Bogotá, com 24 quilômetros de extensão, além da hidrelétrica de Hidroituango, com capacidade de gerar 2.400 megawatts.
A Colômbia ainda investe em infraestrutura portuária no rio Magdalena. O porto terá acesso direto a vias fluviais, ferrovias e rodovias no centro da Colômbia, permitindo economia de 60% no custo de transporte de mercadorias. A previsão de investimento nos quatro projetos é de 17 bilhões de dólares (cerca de 68 bilhões de reais), segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
O segundo país que mais investe em infraestrutura atualmente na América do Sul é o Peru. Entre as grandes obras está o gasoduto que atravessa o país, o plano de descontaminação do Lago Titicaca e a ferrovia Huancayo-Huancavelica. São investimentos que, de acordo com o CEPAL, beiram 1 bilhão de dólares – perto de 4 bilhões de reais. Apesar de, para um país, ser um montante de recursos relativamente pequeno, o que o Peru investe nesses projetos é mais do que o Brasil disponibilizou para novos projetos de infraestrutura em 2018.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe estima que, para combater a defasagem por infraestrutura na América Latina, o continente teria que investir o equivalente a 6,2% do PIB ao longo de oito anos para conseguir viabilizar as obras necessárias. Isso significaria 320 bilhões de dólares anuais (aproximadamente 1,2 trilhão de reais).
Falta de investimento em infraestrutura reflete no aumento da pobreza
Os efeitos desta defasagem se refletem nos níveis de pobreza e de extrema pobreza na América Latina, que voltou a crescer desde 2015, após mais de uma década de redução na maioria dos países, diagnostica o CEPAL. Em 2014, 28,5% da população do continente encontrava-se em situação de pobreza (168 milhões de pessoas), porcentagem que aumentou para 29,8% em 2015 (178 milhões), para 30,7% em 2016 (186 milhões) e 31,2% em 2017 (189 milhões). Entretanto, a extrema pobreza passou de 8,2% em 2014 (48 milhões) para 10,5% em 2017 (62 milhões).
A escassez de investimento em infraestrutura também levará a América Latina a ter um crescimento modesto em 2018, projeta a CEPAL. A previsão é de que o continente crescerá, em média, 1,5%. O bloco dos países da América do Sul crescerá menos (1,2%), enquanto a América Central crescerá 3,4% e o Caribe 1,7%. Com relação aos países, República Dominicana e Panamá irão liderar o crescimento da região, com um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,4% e 5,2%, respectivamente, seguidos por Paraguai (4,4%), Bolívia (4,3%), Antigua e Barbuda (4,2%), Chile e Honduras (ambos 3,9%).
O estudo acrescenta que esse crescimento regional ocorre em um cenário global complexo, caracterizado por conflitos comerciais entre Estados Unidos e China, por riscos geopolíticos crescentes, queda nos fluxos de capitais para os mercados emergentes e depreciações das moedas locais em relação ao dólar.
Entrevistado
Reportagem com base em relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)
Contato: prensa@cepal.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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